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Legislativo de Erechim presta homenagem a Ireno Wojciekowski e Ignácio Petkovicz

Através da proposição do vereador André Jucoski (PDT), subscrita pelo vereador Jurandir Pezzenatto (MDB) a Câmara Municipal de Erechim prestou homenagem aos músicos Ireno Wojciekowski e Ignácio Petkovicz. No evento realizado na noite desta terça-feira, 26, foram entregues Votos de Congratulações as duas personalidades erechinenses pela significativa contribuição cultural para o município. A cerimônia, realizada na Casa Legislativa, foi acompanhada por diversos artistas como Gildinho dos ‘Monarcas’, familiares e pelos parlamentares Ana Oliveira (MDB), Anacleto Zanella (PT) e Sandra Picoli (PCdoB).

Em seu pronunciamento na tribuna, Jucoski destacou o exemplo de empreendedorismo e superação dos artistas. “Ninguém passa por nossa vida por acaso. Muitas vezes, não percebemos a mensagem que cada pessoa tem para nos passar, da mesma forma que não imaginamos como podemos ser importantes para aqueles que vieram até nós. Devemos ter a sensibilidade e atenção necessária para entender que não estamos em lugar algum por acaso. Seu Ignácio por ter perdido a visão em sua infância, poderia ter vivido de forma inconformada e triste, mas teve força e garra necessária para se mostrar como um exemplo de ser humano, transpondo as barreiras diárias e ser um distinto professor de grandes nomes da música espalhados por este Brasil afora. O Seu Ireno que sempre fomentou a produção cultural das mais diversas e oportunizou a muitos artistas condições de sucesso e crescimento”.

Jurandir Pezzenatto também manifestou em discurso emocionado a importância do reconhecimento. “Essa homenagem não é apenas minha, mas um desejo de cada erechinense que teve a oportunidade de conviver com esses dois artistas. Dois parceiros que sempre quiseram e querem o bem de todos e que trabalharam na divulgação da arte e da cultura “, ponderou o parlamentar.

O evento contou ainda com o lançamento de um CD de homenagem ao músico Ignácio Petkovicz produzido pelo comunicador e radialista nas emissoras rádio Ampere e Interativa FM do Paraná, Hélio Alves.

Sobre os homenageados

Ireno Wojciekowski, é filho do imigrante polonês Ladislaw Wojciekowski e Natália Kluch Wojciekowski, nascido no interior do município de Erechim, em 20 de outubro de 1950, Ireno Wojciekowski foi o caçula dos cinco irmãos. Músico de um gênero bastante comum desta região, o de baile, que além de atuar como músico, também foi pioneiro e de atuação decisiva no desenvolvimento da história da música regional.

Aos 18 anos de idade, adquiriu um acordeão, quando teve seus primeiros passos na música, inicialmente de maneira autodidata, tirando melodias ouvidas no rádio, e em seguida por meio de aulas com dois ícones da música do Rio Grande do Sul: Gildinho e Chiquito. Não tardou para iniciar sua carreira tocando de forma semi profissional em festas no interior, em seguida mudando-se para a zona urbana da cidade de Erechim.

No início da década de 1970, inicia seus estudos na Escola Municipal de Belas Artes Osvaldo Engel e, no mesmo ano, formou seu primeiro grupo musical, no qual era tecladista e acordeonista, chamado Os Atuais (vale salientar aqui que este grupo não tem nenhuma relação com o grupo de mesmo nome que continua em atividade em atividade), em seguida mudando o nome para Os Mensageiros do Amor, que permanece até 1974.

Nesse tempo, tocam em diversos bailes e festas em toda região, com um repertório eclético para esse tipo de evento, indo das músicas folclóricas, passando pela música sertaneja e gaúcha, e incluindo o rock e a Jovem Guarda. Com algumas mudanças de formação, muda também o nome do grupo, em 1975, para Os Maratonas, que permanece até final de 1977, quando funda o grupo musical Los Calientes, no qual permanece na direção até agosto de 1998. O grupo encerraria suas atividades dois anos e meio depois, em 2000. O grupo Los Calientes grava seu primeiro disco em Porto Alegre, pela gravadora ACIT, em 1985, com um repertório que incluía músicas em diversas línguas, incluindo português, italiano, alemão e polonês, o que faz com que tenha algumas de suas músicas incluídas em coletâneas desta gravadora, como Italiani Tutti Buona gente (1988) e October Fest (1989). Os três discos seguintes saem pela gravadora Itaipu, de São Paulo, respectivamente nos anos de 1987,1989 e 1990. Nesse período, fazem uma grande quantidade de bailes e shows por todo o Sul do país (estados de Rio Grande do Sul e Paraguai). No início da década de 1990, parte para outro projeto com o grupo Los Calientes.

