Claro que tem. Contudo, inúmeras vezes debatemos essa questão no BV Esportes da Rádio Cultura, principalmente depois de mais um jogo com um público pequeno. Defendo uma pesquisa na cidade para identificar e traçar o perfil dos torcedores do clube Canarinho. Minha hipótese é que a torcida do Ypiranga é do tamanho da que comparece, em média, aos jogos no Colosso da Lagoa. Não é por acaso que um dos mais visíveis espaços de publicidade nos jogos seja a arquibancada do lado oposto ao pavilhão social. Temos em Erechim um grande estádio para uma cidade média em termos demográficos. Estamos no Estado em que Grêmio e Internacional estão por todos os lados, fora a concorrência com a TV a cabo que passa futebol 24h. A verdade é que temos bravos torcedores e torcedoras do Ypiranga, geralmente associados(as) do clube que frequentam o estádio. De resto, temos algum público significativo em jogos diferenciados, como recentemente na Copa do Brasil (e muito longe de encher o estádio) e com a dupla Grenal, e um fenômeno curioso bem constatado pelo Fábio Lazarotto (de quem me orgulho de ser reserva nessa coluna): o pessoal de Erechim parece gostar de uma divisão de acesso, momento em que os patrocinadores da arquibancada ficam com suas marcas menos visíveis no concreto. O Ypiranga tem uma grande história, tem tradição no interior gaúcho e, ao jogar a Série C nacional, marca presença importante num seleto grupo de 60 clubes do futebol brasileiro. Porém, não consegue ter abrangência regional e mobiliza cerca de 1% de Erechim. Proporcionalmente, muito menos do que o Atlântico no futsal. Por isso, o Colosso da Lagoa poderia ser bem menor e o Caldeirão do Galo bem maior. Um estádio com capacidade entre 8 e 10 mil pessoas estava mais do que bom para o Ypiranga que, finalmente, poderia jogar em casa, com a torcida fazendo a diferença. Para mudar isso, somente com uma mudança efetiva nas ações do clube. A atual gestão parece estar entendendo isso. Como dizia o Nelson Rodrigues, só os profetas enxergam o óbvio. Seja um profeta, presidente Prof. Adilson Stankiewicz: (re)aproxime o Ypiranga de nossa comunidade.
Futebol em Portugal
Sempre que possível, vou ao futebol aqui em Portugal. Tive a oportunidade de ir a jogos do Campeonato Português, da Europa League e da Champions League. Conheci os três estádios da capital, Lisboa, mais o Estádio do Dragão (do F.C. do Porto), o Estádio do Bonfim (Setúbal) e o Estádio Municipal de Braga, no norte do país, que foi construído em uma pedreira.
Mesmo tendo um dos principais jogadores do mundo, Cristiano Ronaldo, e ser o atual campeão da Europa, Portugal não tem times que joguem um futebol de primeira linha. Mesmo os três grandes (Benfica, Sporting e Porto) são equipes médias. O Benfica foi eliminado na primeira fase da Champions League 2017-2018 e o Porto caiu nas oitavas de final tomando 5 a 0 em casa do Liverpool. Estive nesse jogo e afirmo que o resultado representa a diferença média entre os clubes portugueses e ingleses na atualidade. O grande nome do futebol que se joga aqui em Portugal é Jonas, ex-atacante do Grêmio. Pelo que vi por aqui, para quem gosta de jogo ruim o futebol português é uma beleza.
Três Grenais
Depois de somente um Grenal em 2017, aquele do Gauchão que terminou em 2×2 na Arena, tivemos num curto espaço três Grenais. E só tivemos pela incompetência do chamado “time de transição” do Grêmio no início do campeonato e pelo desleixo do Internacional que poupou (para jogar com o Boavista e o Cianorte pelas fases iniciais da Copa do Brasil…) jogadores em algumas partidas. O Resultado dos três jogos foi Grêmio 5×3 Internacional. O Grêmio precisava pontuar no primeiro jogo da última rodada da fase de classificação. Deu um baile no primeiro tempo e viu o Internacional reagir no segundo. O 1×2 no Beiro Rio garantiu a classificação tricolor e a realização de mais dois Grenais, agora no mata-mata das quartas de final. O jogo da Arena foi de imensa superioridade do Grêmio, com o 3×0 ficando até barato, ainda que em boa parte do primeiro tempo o Internacional tivesse tido chances de marcar. Com esse resultado embaixo do braço o Grêmio entrou em campo no Beiro Rio e encontrou um Internacional disposto a mostrar sua força. E com dois gols de bola parada, o Inter deu seu recado. Ganhou, recuperou certa confiança para continuar o ano, mas saiu precocemente do Gauchão. O Grêmio será o campeão gaúcho de 2018, título que não conquista desde 2010. O Grêmio segue com um time entrosado, com um padrão de jogo, com bons jogadores titulares e, com as contratações desse ano, com boas opções no banco. O Internacional tem potencialidades e pode fazer uma boa campanha nas competições nacionais. Salvo algum fato novo, a temporada de 2018 da dupla Grenal manterá a nossa “gangorra”, feliz expressão criada pelo Lauro Quadros.
Na quadra
Mal começou o ano e o Atlântico já tem um vice-campeonato. Montou um grande elenco para essa temporada e a expectativa por resultados é grande. Nossa comunidade gosta de futsal e abraça o verde-rubro das quadras. Sempre que a expectativa é grande, a decepção pode ser igualmente grande. Faz parte. Fazer o quê se o Atlântico nos acostumou mal?
Reforço de peso
Ele e o microfone são velhos conhecidos. O radialista de Marcelino Ramos, o professor em sala de aula e o mestre de cerimônias têm em comum a capacidade de se expressar, de construir ideias e compartilhar emoções. Ele, o Conça, o “lindão” ou, simplesmente, Ricardo Conceição, está na bancada do BV Esportes da Rádio Cultura. Perto dele, nem posso ser considerado um comentarista identificado com o Grêmio. Pela amizade, fico feliz em escutar e dialogar com o Ricardo pela Rádio Cultura. Claro, depois dessa moral que estou dando a ele, o mínimo que espero é que me pague uma cerveja gelada no meu retorno a Erechim. Se der uma de Salus Loch, nosso competente amigo jornalista e escritor, que tem a capacidade de atravessar o Rio Tigre a nado com um Sonrisal fechado na mão, tudo bem, eu pago a cerveja e mais: convidarei meu amigo, o “mestre” Mano, o meu irmão Fábio, nosso presidente Egídio “Caça-Rato” e o Rafael Silva, nosso Buja. Durante a confraternização, faremos um brinde especial ao amigo que estará longe, Luís Fernando. A vida sem os amigos, os livros, o futebol e a rádio seria quase insuportável.
Thiago Ingrassia Pereira (de Lisboa, Portugal)