Para Zanella, governo Schmidt deve começar a apresentar resultados em 2018

Através de um bom trabalho é que se faz a melhor política.

Assim, Eloi João Zanella assina material publicitário que elencou, ao final de seu 1º mandato à frente da prefeitura de Erechim (1977-1983), as principais realizações da gestão.

Com obras que transformaram o perfil da cidade – destaque à mudança da matriz extrativista para um perfil industrial –, o jovem filho de operário foi eleito prefeito na condição de ‘zebra’ aos 33 anos, gravando seu nome na história política local.

Hoje, aos 74 anos, e após 4 gestões como prefeito de Erechim e um mandato na Assembleia, Eloi João Zanella é mais do que um nome; é uma marca – e precisa ser respeitado.

Na manhã de quarta-feira, 1º, Zanella recebeu o BV em seu apartamento para um longo e agradável bate-papo, onde rememorou conquistas e dificuldades do passado; justificou o apoio a Luiz Schmidt, em 2016; esclareceu que a indicação para que sua esposa, Linir, ocupasse cargo no governo municipal partiu do próprio Schmidt e da 1ª-dama, Rosmari; além de reforçar a necessidade de renovação no PP local. Zazá também defendeu o pupilo Schmidt, e disse acreditar que o governo, de fato, começará a apresentar resultados em 2018.

A seguir, os principais trechos da conversa – na qual o tetra-prefeito confirma sua aposentadoria da vida pública, alegando que ‘a política do momento não lhe atrai mais’.

Em 2018, Erechim completa seu centenário. Neste período, por quatro mandatos – num total de 18 anos – coube ao Sr. dirigir os rumos do município. Em sua opinião, qual foi sua principal contribuição à cidade?

Acredito que foi identificarmos, em nossa 1ª gestão, a vocação de Erechim. Na Caixa Econômica, eu atendia a muitas pessoas que queriam empreender e crescer na vida por suas próprias forças. Isso nos permitiu trabalhar para alterar o perfil econômico, centrado no extrativismo, para algo que privilegiasse a indústria da transformação. Com esta perspectiva, nasceu o Distrito Industrial – que teve como 1ª empresa a Intecnial. Paralelo, no início dos anos 80, acredito que foi fundamental o estabelecimento de melhores condições de infraestrutura, tornando Erechim, a partir de nossa central de britagem e usina de asfalto, uma das primeiras cidades do Estado, em especial no Norte, com pavimentação em suas ruas. Além disso investimos pesado em educação, com a construção de escolas, bem como readequamos o caixa da prefeitura, que saltou de 6% de arrecadação própria para algo em torno de 32%, permitindo que fizéssemos as obras necessárias.

– O governo Schmidt, que o Sr. ajudou a eleger, se aproxima do fim do 1º ano. Qual a sua avaliação da gestão?

Para qualquer gestor, o 1º ano de governo é a hora de arrumar a casa, reunir a equipe e projetar seu estilo de administrar. Acredito que o prefeito Schmidt assim esteja procedendo para, em seguida, implantar as suas ideias. Vejo que em 2018 as coisas começarão a aparecer.

– Com isso, o Sr. quer dizer que o governo estaria parado?

Não disse isso. Veja bem, o que disse é que ele está arrumando a casa, dando continuidade a determinadas ações e, aos poucos, implantando sua visão de governo – como na área da saúde, que já está evoluindo, apesar das dificuldades que todos conhecemos.

– Certo. Mas, afinal, por que o Sr., mesmo sob pressão, decidiu não disputar a eleição de 2016, abrindo espaço para apoiar um desafeto histórico, como Luiz Schmidt?

Esta é simples de responder. Tínhamos que nós, da oposição – e aqui incluo o Antônio Dexheimer –, escolher um nome que pudesse unir aqueles que queriam tirar o PT e o PMDB da prefeitura, por termos um entendimento divergente em relação ao perfil da gestão, voltado à política e não à questão pública. Fizemos algumas pesquisas que apontaram o Schmidt como o candidato com mais perspectiva de vitória. Fechamos questão e fizemos nossa aposta. Cabe dizer, porém, que há diferença entre inimigo político e adversário político. O adversário, que no passado foi o caso do Schmidt, é alguém com quem podemos nos aproximar, já o inimigo é identificado pelo aspecto ideológico – o que dificulta qualquer aproximação.