Um Festival Regional da Canção Sertaneja, chamado “Festirecaser”, sendo que os vencedores de cada ano gravaram uma faixa acompanhados pelo grupo, em um disco (o então LP). Esses festivais ocorreram em quatro edições, nos anos de 1991, 1992, 1993 e 1994, com os respectivos discos lançados no mercado fonográfico no ano seguinte ao da realização de cada etapa, sendo os três primeiros pela Itaipu, e este último pela gravadora LC Produções e Gravações, sendo este o primeiro selo e estúdio profissional da região, fundado por Ireno Wojciekowski em 1994, com sua primeira gravação em janeiro de 1995.

Com a grande demanda de trabalho em seu estúdio, Ireno Wojciekowski abandona o grupo Los Calientes em agosto de 1998, para poder dedicar-se integralmente a LC Produções e Gravações, na qual continua em atividade, tendo gravado cerca de 500 títulos dos mais variados estilos. Ficamos honrados em fazer essa singela homenagem a uma pessoa tão ilustre e importante para a música e a cultura da nossa cidade.

Ignácio Petkovicz nasceu em 25 de janeiro de 1931 (em seus documentos consta 1930), na localidade de Chato Gaúcho, entre dez filhos de José Petkovicz. Desde o início teve contato com a música feita em família, e aos cinco anos de idade ganhou seu primeiro instrumento musical, uma harmônica (gaita de boca), feita de metal, que seria o seu início no mundo da música, mas ao mesmo tempo, o fim de sua visão.

Brincando com seus primos e irmãos, ao jogarem o instrumento em uma brincadeira, um pedaço de metal solta-se atingindo os olhos de Ignácio e, devido à falta de recursos na década de 1930, aqui no interior do estado, o acidente acabou o cegando para sempre. Em 1941, ganhou seu primeiro acordeom de oito baixos, o qual começou a aprender de forma autodidata e, no mesmo ano, foi estudar no recém-inaugurado (27 de setembro 1941) Instituto Santa Luzia, em Porto Alegre. Neste local, Ignácio teve toda a sua formação, incluindo o Braille, e música, nas áreas de teoria musical, história da música, violino, saxofone, acordeom e piano.

Teve aulas de música com a Irmã Inês, uma aluna do renomado compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, além de Ignácio ter como colega desta classe o ilustre pianista/tecladista Manfredo Fest, que viria a construir sua carreira tocando jazz nos Estados Unidos.

Ignácio Petkovicz ganhou a vida tocando bailes e vendendo acordeon para as empresas Todeschini e Supremo, além de criar suínos para complementar sua renda. Trabalhou também na Rádio Erechim, juntamente com Jovino Martins e Milton José Dininelli, em que tocava ao vivo. Também teve a oportunidade de ter programas de rádio, onde tocava ao vivo nas Rádios Pato Branco e Celinaura.

Em 1963 casou-se com Amália Edviges Andres Petkovicz, com quem teve quatro filhos homens, e adotou mais uma menina, todos nascidos no estado do Paraná. Residiu também nas cidades de Pato Branco (onde foi proprietário de um salão de bailes), Vista Alegre, Itapejara do Oeste onde tocou teclados e acordeom com sua primeira banda, Os Tropicais nos anos de 1974-75) e Francisco Beltrão. Morou um breve período no final dos anos 1970 em Porto Alegre, mas retorna a Erechim, onde, em agosto de 1980, é convidado por Ireno Wosjciekowski para tocar no Grupo Musical Los Calientes, permanecendo com este grupo até o carnaval de 1995 (com exceção de breve período em 1993, em que ajuda a fundar o Grupo Recado) tocando teclados, acordeom e saxofone.

Com o Grupo Musical Los Calientes, toca diversos shows e bailes por todo o sul do país, e grava quatro discos (ainda em vinil) com a banda, além de outros quatro do Festival Regional da Canção Sertaneja (FESTIRECASER), em que, além de tocar os referidos instrumentos Ignácio atuou como arranjador. Gravou mais dois discos como músico convidado do grupo Los Calientes após a sua saída, além de um disco de seu ex-colega de banda Armando Matté.

Ignácio somente gravou seu trabalho próprio em 1998 (instrumental), e o segundo em 2002 (com a participação de diversos convidados), ambos lançados pela LC Produções e Gravações. Além disso, Ignácio Petkovicz é um compositor bastante profícuo, porém tem apenas cerca de 20 composições suas gravadas. Paralelamente aos bailes e gravações, Ignácio deu aulas particulares desde 1986, e durante esse período encaminhou para a profissão diversos músicos que estão em atividade atualmente. Ignácio Petkovicz, com seus mais de 80 anos, continua em atividade, ministrando aulas particulares (com cerca de 20 alunos), tocando em algumas festas e cerimônias, além de estar estudando informática aplicada à música.

Por Assessoria de Comunicação 

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