Iniciou na manhã desta terça-feira (26) em Passo Fundo o júri do caso envolvendo um jovem que foi assassinado em conflito indígena de Benjamim Constant do Sul. Na ocasião o prefeito da cidade supostamente foi preso na cadeia indígena e relatou agressões e tortura. Os crimes ocorreram em 2018. Na ocasião foi morto Nathan Cozer Hochmann, de 21 anos.
Segundo relatos da família, na época feito para a Uirapuru, o jovem, que morava com os pais em saiu para comer uma pizza com os amigos. Eles foram até a cidade de Faxinalzinho, município vizinho, onde ficaram por quase uma hora. Por volta das 21h30, pegaram a estrada de volta e foram surpreendidos, segundo o pai de Nathan, por uma emboscada.
O pai relatou que “os índios cercaram eles com três carros e quando chegaram perto, colocaram a arma pra fora e atiraram. O pai Vitalino Hochmann disse ainda que o filho tentou se abaixar, mas o tiro pegou nele pelas costas”. Assustado e sem entender o que estava acontecendo, o motorista perdeu o controle da direção e o carro capotou. O pai da vítima relatou ainda que o amigo dele se jogou na capoeira e os índios saíram atrás, atirando. Quando os atiradores olharam dentro do carro e perceberam que haviam matado a pessoa errada, desistiram de investir contra a outra vítima e abandonaram o local.
Ainda conforme relatos da época, o alvo da tocaia era, na verdade, Edimar Peres, indígena conhecido como “Gringo”. Vereador na pequena cidade, o caingangue rival já havia fugido para Passo Fundo, quando o fato ocorreu, e estava instalado no prédio da Funai.
Horas depois do homicídio, já na madrugada, o prefeito de Benjamin Constant foi capturado pelos mesmos indígenas. Cumprindo na época o segundo mandato à frente da prefeitura, Itacir Hochmann era tio de Nathan. Ele contou que sempre manteve boa relação com o cacique e os demais moradores da aldeia, mas naquela noite a situação mudou. Ele tentou escapar da bliz e o carro em que estava levou 57 tiros, dois de raspão no prefeito. Conforme apura a investigação policial, o prefeito foi amarrado e preso no “Boi Preto”, como é denominada a cadeia indígena. Lá ele teria sido torturado, agredido e humilhado.
O júri acontece na IMED pelo motivo do Foro Criminal de Passo Fundo passar por obras, podendo demorar até três dias. Um pequeno grupo de 6 indígenas, que está preso, é julgado pelo homicídio e tentativa de homicídio do prefeito. Na defesa dos indígenas atuam o advogado Roque Letti e sua banca. Na acusação atua a promotora do Ministério Público Federal Daniela Citta. A juíza do caso é a Dra. Priscila Pinto de Azevedo.