Voz da Diocese – A alegria que nos vem do Natal

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese.  O Natal se aproxima e o espírito de alegria vai tomando conta de nós. O questionamento que nos cabe nesta hora é como estamos nos preparando para celebrar este acontecimento tão importante de nossa fé! A proximidade do Natal nos convida a sermos mais sensíveis aos outros e deve nos motivar para abrirmos as portas do nosso coração e da nossa casa para Deus que, em Jesus, vem ao nosso encontro.

Prezados irmãos e irmãs. A Liturgia da Palavra do terceiro Domingo do Advento, por meio do profeta Sofonias (3,14-18a), faz um convite à alegria: “Canta de alegria, cidade de Sião; rejubila povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, cidade de Jerusalém! ” O Senhor é “o rei de Israel”, “ele está no meio de ti. Nunca mais temerás o mal”. “Não temas, não te deixes levar pelo desânimo”. O Senhor “te salva”, “movido por amor”! Trata-se de uma palavra de encorajamento e de esperança a um povo marcado pela destruição. Dirigida a nós, é também uma palavra de ânimo, pois ele diz: “Não temas, não te deixes levar pelo desânimo”! Pois, como diz o profeta Isaías: “Exultai cantando alegres habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel” (Is 12,2s).

A segunda leitura, de Paulo aos Filipenses (Fl 4,4-7), em sintonia com a primeira leitura diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos. Que a vossa bondade seja conhecida de todos os homens! O Senhor está próximo!” Recordando que nas comunidades poderão ocorrer conflitos, Paulo quer dizer que, em meio às tensões, faz-se necessário o bom senso e o equilíbrio, a abertura para o diálogo e para a compreensão. Por isso, ele diz: “Não vos inquieteis com coisa alguma!” Por meio do entendimento e da oração, devemos buscar a paz de Deus.

No Evangelho deste domingo (Lc 3,10-18), na proximidade do Natal, Lucas começa a falar da missão de Jesus apresentando os requisitos básicos, presentes na pregação de João Batista, o Precursor. A nova história e a nova sociedade nascem da pregação de João Batista e recebem pleno cumprimento em Jesus. A pregação de João Batista leva as pessoas a não se fecharem em si mesmas, mas a se abrirem ao Messias. Por isso, disse João Batista: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu (…). Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. É a ele que as pessoas precisam seguir.

Caros irmãos e irmãs. Diante disto, o Evangelho mostra algumas necessidades básicas para se construir uma nova sociedade. Por isso, o Evangelho apresenta um programa de vida, motivado pela pergunta; “Que devemos fazer”? João responde apontando o princípio da partilha: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo”. A partilha é a primeira condição para se ter uma sociedade nova. Partilhar não é dar esmola. Quem tem duas túnicas, dê uma! E quem tem comida, faça o mesmo. Significa repartir o que tem. Roupa e comida, duas coisas fundamentalmente necessárias! Em segundo lugar, os cobradores de impostos dirigiram-se a João e perguntaram: Mestre, que devemos fazer? Os cobradores de impostos eram odiados pelo povo judeu, pois exerciam uma função em prol dos romanos. João responde a eles dizendo-lhes para não cobrarem mais do que fora estabelecido. Trata-se do princípio da justiça. A justiça é outro requisito básico para a construção de uma nova sociedade. Em terceiro lugar, os soldados dirigiram-se a João Batista e também disseram: E nós, que devemos fazer? A estes João diz para não tomarem o dinheiro de ninguém e nem fazerem falsas acusações. Eles deviam ficar satisfeitos com o salário que ganhavam. Trata-se de acabar com o abuso do poder.

E nós, hoje, na proximidade do Natal, o que devemos fazer? Este apelo de João Batista é dirigido também a nós. Por isso, somos convidados a viver a partilha, a justiça e a humildade e assumindo este programa de vida cristã, seremos mais acolhedores de Jesus e de nossos irmãos e irmãs, pois, é isso que nos conduz à verdadeira alegria do Natal de Jesus que celebramos.

Deus abençoe a todos e bom domingo.

Dom Adimir Antonio Mazali – Bispo Diocesano de Erechim – RS