Acompanhando a área de Segurança Pública por mais de uma década aqui na região Alto Uruguai, a impressão que tenho é de que a mesma foi definitivamente esquecida pelo governo estadual, e não me refiro somente ao atual, apenas está mais evidenciado agora. Nossas forças policiais se tornaram uma espécie de resistência, movidas acima de tudo pela vocação e coragem.
Vejamos: O 13º está com um déficit de efetivo que, oficialmente, ultrapassa 50%, mas acredito que seja pelo menos uns 10% maior; a Polícia Civil (PC) trabalha atualmente com 40% do efetivo necessário; a Susepe no município, também estaria com falta de pessoal; Polícia Rodoviária Federal e Estadual, idem; o IML atualmente está fechado; nos casos em que se necessita perícia criminal, dependemos dos profissionais de Passo Fundo, que também trabalham com déficit de efetivo (são cinco equipes e seis médicos para atender 150 municípios); temos ainda um dos presídios com maior superlotação no Estado; o 13º BPM é responsável por uma área que totaliza uma das maiores para um único batalhão (36 municípios, se não me falha a memória), com fronteira e muitas estradas alternativas ligando as cidades; a 11ª Delegacia Regional é a com mais municípios sob sua responsabilidade (37 no total e 27 delegacias) e para completar, no último dia 21, o governo estadual repassou 1.117 armas e oito mil munições para a PC e Susepe, nenhuma veio para a região (pelo menos a PC não recebeu, com a Susepe não consegui confirmar). Até onde sei, a última vez que a PC reforçou seu arsenal foi em junho do ano passado, quando adquiriu dois fuzis 5.56, mas graças à parceria com o Sicredi, Associação Comercial e Industrial e Consepro. Nenhum centavo do governo.
Apesar de todas as dificuldades citadas acima, o Alto Uruguai segue tendo a atuação de suas polícias vista com notoriedade em todo o RS, muito, graças à parceria criada entre os órgãos de segurança, judiciário, Ministério Público, prefeituras e empresários. Como exemplos mais recentes do resultado desta união se pode citar o Projeto Sentinela, que resultou na instalação de câmeras de videomonitoramento no centro de Erechim e o georreferenciamento da zona rural, novamente, ambos sem nenhum centavo do Estado. E, em minha opinião, merece destaque a atuação do Consepro e de seu presidente, Miguel Gotler, um incansável combatente em defesa da Segurança Pública.
Também temos, de tempos em tempos, alguns deputados que surgem falando forte sobre a necessidade de reforçar a Segurança na região, mas costuma ficar nisso, apenas palavras.
Agora o governo estadual propõe 19 projetos que, segundo ele, buscam melhorar e modernizar os órgãos ligados à Segurança. Pelo menos um pode trazer certo alívio para o Alto Uruguai. A ideia é recrutar militares da reserva e servidores aposentados da Polícia Civil, do IGP e da Susepe para ser possível colocar PMs da área administrativa no policiamento ostensivo. Só espero que estes policiais não sejam realocados para outras regiões. Outro ponto seria a isenção de ICMS para compra de veículos, armas, coletes, câmeras, munição e outros, que podem ser doados pela comunidade, entidades ou associações. A medida reforçaria a já sólida parceria por aqui, mas ao mesmo tempo expõe a incapacidade do governo em agir para equipar nossas forças policiais.
Por Alan Dias