Sindivest protesta: uniformes escolares do RS agora vêm de fora do estado, enquanto indústrias gaúchas ficam sem produção
Sindicato propõe "vale-uniforme" para manter produção no RS
O presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário do Alto Uruguai (Sindivest), Guilherme Basso, participou do programa Estúdio Boa Vista, da Rádio Cultura, nesta quinta-feira (14), para denunciar o cancelamento de uma audiência com o governo do estado que trataria da fabricação de uniformes escolares no Rio Grande do Sul. Basso expressou indignação com a ausência de representantes do Executivo estadual no encontro marcado para o dia 12 de agosto, além de criticar a contratação de empresas de fora do estado para a confecção do material.
Histórico e rompimento com indústrias gaúchas
Segundo Basso, há mais de 20 anos, indústrias locais eram responsáveis pela produção dos uniformes das escolas estaduais. Só em Erechim, são 22 mil alunos impactados pela mudança. No entanto, em 2024, o governo anunciou, sem aviso prévio, uma nova licitação para a compra dos uniformes, surpreendendo o setor.
“A moda funciona com seis meses de antecedência. No inverno, já produzimos para o verão. Mas essa decisão veio de forma abrupta, e agora vemos uniformes sendo fabricados fora do estado, inclusive no Paraguai”, afirmou Basso.
Audiência cancelada e modelo de credenciamento
O Sindivest propõe um modelo de credenciamento de empresas gaúchas, semelhante ao utilizado em outras regiões do país e até mesmo em Erechim, como no caso da Feira do Livro, em que alunos receberam vales para adquirir obras em livrarias locais.
“Queremos que as famílias recebam um vale-uniforme e possam buscar o produto em empresas do RS, gerando emprego e renda aqui”, explicou.
A audiência com a Secretaria da Educação estava marcada para o dia 12, mas foi cancelada à noite, na véspera, sem justificativa formal. “É uma falta de respeito. Enquanto isso, R$ 260 milhões em uniformes estão sendo produzidos fora do estado, em um momento em que o RS vive as consequências das enchentes”, criticou.
Próximos passos
Basso informou que o Sindivest seguirá pressionando por uma agenda com o governo estadual e articulará uma reunião com o município, envolvendo o setor produtivo, vereadores e o procurador jurídico, para estruturar o modelo do vale-uniforme.
“Se aprovado, só em Erechim, seriam cerca de R$ 4 milhões por ano injetados na economia local”, destacou.
O sindicalista reforçou que o setor está organizado e disposto a retomar a produção, mas depende de uma resposta do governo. “Não queremos favor, queremos competir em igualdade e manter esse dinheiro no Rio Grande do Sul”, concluiu.
Por: Edson Machado da Silva