O boom do “morango do amor” nas confeitarias e docerias de todo o país e nas redes sociais foi cedo demais para os produtores da fruta no Rio Grande do Sul. O Estado está recém iniciando a sua colheita da fruta, pela região do Vale do Caí, e a alta da demanda representa lucros maiores para os agricultores de Minas Gerais. O presidente da Associação de Produtores de Morango de Bom Princípio (Bom Morango), Fábio Flach, explicou que o volume para atender o consumo extraordinário do mercado em virtude da sobremesa elaborada com caramelo e leite condensado que conquistou paladares só seria possível a partir da primavera, pois o plantio teve início em março. O desenvolvimento da fruta precisa de, pelo menos, 80 dias, em clima favorável.
“O auge da safra é setembro, outubro e novembro. E, a demanda aumentou 100%. De confeitarias e mercados. O morango virou ‘febre’ e, automaticamente, o preço subiu. Mas não é culpa dos produtores”, afirmou Flach. Ele detalha que da produção do campo até a oferta do doce elaborado com a fruta para o consumidor há diversos elementos que integram a cadeia produtiva e, na composição do preço, também incide a “lei da oferta x a da demanda”.
Flach acrescenta que a Bom Morango é composta por 43 famílias e que nesse período os agricultores conseguem colher, em média, 250 gramas por planta. No auge da safra esse número pode saltar até para 1,2 quilos por ano. Segundo o dirigente, a recente alta trouxe ganhos para aqueles com fruta disponível para vender, o que foi celebrado uma vez que muitos produtores foram afetados pelas enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul.
“Me dói falar isso, mas teve produtores que perderam tudo em maio de 2024 e esse dinheiro a mais é importante para suprir esses prejuízos”, relembrou.
O engenheiro agrônomo e gerente técnico da Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa/RS), Léo Omar Duarte Marques, confirma que a maior parte dos morangos que estão chegando no Rio Grande do Sul tem como origem Minas Gerais, apesar do Estado ser o segundo maior produtor do país. Conforme ele, na última semana o carregamento passou de 20 mil quilos para quase 40 mil quilos da fruta que são comercializados pelos atacadistas no período em torno de sete dias.
De acordo com levantamento de preços da Ceasa/RS, a explosão do interesse pelo “morango do amor” alterou o preço do quilo da fruta de R$ 25,00, em 17 de julho, para R$ 60,00, em 31 de julho. Conforme Marques, o valor mais recente superou o Dia dos Namorados, época tradicional de aumento do consumo da fruta foi de R$ 20,00 a R$ 35,00 o quilo na venda para Ceasas, intermediários e mercados. “O mercado do morango desestabilizou, teve um pequeno colapso porque faltou mercadoria”, afirmou, referindo-se há uma semana atrás.
“Nessa semana o atacado se programou”, acrescentou, apontando a alta de carregamentos recebidos.
Por: Larissa Mamouna – Correio do Povo