Salvando vidas em meio a dor da perda

Foi sepultada no último domingo (3) a adolescente que no dia 30 de maio sofreu uma queda de bicicleta e foi internada em estado grave na UTI da Fundação Hospitalar Santa Terezinha. A menina, de 17 anos, faleceu no sábado (2) e em meio a toda dor que a perda de um filho pode gerar, a família encontrou forças para manter uma corrente de solidariedade e salvar a vida de outras pessoas através da doação dos órgãos da jovem.
Para realizar a captação, que durou cerca de duas horas, foi mobilizada a equipe da Central de Transplantes de Porto Alegre, que chegou a Erechim por volta das 3h da madrugada de domingo. Foram doados os rins e o fígado, beneficiando pacientes d a lista nacional de receptores e que receberam os órgãos na mesma manhã.
De acordo com o Ministério da Saúde, muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser a única esperança de vida ou oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem o maior programa público de transplante do mundo, no qual cerca de 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos.
Para o Ministério Público Estadual, a carência de doadores de órgãos é um grande obstáculo para os transplantes no Brasil. A quantidade ainda é pequena diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de pacientes com morte cerebral. Com a conscientização da população, o número de doações pode aumentar. Para muitos pacientes, o transplante é a única forma de salvar suas vidas.

Requisitos para se
tornar um doador
– Ter identificação e registro hospitalar.
– Ter a causa do coma estabelecida e conhecida.
– Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central
– Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos.
– Ser submetido a exame complementar que comprove a morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sanguíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral.
– Estar comprovada a morte encefálica. Nessa situação o cérebro está morto, tornando a parada cardíaca inevitável. Apesar de ainda haver batimentos cardíacos, que vão durar apenas algumas horas, o paciente não pode mais respirar sem os aparelhos.
– Necessária autorização da família. Pela legislação brasileira, a retirada de órgãos e tecidos de pessoas mortas só pode acontecer após a autorização dos familiares. Por isso, quem tem interesse em doar órgãos deve manter a família avisada.
– O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte.

 

Por Alan Dias