Entidades e especialistas pedem a revogação da reforma do Ensino Médio

Atos com a reivindicação estão marcados para esta quarta-feira (15); MEC abriu consulta pública sobre o assunto

A mudança trouxe novas disciplinas e tornou uma parte do currículo flexível para os estudantes. Em 2022, a reforma passou a abranger as turmas de 1º ano do Ensino Médio. Nessa série, porém, o currículo ainda é semelhante ao antigo, apenas com a inclusão de três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura e Tecnologias Digitais.

Foi agora, em 2023, que a transformação principal começou: esses estudantes ingressaram no 2º ano, quando se inicia a parte flexível da carga horária. Nela, os alunos podem escolher entre duas ou mais áreas para aprofundarem seus conhecimentos. Na rede estadual do RS, por exemplo, há 28 trilhas de aprendizagem possíveis, e cada escola precisa oferecer ao menos duas.

Em junho do ano passado, uma carta aberta assinada por mais de 300 entidades ligadas à educação pedia a revogação do Novo Ensino Médio. No texto, é feita uma crítica sobre a interrupção, após o impeachment da então presidente Dilma Rousseff, de um debate que pretendia reformular essa etapa de ensino. Em 2016, a reforma educacional foi apresentada por meio de uma medida provisória, convertida em lei em 2017.

No Rio Grande do Sul, Ângela Chagas estuda a implementação da reforma na rede estadual gaúcha em seu doutorado em Educação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de integrar o Grupo de Estudos de Políticas Públicas para o Ensino Médio da instituição e o Observatório do Ensino Médio do RS.

— Os pesquisadores já apontavam, antes da reforma, uma série de problemas que estão se confirmando agora. É uma reforma imposta, sem diálogo com educadores e estudantes, que traz um estreitamento curricular e reforça as desigualdades educacionais que já existem — afirma Ângela.

Em seu estudo, a pesquisadora verificou que os alunos do 2º ano, hoje, chegam a ter 19 disciplinas, e que mesmo antes da reforma as 13 ministradas já eram consideradas um número excessivo.

— As disciplinas tradicionais estão com uma carga horária menor, e muitas, como Química, Física, Sociologia e História, só têm um período de 50 minutos por semana. Até que o professor chegue, faça a chamada e consiga iniciar a aula, ela já está acabando. Isso reforça a desigualdade educacional, porque, na prática, o acesso a esse conhecimento está sendo sonegado — observa a doutoranda.

Fonte: GZH
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