Silenciosa, perigosa e sem cura, a hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, tem matado mais brasileiros hoje do que há uma década. Em dez anos, quase 300 mil pessoas perderam a vida para a doença, que tem tratamento.
Em 2011, foram 23.233 mortes por hipertensão. Em 2021, esse número subiu para 39.964, o que representa um aumento de 72%.
O cenário é preocupante porque:
- É a doença crônica mais comum entre brasileiros. Estima-se que 38 milhões tenham pressão alta – ou cerca de 32% dos adultos.
- Entre os idosos, a situação é mais crítica: em torno de 60% têm hipertensão. Como a população idosa no Brasil deve crescer nos próximos anos, a incidência da doença deve aumentar junto.
- Apenas 10% dos hipertensos apresentam sinais da doença, como pico de pressão elevada – a exemplo do que aconteceu com o cantor Sidney Magal.
Quem recebe o diagnóstico da doença precisa controlar os níveis de pressão e não necessariamente terá que tomar remédio para o resto da vida. Em muitos casos, adotar hábitos saudáveis costuma ser bem eficiente.
Números podem ser maiores: 600 mil
Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e levam em conta o que está escrito na declaração de óbito.
Especialistas afirmam, porém, que os números podem ser ainda maiores: 600 mil mortes causadas por hipertensão ao longo de uma década.
Isso porque a hipertensão costuma ser mais fatal quando atinge órgãos essenciais para o funcionamento do corpo humano, como coração e cérebro.
Além disso, é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, doenças renais crônicas e morte prematura, estando diretamente ligada a casos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
A doença está presente em até 60% dos casos de infarto e 80% dos casos de AVC.
Entenda abaixo duas razões que explicam o aumento das mortes por hipertensão:
1 – Pacientes não levam pressão alta a sério
A hipertensão desafia médicos e pacientes por conta do seu caráter silencioso: em 90% dos casos, não há manifestação de nenhum sintoma.
A única forma de descobrir a doença é medindo a pressão arterial, com aquele clássico aparelho que aperta levemente o braço por alguns segundos.
Para boa parte dos médicos, apesar de ser bastante perigosa e responsável por grande parte das mortes prematuras no país (entre 30 e 69 anos), a hipertensão não é levada a sério como deveria pela maioria das pessoas.
2 – Piora no estilo de vida do brasileiro
Mas não é só por isso que acontece um “boom” da pressão alta no país: o principal ponto de preocupação está em uma piora no estilo de vida do brasileiro nos últimos anos.
Sedentarismo, má alimentação, excesso de sal, sobrepeso e obesidade são algumas das causas apontadas pelos especialistas para aumento nos números. Há também o fator genético, já que a hipertensão pode ser “herdada” da família em até 50% dos casos.
São hábitos de vida inadequados, sedentarismo, ganho de peso, distúrbio de sono, que podem surgir e contribuir para essa hipertensão. Então isso também explica por que a hipertensão está aumentando e a taxa de mortalidade atribuída a ela também.
O que é hipertensão arterial
É uma doença que tem como característica os níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. A pressão alta faz com que o coração se esforce mais do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo – o que não é legal.
O diagnóstico da hipertensão passa por dois números: 14 por 9. Se, ao medir no aparelho a pressão alcançar esses números ou ultrapassá-los, é um sinal de alerta.
Sintomas e tratamento
Apenas 10% dos hipertensos apresentam sinais da doença. Os sintomas, quando acontecem, geralmente se manifestam quando há um pico de pressão elevada e incluem:
- dores no peito,
- dor de cabeça,
- tonturas,
- zumbido no ouvido,
- fraqueza,
- visão embaçada;
- e sangramento nasal.
A hipertensão arterial não tem cura. Mas, com o tratamento adequado, pode ser controlada. O cuidado passa pela adoção de hábitos saudáveis de vida e, em alguns casos, pelo uso contínuo de medicamentos.
Faixa etária
A pressão alta é mais elevada em homens jovens, mas é mais prevalente em mulheres. Quanto maior a idade, maiores as chances de se ter a doença.
- No Brasil, cerca de 60% dos idosos têm hipertensão.
- A taxa de mortalidade da população de 60 a 69 anos é de 41,4 óbitos por mil habitantes.
- Já para a faixa etária de 70 a 79 anos, são 97 óbitos por mil habitantes.
- Esse número salta para 381,7 na população com 80 anos ou mais.
Fonte: G1