Aos 34 anos, Joelize Friedrichs se tornou a primeira mulher brasileira habilitada para pilotar um Air Tractor AT-802, o maior avião agrícola do mundo. Natural de Não-Me-Toque, no norte do RS, ela trabalha na área há 12 anos e desde outubro integra a lista de 108 brasileiros habilitados a conduzir a máquina de 7,2 toneladas, sendo a única mulher.
Até garantir o feito, Joelize passou pela aviação privada e comercial, mas conta que só se “encontrou” mesmo na área agrícola. O início da carreira foi em 2007, quando o desejo de pilotar apareceu antes mesmo de Joelize dar seu primeiro voo. O contato com o assunto veio através do Aeroclube de Carazinho, durante uma visita da escola em que ela estudava.
— Éramos do interior e eu até já tinha prestado vestibular para o curso de Ciências da Computação, mas a partir do aeroclube brilhou o interesse. Fizemos um voo e comecei a entrar na área — lembra a piloto.
Ao longo dos anos, a aviação agrícola apareceu como a chance de conquistar novos espaços, junto de uma oportunidade de emprego no estado de Goiás. Foi a partir daí que surgiu o sonho e meta profissional de pilotar o maior avião da área, usado apenas em grandes fazendas no país.
— Eu via ele nas fotos em revistas, nunca tinha visto um pessoalmente. Até pensava “se um dia chegar a oportunidade, talvez voe” porque é o maior sonho de todo o piloto agrícola, pela capacidade e prestígio — afirma.
Desenvolvido pela fabricante norte-americana Air Tractor, o AT-802 tem 18 metros entre uma asa e outra.É o maior avião agrícola monomotor do mundo por conta de sua capacidade de carga e potência, capaz de abrigar 4,1 mil kg ou 800 galões (equivalentes a 3 mil litros).
Nas grandes fazendas brasileiras, esse avião é adquirido por conta de sua agilidade no trabalho, conseguindo percorrer inúmeros hectares em uma única carga. Podem ser usados para controle de incêndios, pulverização, transporte de combustível e reflorestamento.
“São raros até os pilotos homens”
Ser a primeira mulher a conquistar a habilitação para o AT-802 foi um incentivo da atual empresa em que Joelize trabalha, em Tapurah (MT), onde atua na aplicação de defensivos agrícolas.
Após algumas provas e testes de voo, a permissão foi concedida no dia 23 de outubro. O feito trouxe orgulho dos familiares, mas não deslumbra a piloto: ela pretende se aventurar ainda mais na profissão e continuar voando em novas temporadas, até mesmo fora do Brasil.
— Acontece que são raros até os pilotos homens e acaba que, conforme avanço, acabo sendo a primeira. Fico feliz de dar orgulho para a minha família e dar essa conquista pra eles. Mas a gente pensa em uma safra de cada vez, de conseguir começar e terminar as temporadas em segurança — finaliza.
Por Gaúcha ZH