Então, aparentemente, seria difícil uma aproximação entre PP e PMDB?

Acho difícil por uma questão doutrinária.

 

– No tocante à pasta de Cidadania, sob os cuidados de sua esposa, Dona Linir Zanella. Qual sua avaliação?

Na gestão pública, o servidor – seja CC ou concursado – precisa ser solução, e não problema. Acredito que a Neca (apelido de Linir Zanella), por seu envolvimento e interesse, esteja sendo solução, partindo da premissa de que os esforços devam ser voltados para aqueles que realmente precisam da assistência social. Sobre a indicação, te digo que dos 17 nomes do PP no governo, não indiquei ninguém; muitos menos ela – que foi convidada a assumir o cargo pelo prefeito e sua esposa. Do mesmo modo, a decisão de aceitar o desafio, ou não, coube a Linir. E ela o fez. Como companheiro, dou meu apoio e contribuo quando, e se, chamado.

– Nos bastidores, especula-se que o PP poderia deixar a base de apoio do governo Schmidt e Lando. Isso procede?

Acredito que não. Temos que, unidos, assumir o ônus e o bônus de nossa escolha e contribuirmos para que dê certo.

– O que o PP de Erechim, que hoje conta com apenas um vereador eleito, precisa fazer para recuperar o protagonismo de uma década atrás, quando o partido tinha o comando da prefeitura?

O partido para voltar a ser grande precisa renovar seus quadros, ampliar o número de filiados e mobilizar a militância para as disputas eleitorais. Nesta linha, defendo que tenhamos em âmbito local candidaturas ao legislativo, e, também, ao governo do RS. Só assim saberemos o nosso tamanho e representatividade. Sobre Brasília, sinceramente, evito falar – até porque lá não tem partido A ou B, o que tem é um conluio de interesses.

E quem poderia ser o nome local para concorrer a deputado pelo PP?

Olha, ontem estive conversando com o (José Rodolfo) Mantovani sobre o tema. Ele, por ter encarado as eleições de 2012, 14 e 16 é um nome que precisa ser ouvido – e que teria a preferência. Caso ele não concorra, temos boas alternativas.

Uma delas seria Jackson Arpini?

É um bom nome, mas depende dele, primeiro, se filiar ao PP, e, segundo, confirmar a intenção de concorrer. Uma coisa, porém, é certa: precisamos ter um nome daqui na disputa, e, caso isso se confirme, vou conversar com o Celso Bernardi (presidente do PP/RS) e pedir para que candidatos do PP de outras regiões não venham buscar os votos aqui no Alto Uruguai.

– Há cerca de quatro meses, em conversa informal, o Sr. manifestou a opinião de que está na hora de a população não reeleger nenhum dos deputados com mandato em Brasília. Mantém esta posição?

Mantenho. Não sei quem é quem em Brasília. Eles não dão bola para o partido e nem para o povo, em nome dos interesses próprios. O pessoal, tirando fora uns 30% que são honestos, só pensa em proteger uns aos outros. O mesmo vale para o governo federal.

– O Sr. pensa em voltar a concorrer a cargos eletivos?

Olha, estou numa fase boa da vida e pensando em aproveitá-la ao máximo, enquanto posso e tenho saúde. Quero viajar, conhecer lugares, aumentar a constância de minhas visitas ao meu filho e netos, nos EUA. Enfim, a política não me atrai mais, até pelo modo como vem sendo conduzida. Não concordo com aqueles que querem fazer de nosso país um estado comunista, nem com esta perspectiva da diversidade de gêneros. Sou conservador, e não vou mudar. É melhor, portanto, ficar fora. Já dei minha contribuição, e acredito que tenha sido bem sucedido nesta tarefa.

Eloi Zanella nasceu em casa, na Av. Presidente Vargas, em Erechim, no dia 9 de março de 1943. Quando criança morou no KM-7/Capoerê. Lá, em contato com os animais e a natureza, diz ter vivido os anos mais lindos de sua vida – aprendendo, ainda, que a vida se ganha trabalhando.

‘É preciso que Erechim e região voltem seu foco para o Centro e Norte do país, com a necessidade, por exemplo, de duplicação das rodovias que ligam o município a Concórdia e Passo Fundo’.

Por Salus Loch 

 

 

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