A equipe médica que operou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (10), em uma entrevista à imprensa, que ele está bem, conversa e se alimenta normalmente e não ficará com nenhuma sequela. Segundo os médicos, as funções neurológicas dele estão preservadas.
Ele fez um procedimento cirúrgico de emergência para drenar um hematoma na cabeça – ainda em decorrência da queda que sofreu em casa em outubro.
De acordo com ele, a previsão é a de que o presidente retorne a Brasília no começo da próxima semana. Por ordem médica, Lula está proibido de receber visitas de trabalho no hospital até ficar completamente recuperado. Até lá, “nada de trabalho”, afirmou Kalil.
A primeira-dama, Janja, acompanhou Lula na viagem de Brasília a São Paulo e
O presidente foi internado às pressas no fim da noite desta segunda-feira (9) no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo após passar o dia com dor de cabeça. Ele achava, na verdade, que estivesse ficando com gripe.
Ainda em Brasília, ele havia passado por um exame de imagem, que mostrou uma nova hemorragia intracraniana, de cerca de três centímetros. O hematoma estava em cima do lóbulo frontal, do lado esquerdo.
“A tomografia já constatou um novo sangramento na região do cérebro e um sangramento até mais importante. Foi submetido a uma ressonância magnética que comprovou o sangramento e, discutido com a equipe médica do Dr. Rogério Tuma, se optou pelo procedimento cirúrgico”, explicou Kalil.
Lula foi, então, transferido para a unidade do Sírio em São Paulo. Durante todo o percurso, a médica infectologista Ana Helena Germoglio, que o acompanhou, afirmou que ele “esteve lúcido, orientado, conversando, da mesma forma como se encontra agora”.
Kalil reiterou que ele não teve alteração alguma: “Nem alteração de movimento. Absolutamente nada. Tanto é que ele está estável, conversando normalmente, se alimentando”.
Como foi a cirurgia
A cirurgia levou cerca de duas horas, segundo o neurocirurgião Marcos Stavale. O sangramento estava entre o cérebro e a meningite, embaixo da membrana chamada dura-máter – sem prejuízo algum ao cérebro. “Ele foi removido e o cérebro está descomprimido e com as funções neurológicas preservadas”, disse.
Lula deve ficar mais 48 horas na UTI em observação. Esse prazo, segundo Kalil, é protocolo nesses tipos de caso. O presidente ficará ainda com um dreno entre 1 e 3 dias.
O médico neurologista Rogério Tuma, que também integra a equipe do presidente, afirmou que essa complicação é comum em pessoas que sofreram uma queda, principalmente em pacientes de mais idade.
Segundo ele, na queda, houve uma contusão cerebral e Lula fez uma coleção [acúmulo de líquido] dos dois lados. Depois, essa coleção foi absorvida, mas, “na fase de absorção, às vezes, fica mais liquefeito o sangramento. Ele acaba absorvendo mais água e estira o vasinho e pode ter um sangramento tardio”.
Por essa razão que, à época, Lula pôde retomar suas atividades normalmente, mas ficou em observação e com a programação de realizar exames de rotina, segundo Kalil.
Tuma ressaltou que, às vezes, o que acontece é que a pessoa sofre a queda, mas não se lembra e o hematoma pode aparecer meses depois. Como o presidente fez exames de rotina, foi possível “ver a evolução toda do hematoma sendo diminuído e, depois, quando ele começou a ter a queixa de dor de cabeça ontem, ele acabou repetindo a tomografia e a gente pôde comparar com o exame anterior e percebeu que o hematoma aumentou”.
O médico explicou que, “as pessoas caem, batem a cabeça, esquecem desse evento e depois de alguns umas semanas ou até meses mudam o comportamento, ficam fracas de um lado e o que está acontecendo é que o sangramento está comprimindo o cérebro”.
Por: Globo