Onda de calor de fim de verão trará máximas até 10ºC acima do normal

Onda de calor muito intensa e prolongada afetará o Brasil nos últimos dias do verão de 2024. Isso porque uma bolha de calor vai se instalar sobre o Norte da Argentina e o Paraguai com temperatura muito alta em vários estados do Brasil. Os últimos dias da estação vão se dar com temperatura muito acima da média em parte do país com marcas nos termômetros até 10ºC acima do que é normal para esta época do ano, potencialmente estabelecendo alguns recordes históricos para março.

O período de calor excessivo será prolongado em vários estados, uma vez que vai se estabelecer um bloqueio atmosférico que vai impedir o avanço de frentes frias, levando à sequência de muitos dias seguidos de temperatura acima a muito acima das médias históricas. A instabilidade ficará retida entre 30ºS e 35ºS com muita chuva e temporais frequentes no Centro da Argentina, Uruguai e parte do estado gaúcho.

A onda de calor será tão prolongada, ao menos de dez dias em alguns estados, que o calor excessivo vai se estender até o fim do verão, que ocorre pelo equinócio no dia 20 de março, à 0h06. Mais ao Sul do Brasil é que se espera que chegue um alívio antes por chuva e temporais, mas vai seguir por demais abafado. O centro da bolha de calor vai estar situado sobre o Norte da Argentina e o Paraguai, onde são esperadas as mais altas temperaturas. As máximas em províncias do Norte argentino e em algumas cidades paraguaias nesta semana pode atingir valores tão altos quanto 43ºC a 45ºC.

A onda de calor deve afetar grande parte do Centro-Sul do Brasil. Os estados que mais devem ser impactados pelas temperaturas muito acima da média são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, parte de Goiás, grande parte de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O Mato Grosso terá calor, mas que não desviará muito em relação ao que já vem se registrando. Ondas de calor em março não são incomuns na climatologia histórica, mas ocorrem com menos frequência no Sul do Brasil que em dezembro, janeiro e fevereiro. Já no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil, período tão prolongado de temperatura tão alta foge ao normal porque março ainda é temporada chuvosa, que costuma frustrar eventos de calor excessivo prolongados, que normalmente ocorrem nestas regiões no final da temporada seca, no fim do inverno e na primeira metade da primavera.

ONDA DE CALOR NO SUL

Pela proximidade da Argentina e do Paraguai, os três estados do Sul serão afetados pela onda de calor com temperatura muito acima dos padrões históricos de março durante esta semana. O Oeste da região, em especial, terá calor mais excessivo, mas marcas por demais elevadas também devem ser esperadas em outras áreas dos três estados. No Rio Grande do Sul, o calor ganha força principalmente a partir da terça-feira com máximas generalizadas acima de 30ºC. Os dias mais quentes devem ser a quarta e a quinta. Máximas de 37ºC a 39ºC podem ocorrer no Oeste, no Noroeste e nos vales. Mesmo a Serra não deve escapar do calorão com registros de 33ºC a 34ºC na quinta. Porto Alegre terá 34ºC na terça, ao redor de 35ºC na quarta, 36ºC a 37ºC na quinta e alguns dados indicam a possibilidade de máximas em torno de 35ºC ou mais na sexta antes da chuva. Na Grande Porto Alegre, onde aquece mais no Vale do Sinos pelo relevo local, deve ter marcas 2ºC mais altas, ou seja, pode bater em 37ºC a 38ºC na segunda metade da semana.

Em Santa Catarina, o período muito quente começa nesta semana e vai persistir durante a semana que vem. Máximas ao redor de 40ºC, por exemplo, podem ocorrer no Sul do estado e na fronteira com a Argentina no Oeste no final desta semana. O momento inicial da onda de calor em Santa Catarina será com tempo mais seco, favorecendo máximas mais extremas, mas no próximo fim de semana e durante a semana que vem o padrão muda. A atmosfera seguirá muito quente, mas com umidade. Isso vai trazer dias extremamente abafados, noites muito quentes e episódios de chuva que isoladamente terão volumes excessivos com tempestades de vento e granizo.

