Getúlio Vargas recebe Fórum de Educação e lança revista Saberes e Fazeres
Inovação e inclusão como metas educativas
O auditório da UNIDEAU, em Getúlio Vargas, abriu as portas para um encontro que entrelaça formação continuada, arte e diálogo sobre o futuro da educação. Na manhã de quarta‑feira, 23 de julho, começou o XXIX Fórum Municipal de Educação, XXVI Fórum Regional e XXV Fórum Nacional de Educação — evento organizado pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SMECD) com apoio da UNIDEAU, URI Erechim, UPF, UFFS, IFRS, programa Te Acolhe e outras instituições parceiras.
Com o tema “Inovação e Inclusão: perspectivas e desafios educacionais contemporâneos”, o encontro tem a missão de promover formação continuada e reflexiva, propondo novos olhares sobre práticas pedagógicas, metodologias ativas e o resgate de valores que ficaram adormecidos ao longo do tempo. A secretária de Educação, Luciane Spanhol Bordignon, resumiu o propósito do fórum: “Mais do que discutir tecnologia, queremos refletir sobre inovação enquanto atitude: rever o que se fazia bem, resgatar práticas que acolhem e educam para a vida. Ela também destacou que o evento se constrói de forma colaborativa, “a muitas mãos”, envolvendo diferentes instituições e profissionais.
UMA CERIMÔNIA MARCADA POR ARTE E REFLEXÃO
A abertura oficial contou com a presença de autoridades municipais, representantes de instituições de ensino e mais de 480 professores e estudantes. A Orquestra Sinfônica Getuliense, fundada em 2009 e vinculada ao CRAS, deu o tom inaugural. Ao fazer a abertura, a secretária Luciane agradeceu à administração municipal “pelo inestimável apoio institucional”, ressaltando que a combinação de inovação e inclusão só se realiza plenamente quando “promove a inclusão de todos os estudantes, respeitando suas particularidades e potencialidades”. Para embasar esse olhar, citou o sociólogo Boaventura de Souza Santos: “Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza”.
As autoridades que compuseram a mesa saudaram o público e reforçaram a relevância da iniciativa. O coordenador adjunto da 15ª Coordenadoria Regional de Educação, Alencar Loch, observou que a educação é “a única ferramenta que transforma o ser humano”, e elogiou o auditório lotado. A reitora acadêmica do Centro Universitário UNIDEAU, Dânia Barro, disse que ver tantos educadores dispostos a aprender mostra que “há muitas pessoas esperançosas e ansiosas por melhorar cada uma das nossas escolas”. O prefeito Pedro Paulo Prezzotto apontou que o fórum simboliza “mais do que a continuidade de uma tradição; representa o compromisso permanente com o fortalecimento da educação e a construção de uma sociedade mais igualitária, desenvolvida e humana”. Para ele, em um cenário de transformações constantes, aprimorar‑se é “um gesto de forte responsabilidade com o futuro”.
CONFERÊNCIA E LANÇAMENTO DE REVISTA
Logo após os pronunciamentos, o sociólogo Ricardo Mariz ministrou a conferência de abertura “Inovação e Inclusão: perspectivas e desafios educacionais contemporâneos”, chamando a atenção para as tensões entre a cultura digital, a produção de conhecimento e a necessidade de preservar vínculos afetivos e respeitar as singularidades dos estudantes. A conferência, mediada por Luciane Bordignon, permitiu perguntas por escrito, reforçando a interatividade.
À tarde, um momento cultural apresentou o projeto Kombi do Saber do Lar da Menina, que promove contação de histórias, música e resgate de brincadeiras tradicionais. Na sequência, ocorreu o lançamento da Revista Saberes e Fazeres Educativos, mediado pela professora Jacqueline Raquel Bianchi Enricone. Publicação anual da SMECD, a revista reúne artigos de pesquisadores, relatos de experiências escolares e produções autorais de estudantes. “A revista não é apenas um veículo de divulgação científica, mas um catalisador de transformações práticas nas salas de aula”, afirmou a equipe editorial durante o lançamento.
