A utilização da homeopatia na agricultura é tema de uma capacitação ofertada pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim para quase 100 pessoas, entre agricultores do Alto Uruguai gaúcho e acadêmicos do curso de Agronomia. Trata-se de um curso de extensão com duas turmas – uma que iniciou em 2020 e outra em 2021. Com a pandemia, as aulas tiveram que ser online. Agora, com a volta das atividades presenciais, os participantes iniciaram encontros nos laboratórios da Universidade. Eles farão estudos de caso para aplicar o conhecimento adquirido. Nesta semana, receberam as boticas – caixas com medicamentos que servirão para o trabalho final.
– As boticas são pequenas farmácias homeopáticas. Os participantes estão recebendo 20 medicamentos homeopáticos, que eles terão que usar em testes na agricultura. São estudos de caso que eles precisam fazer para finalizar o curso – explica a professora Tarita Cira Deboni, coordenadora da capacitação. – Eles testarão as homeopatias na agricultura e depois apresentarão os resultados dos testes. Poderão utilizar em animais, plantas e nos ambientes agrícolas.
Segundo a docente, a homeopatia trabalha com medicamentos não residuais, utilizados para “curar” animais, plantas e ambientes sem a utilização de agrotóxicos.
– Não tem nada de molécula química. Utilizamos medicamentos que são diluídos e dinamizados, extremamente sutis e que não deixam resíduo. Ao utilizar esses medicamentos nos animais, nas plantas e nos ambientes, os participantes do curso poderão tratar e curar os ambientes sem utilizar agrotóxicos. Na homeopatia a gente trata os doentes, não as doenças. O que isso significa: quando olhamos para uma planta que tem um inseto, é importante que cuidemos do inseto e também da planta. A mesma coisa com um animal: se eu tenho um animal, eu enxergo o doente, a gente vai tratar o animal que está ali, para que ele possa se curar. Com o ambiente também: temos ambientes intoxicados, com muito resíduo de agrotóxico, águas contaminadas. Podemos usar a homeopatia para reequilibrar a energia desses ambientes e restabelecer a cura – diz a professora Tarita.
O curso faz parte de um programa de extensão, coordenado por Tarita e pelo professor Altemir Mossi. O programa contém também outras ações.
– Uma delas é o próprio Laboratório de Homeopatia, que está dentro do Laboratório de Agroecologia, onde fazemos pesquisa com homeopatia para plantas. Tanto eu quanto o professor Altemir e a professora Denise Cargnelutti trabalhamos com essa parte da agroecologia no curso de Agronomia. A temática é abordada nas disciplinas, em que ensinamos aos alunos como a homeopatia pode ser uma ferramenta para utilização na agricultura – conta Tarita.
A acadêmica Larissa Emeli Rolin Falcão está na 8ª fase da graduação e é uma das participantes da capacitação. Filha de agricultores do interior de Erechim, ela diz que já utilizava um pouco a homeopatia a partir de ensinamentos repassados por sua avó.
– Já usávamos a homeopatia mas eu não sabia que era uma área de conhecimento tão grande, que podia ser melhor explorada. O curso tem sido de grande importância, pois entendi diversas abordagens que eu não sabia. Aos poucos fui aprendendo o que é exatamente, como se faz, onde se usa, etc – afirma Larissa.
As duas turmas do curso de extensão foram organizadas pela UFFS em parceria com o Centro de Apoio e Proteção da Agroecologia (CAPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Cresol e, também, com o Centro de Tecnologias Alternativas Populares (Cetap), que entrou na turma de 2021. A ideia é que em 2023 aconteça a abertura de uma nova turma.
Fotos: Wagner Lenhardt/Divulgação/UFFS.
