Carla Emanoele Colla Sirena – Chegou a hora de dizer tchau…

Neste final de semana, nossa colega de mais de 16 anos de Rádio Cultura e Jornal Boa Vista se despediu da casa. Novos projetos em um novo local de trabalho. Neste momento a Direção e funcionários da Fundação CEAS – Rádio Cultura e Jornal Boa Vista agradecem o empenho, o papel de jornalista desempenhado com grande profissionalismo nesse tempo de Rádio e Jornal por você Carla Emanuele. Somos imensamente gratos, por todo carinho que tiveste com direção e colegas de trabalho neste tempo e por tantas e tantas matérias que passaram pela sua redação e microfone. De coração: muito obrigado, talvez não seja um adeus, mas um até breve.

Carla saiu, mas deixou um agradecimento emocionante nas linhas a seguir:

“Uma vida pode ser decifrada de muitas maneiras. Para mim, Carla Emanuele, ela pode ser representada em 16 anos, 4 meses e 5 dias. Minha jornada começou no dia 8 de agosto de 2008, uma data especial, em que os números coincidentes pareciam anunciar uma trajetória marcada por desafios e aprendizado.

Com 17 anos e uma mochila carregada de materiais de alfabetização, diários, lápis coloridos e cartazes, iniciei meu estágio no Magistério. Eram 27 crianças aprendendo a ler e escrever com letra cursiva, e eu carregava, além da mochila, uma vontade enorme de fazer a diferença. No entanto, minha rotina começava ainda mais cedo. Às 4h da manhã, já estava de pé, organizando-me para apresentar um programa gauchesco e nativista na Rádio Cultura e Jornal Boa Vista.

Às 5h, ia ao ar com a ajuda do saudoso Almir Hugo Molossi, o inesquecível Miro. A oportunidade surgiu de um concurso promovido pela rádio para selecionar vozes femininas. Na final, o público escolheu entre as vozes concorrentes, e eu tive o apoio incondicional de parentes, amigos e conhecidos do CTG, onde atuei por 15 anos. Era quase como um “Big Brother” do rádio: as pessoas ligavam e votavam na voz favorita. Assim, conquistei minha vaga no microfone, onde ajustava cada detalhe, errando e aprendendo, com a audiência das madrugadas como aliada, especialmente os vigilantes.

Após o programa, deslocava-me para o JB, onde dava aula até o meio-dia. No trajeto de volta para casa, o Urbano era meu companheiro, e os cobradores, já amigos, tinham a tarefa de me acordar no ponto certo. Depois do almoço, era hora de voltar ao jornal, onde buscava absorver o máximo de conhecimento com profissionais que eu tanto admirava, como Salus Loch, José Adelar Ody Ody e Egidio Lazzarotto. Arriscava perguntas e aprendia com cada resposta. À noite, planejava as aulas do dia seguinte e dormia pouco, pois a rotina recomeçava cedo.

Essa rotina intensa durou cerca de meio ano, até que chegou o momento de ingressar na faculdade de Jornalismo na FAC, em Passo Fundo. Durante a graduação, comecei a operar mesa de som para colegas e a escrever pequenos textos para o jornal impresso. Gravava e regravava áudios dezenas de vezes, com o auxílio de dois “baita” professores, Rafael Silva e Fabio Lazzarotto. Rafael, obrigada por todas as vezes que me ajudou com os ajustes e me fez ouvir o antes e o depois das gravações. Eles foram mais do que colegas; foram uma escola além da faculdade, a prática que me ensinou o que nenhum livro poderia.

Com o tempo, conquistei meu próprio programa, o Caravana de Sucessos, voltado para o universo musical. Paralelamente, no jornal, o espaço dedicado aos meus textos cresceu: de pequenas notas, passei a ter uma página inteira e, logo depois, duas. Quando a era digital chegou, lá estava eu, pronta para abraçar também essa nova fase.

No entanto, o jornalismo sempre falou mais alto. A música ficou para trás quando passei a integrar o Estúdio Boa Vista, um programa jornalístico que ia ao ar logo nas primeiras horas da manhã, com foco em economia e política. Lá, aprendi com grandes nomes. Tive o privilégio de trabalhar ao lado do famoso “passarinho”, reconhecido por suas informações em primeira mão e sua capacidade de estar em todos os lugares. O âncora Fábio Lazzarotto, mestre no jornalismo esportivo, foi outro professor e exemplo diário de excelência, sempre respondendo às minhas inúmeras perguntas com paciência e embasamento.

O time que me cercava era completo: Sirley Fátima Ioppi, sempre na retaguarda, garantindo a qualidade do site e das informações dos ouvintes; Marcio Dal Pizzol o presidente multitarefa, que fazia um pouco de tudo, até plantão nos finais de semana; e Edson Machado, que chegou para fortalecer ainda mais a equipe. Juntos, formamos uma equipe afinada, e cada dia era uma nova lição.

Afinal, foram eles que acompanharam de perto minha caminhada de estudos, a pós-graduação, minha família aumentando, a gestação no ápice da pandemia e cada nova escolha.

Hoje, chegou o momento de dizer tchau. Não há despedida fácil, mas levo comigo apenas agradecimentos por tudo o que vivi e aprendi. Cada pessoa que cruzou meu caminho foi um professor, um amigo e parte essencial dessa jornada.

Agora, preparo-me para um novo desafio. A partir de janeiro, seguirei por outro caminho, carregando na bagagem as lições e as memórias de uma trajetória construída com muito amor pelo que faço.

Agradeço de coração a todos que fizeram parte dessa história. Vocês foram mais do que colegas; foram família. Muito obrigada.”

Por: Carla Emanoele

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