Há pouco mais de dois meses, estudantes da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Franciscano São José, de Erechim têm tido uma experiência cultural diferente. É que, desde agosto, um estudante intercambista faz parte do dia a dia da turma 222. Arthur Edouard François Leroux, 18 anos, é francês, e escolheu o Brasil para vivenciar a cultura mais de perto. Dentro de sala de aula, o jovem que não sabe português, comunica-se com os novos amigos em inglês e se desafia a aprender a língua nativa dos colegas. “Tento aprender os advérbios, os verbos, as palavras e também a gramática – explica.
O jovem conta que no primeiro dia em Erechim, apesar dele estar tímido com os novos colegas, sentiu-se bem por estar em um país diferente. Arthur já havia tido outra experiência como essa há dois anos, quando fez intercâmbio em Taiwan, na China, durante um ano, que classifica como uma experiência transformadora. “Meus pais viram a mudança que o intercâmbio fez na minha vida; por isso me deixaram fazer o intercâmbio para o Brasil, e eu fiz por conta, fui atrás de toda a documentação necessária”. Além disso, ele diz que a distância dos pais não atrapalha e atribui à tecnologia o conforto, porque consegue se comunicar facilmente com a família que está do outro lado do oceano.
Além de Erechim, Arthur já visitou as cidades de Caxias do Sul, Passo Fundo e Foz do Iguaçu, além do Paraguai e da Argentina. O jovem conta que se encantou com as belezas da cidade paranaense: “A questão da natureza, o som, o poder sentir “ – revela.
O novo Colégio
Arthur diz que o método de ensino do Brasil é diferente, e explica que a relação com os professores franceses é muito distante: “Os professores estão mais distantes, não existe uma amizade entre professor e aluno, os professores estão lá só para fazer o trabalho deles, de ensinar” – relata. Arthur também destacou a presença dos docentes nas redes sociais, permitindo um contato mais próximo com os alunos.
Sobre a estrutura do Colégio, o jovem diz que os locais são basicamente iguais, mas lhe causou estranheza que as classes são separadas, e não duplas, como na França. Para ele, o grande diferencial que viu foi o projeto Primavera Cultural, que é todo desenvolvido pelos estudantes, e neste ano chegou à sexta edição. “Foi tudo construído e feito por nós, isso é uma coisa muito legal que me surpreendeu bastante. Lá na França não tem nada assim”.
A visão do Brasil
O jovem conta que antes de chegar ao Brasil, tinha a visão sobre o país muito parecida com a maioria dos estrangeiros, isto é, do país do futebol, carnaval, praias e a violência das favelas. A violência, inclusive, era um receio dos seus pais. “Vindo pra cá notei que o Brasil tem uma ampla flora, uma cultura muito diferente do que as pessoas veem de fora. Aprendi que o Brasil é um país muito bom”.
O jovem deve seguir em solo brasileiro até julho do ano que vem, quando encerra o intercâmbio, e já destaca que foi marcado positivamente pela cultura do churrasco gaúcho e das vestimentas definidas por ele como estilo cowboy. Além disso, ele indica a experiência do intercâmbio. “Se alguém tem a oportunidade de fazer um intercâmbio tem que aproveitar, mas não é pra qualquer um, tem que ter a mente muito aberta, tem que entender que o seu país não é o melhor, que as coisas que fazem no seu, são diferentes no outro, mas está tudo certo” – finaliza.