O endividamento das famílias brasileiras cresceu em março. No último mês, 78,1% das famílias afirmaram ter dívidas a vencer, o que representa um aumento de 0,2 ponto percentual em relação a fevereiro.
Em comparação com março de 2023, porém, o índice recuou o mesmo percentual. Os dados foram divulgados na Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada mensalmente pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e divulgados nesta quinta-feira (04).
No Rio Grande do Sul, o percentual de endividamento das famílias chegou a 88,3%, enquanto a quantidade de famílias com contas em atraso chegou a 36,1%. Já as famílias que admitem não ter condições de pagar suas dívidas chegou a 1,9% em março.
“O momento mais favorável dos juros, com menor custo, tem contribuído para uma maior demanda das famílias por crédito, sobretudo, parcelado”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
De acordo com o Banco Central, o saldo das operações de crédito para pessoas físicas subiu 1,1% em janeiro de 2024. O percentual de consumidores considerados “muito endividados” registrou aumento de 0,1 ponto percentual, interrompendo a queda contínua dos últimos quatro meses. Por outro lado, cresceu, em 0,2 ponto percentual, o número de famílias consideradas “pouco endividadas”.
A quantidade de famílias com dívidas atrasadas também aumentou, em 0,5 ponto percentual, após cinco meses em queda, alcançando 28,6% das famílias. Entretanto, o indicador manteve-se abaixo do registrado em março de 2023 (29,4%).
“A alta da inadimplência também é vista pelo crescimento do percentual de famílias que afirmam que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas em março, que é o grupo mais complexo dos inadimplentes. Nesse caso, o percentual já supera o do mesmo mês do ano passado”, destaca a economista da CNC Izis Ferreira.
As famílias consideradas de baixa renda (até 3 salários mínimos) impulsionaram o endividamento no mês (79,7%), com alta mensal de 0,5 ponto percentual e anual de 0,8 ponto percentual. Já os outros grupos apresentaram redução ou estabilidade no percentual. Além disso, a faixa de famílias com menor renda foi responsável pelo aumento das dívidas em atraso, na comparação mensal, um acréscimo de 0,6 ponto percentual.
Já o aumento das famílias que não terão condições de pagar as dívidas em atraso ocorreu apenas nas faixas de renda intermediárias (de 3 a 5 e de 5 a 10 salários mínimos). A faixa de baixa renda apresentou a maior necessidade de recorrer ao crédito, assim como a maior dificuldade de amortizar essas dívidas. Porém, revelou melhora do indicador de expectativa para pagar essas contas atrasadas, reflexo dos programas sociais e de auxílio ao crédito.