Os organizadores explicaram que a revista estabelece pontes entre universidade, escolas e comunidades, “promovendo diálogo entre diferentes atores educacionais” e inspirando educadores a experimentarem novas abordagens pedagógicas fundamentadas em reflexões teóricas consistentes. Os convidados receberam exemplares impressos e foram informados de que a edição digital está disponível no site da Prefeitura, na área da SMECD.
Em um bate‑papo com os autores, professores e uma estudante falaram sobre a experiência de escrever e publicar seus textos. A professora Jaqueline lembrou o conceito de autoria da psicopedagoga Alicia Fernández, que define ser autor como “ser sujeito do próprio processo de aprendizagem, colocar‑se em posição ativa frente ao saber”. Ela ressaltou que todos podem ser autores a partir da reflexão sobre suas experiências e leituras. A estudante Rebecca Mistura, aluna do 8º ano, contou que ter sua voz publicada “é desafiador e ao mesmo tempo gratificante”. A docente Renata Albuquerque aproveitou para convidar mais colegas a participarem das próximas edições: “Há muita gente que tem o que dizer e, às vezes, não se sente com a condição de expressar. Que nas próximas edições mais pessoas possam participar e se sentir autoras”. Também participaram do bate-papo a secretária Luciane Spanhol, o professor Adalmir Jacobi Schaeffer, a professora Ana Paula Pauletti Jobim, Naiara Cássia Soccol Reich e Jonara Karpinski.
Ainda na tarde do dia 23, os participantes se dividiram em Simpósios Temáticos, com comunicações orais sobre eixos como Educação Infantil, Alfabetização e Letramento, Gestão Educacional, Educação Inclusiva e Políticas Públicas Educacionais. Esses debates serviram para socializar pesquisas acadêmicas e práticas exitosas da rede pública e privada.
OFICINAS, DEBATES E CULTURA
A programação continuou na quinta‑feira, 24 de julho, com uma maratona de oficinas pedagógicas. Ao todo, catorze oficinas abordaram temas como alfabetização, psicomotricidade, inteligência artificial aplicada à educação e educação étnico‑racial, conduzidas por especialistas da UFFS, UPF, IFRS, UNIDEAU e terapeutas convidados. Entre um turno e outro, o público acompanhou apresentações da EMEF Pedro Herrerias e da EMEI Olivo Castelli, unindo teoria, prática e vivência artística.
Na sexta‑feira, 25 de julho, o foco muda para duas importantes conferências. Pela manhã, o médico neurologista Ricardo Lorenzato Bortoluz discutirá “Autismo e Inclusão” com mediação da neuropsicóloga Diane Lorenzi, do programa TEAcolhe. À tarde, a professora doutora Maria Beatriz Moreira Luce abordará o tema “Educação e Ciência como possibilidades de realização do humano”. O encerramento contará com a apresentação da Banda da APAE de Getúlio Vargas, celebração musical de inclusão e talento que marca a tradição do fórum.
HUMANIZAÇÃO E REDE DE APOIO
Além de propor reflexões, o fórum celebra a rede de instituições que dão suporte à educação de Getúlio Vargas. A prefeitura, por meio da SMECD, organiza o evento com apoio institucional do Centro Universitário UNIDEAU, URI – Campus Erechim, Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), programa Te Acolhe RS, Conselho Municipal de Educação (CME) e Núcleo Integrado de Atendimento ao Estudante (NIAE).
Para a comissão organizadora, formada por representantes dessas instituições, a educação transformadora é aquela que escuta, acolhe e ousa inovar sem abandonar o essencial. Ao reunir professores, gestores, estudantes e pesquisadores, o Fórum da Educação 2025 se firma como espaço de escuta e construção coletiva, voltado a fortalecer redes de diálogo e a fomentar práticas pedagógicas mais justas, inclusivas e criativas. O evento segue aberto aos inscritos até sexta‑feira, com certificado de participação e acesso digital à Revista Saberes & Fazeres.
Por Ascom PMGV