A bênção da pedra fundamental do Seminário Nossa Senhora de Fátima deu-se em 1º de março de 1953. Na época, o território onde hoje está a diocese de Erexim pertencia à Diocese de Passo Fundo, recém criada, em 10 de março de 1951. Dom Claudio Koling, ao ser nomeado o primeiro bispo da novel diocese, preocupou-se em prever o Seminário para a formação dos futuros padres, e uma das primeiras iniciativas foi encaminhar a construção de um pré-seminário em Tapera, e escolheu a cidade de Erechim para ser o local do Seminário Menor. No livro de crônicas do Seminário, lê-se os motivos desta feliz escolha feita por Dom Claudio: “Sem eleição de escolhas, a cidade de Erechim, desde o princípio foi eleita para a construção, sede, do Seminário Menor Diocesano por diversos títulos e razões de utilidades e conveniências, como sejam: mais rica zona de vocações, clima saudável e centro colonial muito importante.”(Livro de Crônicas 1, pg 8)
Graças à dedicada e poderosa intervenção do Pe. Benjamin Busatto, então pároco da Matriz São José, a diocese recebeu do Estado a generosa oferta do terreno, e o bispo depositou confiadamente nas mãos de Nossa Senhora de Fátima o cuidado de angariar todos os recursos para a dispendiosa construção. No local da futura construção, foi erguido um monumento para que o povo, venerando-a no local, chegasse ao conhecimento da nova e tão importante obra e tomasse interesse pela sua realização, iniciando, assim, as peregrinações ao local onde hoje recebe anualmente a Romaria de Nossa Senhora de Fátima. Tudo começou, portanto, com a construção do monumento, o que reforça a identidade deste lugar: Lugar de devoção a Nossa Senhora de Fátima. O bispo também consagrou o Seminário aos cuidados de Nossa Senhora de Fátima, desejando que todos os seminaristas tivessem profunda devoção mariana. Mandou construir um ‘pavilhão’ provisório que servisse para acolher os primeiros seminaristas durante o período da dispendiosa construção.
Em sua primeira visita ‘ad limina’ a Roma, no começo de 1952, Dom Claudio trouxe de Fátima, em Portugal, duas imagens de Nossa Senhora, tendo lá estado pessoalmente e tocado as imagens na imagem milagrosa do Santuário. Uma imagem seria para a capela interna do Seminário e a outra para peregrinar nas visitas pastorais da diocese. A imagem peregrina levou-a a Roma para receber a bênção do papa Pio XII, juntamente com um fragmento de pedra do Santuário de Portugal. Este fragmento de pedra bruta foi encrustado na pedra fundamental do Seminário, juntamente com alguns documentos e notícias da época, e na parte externa lê-se a inscrição: “Lapis iste e Fatima allatus a Pio Papa XII benedictus protectionis pignus.” – Esta pedra foi trazida de Fátima e benta pelo Papa Pio XII como sinal de proteção.
O dia 1º de março de 1953 foi marcado por solenes e históricos momentos de celebração, e contou com a presença, além do bispo diocesano Dom Cláudio, também do bispo da Diocese de Santa Maria, Dom Antonio Reis, e do bispo da então Prelazia de Vacaria, Dom Cândido Maria Bampi. A programação deste dia foi intensa: Procissão com a imagem peregrina, levada pelas Filhas de Maria, da igreja matriz até o local da construção; Banda Municipal de música; Missa junto ao altar monumento, presidida por Dom Claudio, concelebrada por quase todos os padres da diocese e cantada pelo coro misto Santa Cecília da Igreja matriz, com participação dos seminaristas e incontável número de fiéis; Os moços da Ação Católica mantinham a ordem do povo; Bênção da pedra fundamental e do provisório Seminário; Crismas e bênção solene aos doentes com o Santíssimo no altar monumento. O livro de crônicas registra: “O sol era abrasador, mas edificante era o espírito de sacrifício e recolhimento do povo, que em massa compacta cercava o altar monumento.” (Livro de crônicas 1, pg 5)
No dia seguinte, 2 de março de 1953, começava a vida ordinária do Seminário na construção provisória, com aula inaugural para o primeiro ano ginasial, tendo 42 seminaristas. Pe. Carino Corso, o primeiro reitor, relata, nesse dia: “Estava iniciada a nova vida neste abençoado e belo recanto de Erechim. O vozerio alegre e despreocupado dos meninos, que repercutia pela amplidão, acordou para sempre o silêncio adormecido deste ermo, outrora interrompido apenas pelo nostálgico canto de alguma solitária rola ou pelo trinado mavioso de algum saudoso sabiá.” (Livro de crônicas 1, pg13)
Esta pedra (lápis iste), vinda de Fátima e abençoada pelo papa, marcou os fundamentos desta grandiosa obra que completa 70 anos de história.
Por Rádio Virtual
