Trata-se de uma fuga repentina, impulsiva e aparentemente sem direção. A criança simplesmente sai correndo, mesmo em locais perigosos, como ruas, trilhas, praias ou áreas com desnível…
Mas por que isso acontece?
O elopement geralmente está relacionado a uma necessidade sensorial intensa, desorganização emocional, superestimulação ou ansiedade extrema. A criança, muitas vezes, não tem a intenção consciente de fugir, ela está apenas tentando escapar de uma situação que, para ela, se tornou insuportável. É um ato de fuga sensorial ou emocional, não de travessura…
Esse comportamento exige vigilância constante dos cuidadores, o que é física e emocionalmente exaustivo. E infelizmente, mesmo com toda atenção do mundo, acidentes podem acontecer.
Recentemente, acompanhamos com tristeza a morte de uma menina de 11 anos que caiu de um penhasco no Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul. Segundo relatos, ela era autista, e tudo indica que o que ocorreu foi um episódio de elopement. Enquanto a família fazia um lanche, ela correu repentinamente e caiu…
Não se trata de descuido, mas de uma realidade difícil e, muitas vezes, invisível para quem está de fora.
Por isso, um pedido importante: evite julgar. Se você não diria algo diretamente para essa mãe ou esse pai que neste momento estão vivendo uma dor inimaginável, não escreva nas redes sociais. Comentários cruéis só aprofundam o sofrimento.
Estamos entrando em período de férias. Viagens, trilhas, passeios… tudo isso exige planejamento, cuidado e uma atenção especial com as crianças, especialmente aquelas que apresentam alguma atipia no seu neurodesenvolvimento.
Por: Marta Hemb – PhD em Neurociências PUCRS/UCLA – Pediatra especialista em Neurologia Infantil – Gestora médica da ONG Instituto Colo de Mãe