Nesta terça-feira (8), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a ata oficial da reunião que decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5%. O encontro ocorreu na semana passada e fixou a taxa em 13,25%. Diante da queda, no TL News desta quarta-feira (9), o comentarista econômico Tulio Lichtenstein, disse que um dos principias questionamentos coloca em xeque a autonomia do Banco Central do Brasil.
“O que gera incertezas de alguns economistas é a questão da real independência do Banco Central. Chama atenção, pois tivemos na semana passada dois novos integrantes do governo atual participando da reunião e uma queda expressiva na taxa Selic. Há um debate e zum zum zum no mercado sobre a real independência do Banco Central junto ao governo. Tivemos uma votação bem estreita, foram cinco votos favoráveis, quatro contrários e já temos algumas perspectivas para os próximos meses”, disse Lichtenstein
A redução dos juros já era esperada pelo mercado financeiro, a dúvida estava na intensidade do corte. “A minha aposta particular e de grande parte dos economistas era se manter cautelosa, em 0,25 ponto percentual. Fernando Haddad, vinha fazendo alguns comentários de até 0,75 ponto percentual já nessa primeira queda, mas pela decisão da maioria, foi definido uma redução de 0,50”, enalteceu.
Conforme o economista, “também foram realizadas as projeções da inflação no Brasil, fechando em 4,80% neste ano, 3,9% em 2024 e 3,5% em 2025. Dentro dessa perspectiva de queda da inflação, chegou-se à conclusão de baixar 0,50 a taxa Selic. Frente a isso, também ocorreu uma redução do dólar e a taxa de câmbio extraída do relatório do relatório Focus, já se mostra acima dos R$4,75. Os olhos da diretoria do Copom estão voltados na inflação interna e externa”.
O Copom ainda realizará três reuniões em 2023. “Está previsto um corte de um 1,50% da taxa Selic até o final do ano, chegando a 11,75%, mas muito longe de comentários de alguns políticos de atingir a casa de 11,25% ou 11%”, explicou Tulio Lichtenstein.
Ele também deu seu parecer: “não sou contra a queda da taxa de juros, pois nada justifica uma taxa tão alta no Brasil. Mas o que preocupa é que ficamos três anos sem ter nenhum corte, 12 meses com taxa de juros em 12,75%, agora baixou bruscamente para dar resposta frente a pressão dos empresários e governo. Meus questionamentos são, como será o próximo ano? Como ficará o juro do cartão de crédito? Do cheque especial? Crédito consignado? Outra incógnita é o crédito e consumo”, finalizou.