“Atenção para mudança de comportamento”, diz palestrante em evento sobre abuso e exploração sexual de crianças
“Importante estar atento aos sinais, sintomas que crianças e adolescentes manifestam e que parecem ser doenças, mas na verdade são consequências do sofrimento que elas estão passando no dia a dia”, disse médica
Como combater o abuso e a exploração sexual de meninos e meninas? Esse foi o tema do evento realizado, na tarde de ontem (18), na Câmara de Vereadores de Erechim, em alusão ao dia 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil no Brasil. O evento lotou o plenário e reuniu profissionais da educação de diferentes áreas, representantes de entidades, das áreas da saúde, Assistência Social, conselheiros, secretários da administração municipal e comunidade em geral. Na ocasião, houve apresentação do Grupo Vocal e Instrumental do CECRIS, as manifestações dos representantes públicos e duas palestras.
A programação foi organizada pela Prefeitura de Erechim, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, do Centro de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS), Conselho Tutelar e Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes.
Mapear pontos de vulnerabilidade
O policial rodoviário federal, Reginaldo Tonon, falou sobre o Programa de Mãos Dadas e o Projeto Mapear, que trabalham juntos para prevenir e combater o abuso e a exploração sexual infantil. “No projeto Mapear, a cada dois anos, os policiais que estão na rodovia de posse do aplicativo vão pontuar todos os pontos passíveis de vulnerabilidade para exploração sexual de crianças e adolescentes”, explica.
Ele afirma que constatando alguma irregularidade se faz os devidos encaminhamentos. “Aqui na nossa região mapeamos todo o trecho que abrange o posto da polícia rodoviária federal, Erechim, Barão de Cotegipe, Três Arroios, Severiano de Almeida, Marcelino Ramos. Todos os trechos que fazem parte do nosso posto serão analisados e vão para um banco de dados”, disse.
O policial rodoviário federal explica que cada ponto vai ter um nível, alto risco, médio, baixo risco ou ponto crítico. “Conforme esses níveis a gente intensifica as ações naquele ponto, região”, afirma.
Palavra-chave é mudança de comportamento
A segunda palestrante, doutora Elisabeth Wartchow, médica de Família e Comunidade da Gerência de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição de Porto Alegre, o dia 18 de maio é extremamente importante para poder dar “visibilidade a um tema muito invisível, que é a violência contra crianças e adolescentes. Hoje e cada dia mais na nossa sociedade e nos últimos tempos, se está banalizando o tema da violência”, observa.
Como profissional de saúde, ela apresentou os sinais, sintomas que crianças e adolescentes podem apresentar e que parecem ser doenças, “mas na verdade são consequências do sofrimento que elas passam no dia a dia”.
“Na maioria dos casos dessas crianças e adolescentes os abusos, maus-tratos e estupros, acontecem dentro do próprio lar. A maioria é dentro de casa, 80% das situações de violência sexual ou maus-tratos ocorrem por alguém que tenha relação muito próxima com a criança, uma relação de confiança”, ressalta.
Ela enfatiza que os profissionais de saúde e das escolas precisam estar atentos às mudanças de comportamento. “Normalmente, quando a criança sofre alguma violência ou acontece alguma coisa diferente dentro de casa, ela começa expressar no desempenho escolar ou comportamento. Muitas vezes as crianças que não faziam mais xixi na cama voltam a fazer, ou cocô”, comenta.
Segundo a palestrante, uma das questões que tem sido mais grave, principalmente com a pandemia, é o adolescente ter sintomas de depressão, risco de suicídio e questões de automutilação.
“Situações muito frequentes e graves e que as vezes são invisibilizadas pra própria a família. Toda a vez que houver mudança de comportamento de crianças ou adolescente é preciso estar atento”, afirma.
Por Assessoria de Comunicação