A resistência dos povos do campo e a preservação e resgate das sementes crioulas: estas são algumas das simbologias presentes no quadro “Germinando Arte”, obra coletiva construída com mais de 1 mil sementes de 38 variedades e inaugurada na tarde da quinta-feira (28), na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) – Campus Erechim. O quadro foi produzido pelos participantes do III Seminário Internacional de Educação do Campo (Sifedoc), que aconteceu no final de março.
A professora Vanderléia Dartora resume: “É um quadro que tem vida por si só. Se você tirasse essas sementes, provavelmente elas germinariam. Elas continuam com seus embriões e vidas ativas, mantidas e preservadas”. A ideia de construir a obra surgiu antes do seminário, por meio de uma oficina ministrada no campus pela artista plástica Maritânia Risso e voltada principalmente aos alunos do curso superior Interdisciplinar em Educação do Campo: Ciências da Natureza. “A Maritânia é uma educadora social ligada aos movimentos sociais, especialmente ao MST. Ela trabalha essa questão das sementes em todo o Brasil”, explica Vanderléia.
O Sifedoc discutiu, ao longo de sua realização, questões ligadas à agroecologia, comunidades tradicionais, resistência social e humana. “O quadro traz a simbologia do evento, junto com essa discussão da resistência dos povos do campo e a preservação e resgate das sementes crioulas das comunidades tradicionais”, diz a professora. O quadro foi colocado, durante o evento, no saguão. Quem passava por ali podia deixar uma semente. Daí a ideia de obra coletiva, feita a muitas mãos.
A inauguração ocorreu após a Aula Inagural do curso de Educação do Campo, ministrada pelo professor Attico Inácio Chassot, referência em alfabetização científica e ensino de Ciências na América Latina. Além de Chassot, acompanharam a cerimônia o diretor do Campus Erechim, Anderson Alves Ribeiro; o coordenador do curso de Educação do Campo, Denilson da Silva; o vice-reitor da UFFS, Antônio Inácio Andrioli; além de acadêmicos da instituição.
Andrioli ratificou que os grãos presentes no quadro agora são símbolos com uma mensagem que precisa ser interpretada. “É uma ideia que tem muita força. Ideias que se transformam em livros e, às vezes, livros registram a memória e a imaginação das pessoas. Por isso eles são tão potentes, ou até eliminados e combatidos. A arte também é assim”, apontou o vice-reitor.
O quadro “Germinando Arte” está localizado ao lado da entrada da Biblioteca, no saguão do Bloco A da UFFS – Campus Erechim.