O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou, na manhã desta quarta-feira (23), a jornalistas em Brasília que o fato de expressar opiniões distintas, especialmente nas questões relacionadas ao combate à pandemia, não faz dele um opositor do presidente Jair Bolsonaro.
“O presidente tem uma maneira de ver as coisas, ele é o decisor. Eu tenho outra maneira de ver e não vou contra as decisões do governo. Agora, algumas observações eu faço”, afirmou o general da reserva do Exército.
Desde o começo da crise sanitária, Mourão tem se posicionado por uma comunicação mais assertiva para orientar a população no uso de máscaras, distanciamento social e importância da vacinação, em um claro contraponto a Bolsonaro. Além disso, reclamou recentemente de ficar de fora de reuniões ministeriais, chegando a dizer que não sabe o que se discute no Planalto.
O general cogita concorrer ao Senado em 2022, destacou que o martelo ainda não está batido e explicou como funcionaria a transição caso escolha ser candidato. “A lei eleitoral diz que vice, qualquer um deles, não precisa se desvincular para concorrer. Agora, se por acaso eu assumir a Presidência nos seis meses anteriores, aí eu tenho que sair.”
Apesar de sinalizar um afastamento do Palácio do Planalto, Mourão tentou blindar o governo ao dizer que todos da gestão estão sensibilizados com as mortes em decorrência da Covid-19.
“[Estou preocupado] E o presidente também. Ninguém no governo pode ficar ‘ah, está morrendo gente aí, não sou eu, não é meu filho, não é minha filha. Negativo. Está todo mundo aqui extremamente sensibilizado, chateado, triste com essas mortes. Todos, sem exceção do grupo que está no governo, perdeu alguém. Pode não ter sido da família, mas são amigos próximos de uma vida inteira que se foram. Quando a gente não está esperando é triste”, destacou.
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou, nesta segunda-feira (21), que a marca de 500 mil mortos pela Covid-19 é o “retrato da desigualdade socioeconômica” do Brasil. “Tem muita gente que tem tratamento melhor, tem gente que não consegue chegar ao hospital. É consequência da situação que a gente vive. Temos que corrigir”, disse.
Fonte: O Sul