Um ano após a primeira grande enchente, MAB realiza ato com cerca de 400 atingidos em Lajeado e exige políticas públicas

Nesta sexta-feira, dia 4 de Outubro, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realiza um ato em Lajeado com cerca de 400 pessoas. Atingidos de outras cidades do Vale do Taquari também estarão presentes em apoio às famílias lajeadenses. E o que motiva esse apoio mútuo, são os impactos que os atingidos dos diversos municípios do Vale vem passando desde o ciclone de Setembro de 2023. De lá para cá essas mesmas cidades enfrentaram quatro enchentes. Os eventos climáticos extremos impuseram uma nova realidade aos gaúchos e uma delas é que não se pode morar mais à beira do Rio Taquari.

Por conta disso, as famílias estão à espera de conseguir uma nova moradia para viverem em segurança. Em Lajeado, contabilizando apenas os cadastrados no MAB já soma-se 450 famílias em áreas de risco e desabrigadas. Diante desse cenário alarmante, o MAB reforça que é necessário fazer o reassentamento das comunidades atingidas em local seguro, com tamanho adequado. O Movimento enfatiza que os programas de reconstrução têm inibido a participação dos atingidos e têm sido feitos sem transparência. Um exemplo é a divulgação da lista de beneficiários do município de Lajeado no programa Minha Casa Minha Vida: Reconstrução Rio Grande do Sul, que até o momento não foi inteiramente divulgada. Inclusive, essa se tornou uma das pautas do Ato do dia 4. Os atingidos querem respostas sobre o andamento dos programas de moradias. Segundo o coordenador Leopoldo, a recuperação das áreas afetadas avança lentamente, e somente com a pressão do povo as medidas serão cumpridas. “Fazer com que o prefeito deia a nossas casas, porque até agora ele não cadastrou nenhuma família que perdeu a sua casa. Então ninguém tem direito de ganhar casa aqui em Lajeado” , assim reforça o atingido.

Além das perdas materiais, Leopoldo afirma que a tragédia tem causado impactos profundos na saúde mental e no bem-estar das comunidades, o que agrava ainda mais a situação de vulnerabilidade das famílias. “Se dá uma chuva eu não consigo dormir, não consigo dormir e botar a cabeça no travesseiro para descansar. Fico muito preocupado que pode vir uma chuva igual aquela de maio.”, comenta o coordenador.

Em resumo: O Movimento exige a implementação de políticas públicas que garantam a segurança e dignidade dos atingidos, e demandando uma resposta rápida e efetiva do poder público.

Sobre o Movimento:

Há 33 anos, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se faz presente em mais de 20 estados do país. Ao iniciar uma trajetória de luta em 1987, por conta dos riscos que as construções de barragem traziam às comunidades locais, o Movimento não tinha até então, a pretensão de ser tornar uma bandeira pela luta de direitos mediante os estragos dos eventos climáticos extremos. Hoje, a organização já virou referência na luta pelos direitos básicos e o Rio Grande do Sul é prova disso. Na região Sul, o MAB começou por Erechim e pela Lomba do Pinheiro (POA), lugares que sofrem com a ameaça de rompimento iminente das barragens. Anos depois, são os coordenadores da Lomba e de Erechim que fortalecem a organização dos demais no RS, inclusive, com os atingidos da enchente, que surgiram a partir dos desastres de setembro do ano passado.

Do Vale do Taquari a Grande Porto Alegre, a organização distribuiu cerca de 2 mil cestas de alimentos, 100 mil quentinhas, além das doações de hortifruti, kits de higiene e kits de casa nova com geladeira, fogão, microondas e máquina de lavar. Cada uma das ações são planejadas pelos próprios atingidos em parceria com apoiadores do movimento. Para o MAB a reconstrução de uma vida digna e de uma comunidade mais segura é direito que deve ser garantido. Mas enquanto isso não acontece o povo tenta encontrar formas para poder sobreviver e se organizar é uma delas. Os atingidos veem na luta uma espécie de esperança. Portanto, seja no Galpão, na cozinha ou nas ruas, o movimento fornece aos atingidos um espaço de conforto.

O Mab está espalhado por várias regiões do Rio Grande do Sul cidades como, Arroio do Meio, Estrela, Cruzeiro, Lajeado, Erechim, Canoas (Mathias Velho, Rio Branco e Harmonia) e Porto Alegre (Sarandi e Lomba do Pinheiro).

Programação:

Data: 04 de outubro de 2024

Horário: 8h00 às 12h00

Locais: Concentração na praça da Matriz e o encerramento na Casa de Cultura.

Ascom/MAB