Especialistas na atividade leiteira, técnicos e produtores estiveram reunidos no auditório central da 23ª Expodireto Cotrijal, na manhã desta quarta-feira (8), durante o 18º Fórum Estadual do Leite. O evento foi palco de palestras e de um debate sobre o futuro do setor.
O diretor da Labor Rural, Christiano Nascif, foi o primeiro palestrante do dia. Ele discursou sobre o tema “Gestão da propriedade leiteira: o que os melhores fazem para ganhar dinheiro””.
“Os indicadores que mais impactam nos resultados são aqueles que têm a terra como um dos fatores de produção, porque a terra nesta região tem um valor muito alto. Então, quando você é eficiente no uso da terra, você é eficiente no uso do dinheiro. Portanto, ganha dinheiro com a atividade”, explicou.
Conforme Nascif, é importante que os produtores produzam mais leite por hectare. Para isso, é preciso ter mais vacas em lactação por hectare e com uma boa produtividade por vaca. “Se o produtor fizer este caminho, com custo equilibrado, com certeza ele vai ter sucesso técnico e econômico da atividade leiteira”, disse Nascif.
Tecnologia no leite
A produtora Larissa Zambiasi, de 24 anos, de Coqueiros do Sul, ministrou palestra sobre o tema “SmartCoop: a revolução na gestão das propriedades de leite”. A jovem é a mais velha de três irmãs e está sucedendo os pais na atividade.
“Essa ferramenta de gestão, com certeza, contribuiu demais para nossa propriedade em questão de agilidade, de tomada de decisão dos processos e no compartilhamento de informações com outros membros da família. Inclusive colaborou na aproximação com os técnicos da cooperativa, nos controles reprodutivos atualizados em tempo real na palma da mão com ou sem internet. Os benefícios que essa plataforma trouxe para a gestão da nossa propriedade são infinitos”, relatou.
Na propriedade da família Zambiasi, hoje, há 138 animais em um sistema semiconfinado a pasto, com alimentação no cocho. E são 53 vacas em lactação. Larissa ressalta que a tecnologia tem sido essencial para manter a qualidade da produção.
“É preciso ferramentas como essa para nos ajudar mais na parte de gestão, no aspecto burocrático do negócio. O produtor rural está muito acostumado a fazer o “make”, mas ele não é muito íntimo da gestão da propriedade. A ferramenta (SmartCoop) veio para suprir essa necessidade que os produtores rurais tinham”, avaliou Larissa.
Ano desafiador
O fórum foi encerrado com a palestra “Mercado de Lácteos: o que esperar para 2023″”, ministrada pelo especialista do Rabobank, Andrés Padilla. Ele considera que este será um ano desafiador.
“A demanda no Brasil está um pouco mais fraca, a economia vem desacelerando, a inflação ainda está impactando no bolso do consumidor e as vendas estão um pouco abaixo do esperado no primeiro trimestre. Porém, eu acho que o produtor de leite está numa situação melhor, as margens melhoraram e os insumos caíram um pouco. Então, deve ser um ano com uma curva de preço um pouco mais suave do que foi o ano passado”, comentou.
Padilla disse que um dos principais desafios será sustentar as vendas com o consumidor em uma situação mais difícil. Ele também sugeriu alguns pontos que os produtores devem ficar atentos ao longo do ano.
“Como sempre, tentar ganhar escala, melhorar a tecnologia, utilizar as ferramentas para garantir insumos a preços melhores – algo que a cooperativa ajuda bastante o produtor – e olhar os números com carinho. É preciso cuidar dos custos e crescer. Tem que crescer. Quem ficar parado tende a sair do mercado com o tempo”, disse Padilla.
Em busca de perspectiva
As palestras desta manhã foram acompanhadas com atenção pela produtora Andréa Ruppenthal, de Colorado. Ela relata que veio para o fórum em busca de uma perspectiva para o futuro do leite.
“Este ano está complicado em função da seca. Houve uma falha, de novo, na silagem safra. Temos expectativa em cima da silagem safrinha, se mudar o clima, e em cima do preço do leite mesmo. E vamos aguardar o desenho de 2023”, afirma Andréa.
Hoje, a propriedade tem 40 animais em lactação, no sistema confinado de compost barn. As novilhas são trabalhadas no sistema semiconfinado. Para o futuro, a família projeta um confinamento total das novilhas. As decisões são tomadas com o apoio dos técnicos da Cotrijal.
“A gente trabalha com os Departamentos Veterinário e Técnico, com o pessoal da unidade de Vista Alegre, que dá atendimento para nós, e com o pessoal da Qualidade. Todos estão diretamente atuando sempre na propriedade”, comenta Andréa.