Governo do RS prevê para agosto uso de aplicativo capaz de rastrear casos de coronavírus

Tecnologia virá acompanhada da promessa de realização de 4 mil testes diários da doença e, se der certo, pode ajudar a conter a pandemia no Estado

Na tentativa de frear o avanço do coronavírus, o governo do Rio Grande do Sul se prepara, a partir da segunda quinzena de julho, para quadruplicar o número de testes diários (de mil para 4 mil) e, com isso, reforçar o rastreamento de infectados. Em agosto, está prevista uma nova etapa, que incluirá a adoção de um aplicativo gratuito, chamado Dados do Bem.

A ofensiva é fruto de uma parceria entre o Estado e o movimento Todos pela Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Ministério da Saúde. Os testes, segundo revelou o governador Eduardo Leite em transmissão ao vivo pela internet na última quinta-feira (2), serão feitos por fases e começarão por grupos específicos, como residentes e funcionários de asilos e profissionais de instituições de saúde (veja o cronograma abaixo).

— Entendemos que identificar casos de covid-19, promover o isolamento deles e ir atrás dos contactantes é um processo vital para o controle da pandemia. Esse aplicativo vai ajudar muito nisso — diz o sanitarista Pedro Barbosa, membro do comitê de especialistas do Todos pela Saúde e diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fiocruz.

Desenvolvido sem fins lucrativos pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e pela Zoox Smart Data, o app começou a ser testado no Rio de Janeiro em abril, onde já soma 428 mil downloads. Desse total, 308,9 mil usuários (72%) responderam ao questionário de autoavaliação sugerido pelo sistema, uma espécie de inquérito epidemiológico.

A partir das respostas, o programa avalia os riscos e, dependendo do caso, pode convidar a pessoa a fazer um exame, de forma gratuita, com data e horário pré-agendados (via QR Code). No Rio, os testes são disponibilizados para profissionais da área da saúde. Cerca de 49 mil foram examinados e 14% deles tiveram diagnóstico positivo.

Quando isso acontece, o infectado é avaliado e, se não precisar de internação, orientado a ficar isolado. O app pede, então, os números telefônicos de cinco pessoas com quem enfermo teve maior proximidade nos últimos dias. Elas recebem mensagens no celular e também são chamadas a fazer o teste, mesmo assintomáticas. O nome da pessoa que indicou é mantido em sigilo.

O que é jornalismo de soluções, presente nesta reportagem?

É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.

No caso do Rio Grande do Sul, o aplicativo ainda será customizado, para se adaptar às necessidades regionais. Segundo o relações públicas para governos da iniciativa Dados do Bem, Nelson Soares, os ajustes serão feitos a partir de conversas com técnicos da Secretaria Estadual da Saúde nos próximos dias.

— O aplicativo é uma iniciativa 100% filantrópica e surgiu da vontade de um grupo ligado à rede D’Or de oferecer algo para a gestão pública. Ele tem a função primária de selecionar os testados. A segunda etapa é o gerenciamento da testagem, feito de forma ordenada, para evitar aglomerações. E a terceira etapa é a produção de dados para orientar as políticas públicas, sempre preservando a privacidade das pessoas — afirma Soares.

A proposta, na avaliação do infectologista Luciano Goldani, professor titular de Doenças Infecciosas da UFRGS, é positiva e merece elogios, embora pudesse ter sido iniciada antes.

— O uso da tecnologia, com a testagem dos contatos e o isolamento deles, é um recurso eficaz para o combate do coronavírus. Coreia do Sul e Singapura são exemplos de sucesso com essas medidas. O Estado assume um papel mais proativo no controle da doença — resume Goldani.

Cronograma

Primeira etapa: segunda quinzena de julho

  • 1º grupo de testagem: todos os trabalhadores e residentes de asilos, sintomáticos ou assintomáticos, a partir da confirmação do primeiro caso
  • 2º grupo: todos os trabalhadores de estabelecimentos de saúde, sintomáticos ou assintomáticos, a partir da confirmação de algum caso, incluindo contactantes
  • 3º grupo: todas as pessoas que apresentarem sintomas de síndrome gripal residentes na Região Metropolitana, no Norte e na Serra

Segunda etapa: início de agosto

  • 4º grupo: todas as pessoas que apresentarem sintomas de síndrome gripal habitantes das outras regiões do Estado e contactantes próximos dos casos confirmados de covid-19, rastreados por meio do aplicativo Dados do Bem.

Fonte: GaúchaZH 

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