VERÃO EM ERECHIM: TEMPO DE (A)MAR

Vem chegando o verão
O calor no coração
Essa magia colorida
São coisas da vida

“Uma noite e meia”,

Com autoria de Renato Rocketh e interpretação de Marina Lima

 

Erechim fica longe do mar. Longe e perto são coisas relativas. Tem gente que acha longe ir do centro da cidade ao Parque Livia. Já há quem ache perto ir daqui até Balneário Camboriú, “subindo”, não descendo, para “BC”. Mas, e o mar? O verão, para nós do sul do Brasil, de clima (“normal”) subtropical, que vivemos o frio em parte do ano, promove o calor que chama alguma água – para se banhar ou para beber em suas diferentes tonalidades e sabores. Há quem diga que a água salgada cura tudo, até mágoas de amor. Não sei se cura, mas que a praia é assunto de verão, ah, isso não se discute.

Viver longe do mar provoca diferentes estados de espírito, pois, como se sabe, praia não é unanimidade. Quem gosta, geralmente, ama. Quem não gosta, por sua vez, odeia. O meio termo, assim como a Meia Praia, agrada a quem percebe no verão uma oportunidade de fazer algo diferente, mesmo que em todos os anos no mesmo lugar. Mar não é só assunto de verão: férias também entram na pauta de dezembro a fevereiro. Quando não, como esse ano por causa do feriado de Carnaval, entram até um pouco em março.

Nem todo mundo têm férias de verão, assim como nem todo mundo que tira férias vai ao mar. Aliás, há quem vá até o mar, mas não entre. Águas geladas, poluídas, a sensação da pele salgada, tudo pode contribuir para que o mar seja apenas pano de fundo para fotos de redes sociais. O pé na areia que é relaxante para algumas pessoas, é um tormento para outras. Tem até praia sem mar, pois ela pode ser de água doce. As “praias de dentro”, os balneários de água fria ou quente, são bem mais perto de nós do que o mar.

A nossa praia aqui no Alto Uruguai pode ser na barragem, na piscina do parque de águas termais e, dependendo do bolso, em algum resort da região. Os clubes também são opções para quem permanece na cidade. Tem gente que vem de longe para viver férias de verão aqui perto de nós. Três Arroios, Marcelino Ramos e Machadinho do lado de cá do Rio Uruguai; Itá e Piratuba do lado de lá. Água não falta, o que falta é mar. Assim como se diz em Belo Horizonte, capital de um estado sem litoral, pode não ter mar, mas tem muito bar. E isso não falta por aqui também. Aliás, quando o mar e o bar se encontram, os substantivos ajudam no verbo amar.

O verão é tempo de férias, mas é tempo de trabalho. Só porque tem muita gente trabalhando que é possível outras pessoas desfrutarem de passeios de férias. Pensem na importância de cozinheiras(os) para um bom café da manhã em um hotel, em quem limpa as casas e quartos que alugamos, que dirige os transportes que nos levam a experiências com as pessoas que gostamos. Mesmo que, sabemos bem, a gente não passeia só com quem gostamos. Quem nunca tirou férias com alguém chato? Inclusive, o(a) chato(a) da vez pode ser nós mesmos.

O verão, esse “calor no coração”, pode ser um remédio para lavar a alma. Descansar deveria ser a regra, não a exceção. Assim como as férias não precisam ser somente consumismo e ostentação, muito menos o engessamento em protocolos, afinal, se tudo mundo vai, eu também tenho que ir? Depende! Para quem gosta de mar, quem sabe conhecer uma praia diferente? Por que sempre ir no mesmo lugar? Conheço muita gente de Erechim que não conhece o litoral gaúcho, por exemplo. Nem mesmo o litoral sul de Santa Catarina. O mundo é grande e diverso, assim como há um valor incrível em um verão com quem gostamos, mesmo que seja em casa. É bom ir para algum lugar, mas há algo de afeto em voltar para casa.

Se o verão é tempo de mar, em todas as estações é tempo de amar. A questão é sempre resolver a equação entre o que eu “posso, quero e devo”. Ao fim e ao cabo, nem moramos em um lugar tão quente e, para quem não gosta de calor, o outono é logo ali. Para quem gosta, aproveite o verão.

Entre aspas

Lembra do horário de verão? Pois é, desde 2019, parte do Brasil deixou de adiantar em 1h os relógios. Voltado à redução de custos energéticos, o horário de verão não estava mais atuando de forma considerável neste sentido[1].

E para ti? Qual a tua preferência? Voltaria ao horário de verão ou deixaria como está?

Por: Thiago Ingrassia Pereira

Professor da UFFS Erechim

Coordenador do Projeto de Extensão “Dizer a sua palavra”: democratização da cultura popular e da comunicação

thiago.ingrassia@uffs.edu.br

[1] https://www.gov.br/mme/pt-br/assuntos/secretarias/secretaria-nacional-energia-eletrica/horario-de-verao