No Paraná, a temperatura estará acima da média em todas as regiões por muitos dias com calor excessivo em diferentes cidades até o final do verão no dia 20. A temperatura se elevará muito ao longo da semana com máximas ao redor de 40ºC no Oeste, na área de Foz do Iguaçu e outras cidades. No começo da semana que vem, com ar ainda muito quente e maior umidade, chuva – isoladamente intensa- e temporais começam a ficar mais frequentes.

COMO A BOLHA DE CALOR AFETARÁ O CENTRO-OESTE

O Mato Grosso do Sul deve ser o estado mais impactado pela bolha de calor sobre o Paraguai. Máximas acima de 37ºC devem ser esperadas em grande parte das cidades com marcas ao redor e acima de 40ºC em algumas até o fim do verão. Na fronteira com o Paraguai e a Bolívia, em especial na região do Pantanal, o calor será mais intenso com máximas que em alguns pontos passam dos 40ºC. O calor excessivo deve se estender ao Sudoeste do Mato Grosso e a parte de Goiás, especialmente o Sul do estado goiano.

E A ONDA DE CALOR NO SUDESTE?

A região mais populosa do Brasil também sofrerá os impactos desta onda de calor. O interior de São Paulo, que experimenta um verão muito quente, terminará a estação com calor intenso. A temperatura se eleva gradualmente nos próximos dias coma as máximas mais elevadas a partir da segunda metade da semana, quando registros acima de 35ºC serão comuns em grande parte da cidades com máximas ao redor de 40ºC em algumas.

Na cidade de São Paulo, a bolha de calor fará com que a chuva seja mais escassa durante os próximos dez dias com predomínio do tempo firme, em padrão que recorda mais o mês de setembro que março. Isso contribuirá para uma escalada da temperatura com tardes de temperatura muito acima dos padrões desta época do ano.

O calor na capital paulista deverá persistir praticamente até quase o final do verão. A partir do final desta semana, o aquecimento se acentua com dias seguidos com marcas ao redor e acima de 35ºC. Não são descartadas máximas tão altas quanto 36ºC ou mais na cidade que tem como recorde histórico de março 34,3ºC, ou seja, é muito factível que esta onda de calor quebre o recorde de temperatura máxima de março na cidade de São Paulo e em diferentes dias.

O calor aumenta muito na segunda metade da semana também em várias regiões do estado de Minas Gerais com diminuição expressiva da chuva em muitas áreas, o que vai propiciar a intensificação do calor. Em Belo Horizonte, o período de 15 a 20 de março deve ser especialmente quente com precipitações muito menos frequentes. No Rio de Janeiro, igualmente, o período de 15 a 20 de março deve ser de calor intenso a excessivo. A cidade do Rio de Janeiro enfrentará tardes de calor extremo para março com máximas perto e acima dos 40ºC por vários dias. As noites também devem ser muito quentes na capital fluminense.

O QUE É UMA BOLHA DE CALOR

Uma bolha de calor, que se denomina também de domo ou cúpula de calor (em Inglês é chamada de heat dome) ocorre com áreas de alta pressão que atuam como cúpulas de calor, e têm ar descendente (subsidência). Isso comprime o ar no solo e através da compressão aquece a coluna de ar. Em suma, uma cúpula de calor é criada quando uma área de alta pressão permanece sobre a mesma área por dias ou até semanas, prendendo ar muito quente por baixo assim como uma tampa em uma panela. Esta bolha de calor de agora vai estar com seu centro entre o Paraguai e o Centro-Oeste do Brasil. É, assim, um processo físico na atmosfera. As massas de ar quente se expandem verticalmente na atmosfera, criando uma cúpula de alta pressão que desvia os sistemas meteorológicos – como frentes frias – ao seu redor. À medida que o sistema de alta pressão se instala em determinada região, o ar abaixo aquece a atmosfera e dissipa a cobertura de nuvens. O alto ângulo do sol de verão combinado com o céu claro ou de poucas nuvens aquece ainda mais o solo.

Evidências de estudos sugerem que a mudança climática está aumentando a frequência de cúpulas de calor intensas, bombeando-as para mais alto na atmosfera, algo não muito diferente de adicionar mais ar quente a um balão de ar já aquecido. Por isso, vários estudos apontam aumento da intensidade, duração e frequência de ondas de calor no Brasil e ao redor do mundo.

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Fonte: MetSul Meteorologia

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