ERECHIM: UMA CIDADE INCLUSIVA?

Segundo o IBGE de 2022, a população do Estado do Rio Grande do Sul, de 10.882.965 de habitantes, pelo menos 772.077 pessoas tinham algum tipo de deficiência, o que equivale a aproximadamente 7% da população no ano de 2022.

Mais do que falar sobre a inclusão nas escolas, calçadas ou hospitais (que hoje são direitos), vamos falar sobre como uma cidade vê as pessoas com deficiência?

Laura C. Hagers Meng, como aplicadora ABA, AT (uma profissional que atua fora do consultório, em ambientes do dia a dia do paciente como a casa e a escola para promover a autonomia, o desenvolvimento social e comportamental, a inclusão e a aplicação de estratégias terapêuticas em situações reais com pessoas com deficiência e principalmente, crianças e adolescentes com transtornos como o TEA, Transtorno do Espectro Autista) e futura pedagoga que trabalha a mais de 3 anos com crianças com deficiência veio falar conosco um pouco sobre como percebe a Inclusão dessas pessoas na cidade.

“Vejo Erechim, como uma cidade pouco acolhedora e inclusiva. Ao sair com crianças atípicas nas ruas, é recorrente que eles acabem entrando em crises de desregulação, que envolvem choros, gritos, movimentos bruscos como se jogar ao chão ou bater em algo, e isso atrai olhares de pessoas que estão no mesmo ambiente, acompanhados de pena ou de julgamentos por achar que, talvez, se trate de má criação por parte da criança, ou até, que os responsáveis que estão junto da criança, causaram aquela crise na criança.

Apesar de muitas crianças utilizarem do cordão de quebra-cabeças ou de girassol, as pessoas ainda insistem em descer julgamentos evidenciados em seus olhares e em suas falas, fazendo com que Erechim se mostre um tanto apática, que acreditam que olhar para a criança desregulada, ou até pior, comentar sobre para as pessoas perto de si, é o certo a se fazer.

Sabemos que hoje, 1 a cada 31 crianças recebem o laudo de autismo, e, além disso, temos muitas crianças com síndromes raras, TDAH, TOD, entre outros laudos em nossa comunidade.

O papel da sociedade é incluir e fazer com que os espaços públicos da cidade, sejam humanizados e acolhedores para que as crianças atípicas se sintam calmas e possam ver nestes espaços, um lugar para se autorregular. As famílias enfrentam um luto intenso de chegada de diagnóstico, buscam incessantemente por tratamentos terapêuticos e medicamentosos para auxiliar no desenvolvimento de seu (sua) filho(a) e ao saírem nas ruas, se deparam com olhares curiosos e de certa maneira, desrespeitosos para com seus filhos.

Até quando nossa sociedade vai tratar os transtornos e deficiências como tabu, ao invés de vê-los com o mesmo carinho e respeito que se tem com as crianças típicas? Porque quando uma criança típica chora, faz birra e se joga ao chão a sociedade ignora, mas quando uma criança atípica, com características físicas visíveis ou até que utiliza dos cordões, entra em crise, se desestabiliza e chora ou também se põe ao chão, as pessoas passam e veem aquilo como algo feio, como algo que dá pena. As pessoas não precisam demonstrar a pena, disso o mundo está cheio.

As pessoas precisam mostrar empatia, carinho com o próximo, oferecer ajuda aquela mãe desesperada, aquele pai preocupado. Sair do local sem olhar para a criança com olhos críticos ou para a família como se eles fossem loucos de colocar aquela criança em sociedade. Erechim precisa de mais empatia, mais respeito e mais carinho com as crianças atípicas”.

Entre Aspas

Podemos demonstrar nosso apoio acreditando que pessoas com deficiência podem ser capazes. Demonstração de apoio é evitar evidenciar um olhar sem piscar para a criança que chora. Demonstração de apoio é ensinar nossos filhos e filhas, nossa sociedade, sobre as diferenças e suas singularidades!

Laura Christina Hagers Meng

Aplicadora ABA, AT e Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFFS/Campus Erechim.

laura.hagers@gmail.com

Por: Kaylani Dal Medico

Jornalista (nº 0021729/RS/2024).

Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFFS/Campus Erechim.

Integrante do Projeto de Extensão “Dizer a sua palavra”: democratização da cultura popular e da comunicação.

kaylanidalmedico@hotmail.com

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