Erechim já é uma cidade centenária, mas nem sempre foi chamada assim. Erechim já foi Paiol Grande (que agora é um bairro perto das Três Vendas), Boa Vista, Boa Vista de Erechim e José Bonifácio (agora, uma escola localizada no centro do município).
Nosso município é um polo regional e referência no Alto Uruguai, no norte do Rio Grande do Sul em diversas áreas: saúde, educação, comércio. Isso não isenta a cidade de problemas no funcionamento dessas áreas, podemos observar em uma linha do tempo avanços e regressos em nossa história: uniformes para todas as crianças das escolas municipais, mas, ao mesmo tempo, adota um sistema apostilado que pode talvez retirar alguma autonomia dos professores e professoras, sendo as apostilas grande parte da reclamação de alguns dos docentes da rede municipal[1].
Muitas vagas de trabalho em aberto (de fato, não há falta de trabalho), mas na contra-mão, salários não convincentes e jornadas de trabalho exaustivas.
Aberturas de novas UBS em bairros e distritos mais afastados do centro, gerando um acesso mais fácil para essas comunidades, levando saúde para a população, porém, ainda lidamos com filas grandes de espera e problemas de funcionamento e atendimento, mas não tanto quanto uma capital se compararmos com Porto Alegre, por exemplo, nosso SUS funciona excelentemente (mas isso não é justificativa para não melhorarmos e dizer que pode continuar do jeito que está).
Com a chegada da Universidade Federal, o Instituto Federal e a Universidade Estadual, o município virou um grande polo universitário e estudantil, produzindo pesquisas de ponta em diversas áreas, importantes não apenas para a região mas em nível nacional, alcançando até mesmo cursos de doutorado procurados por todas as regiões em nossa nação. São valorizadas essas instituições?
“Cidade da amizade”, esse termo para mim é muito importante. Nunca chamei qualquer pessoa de amigo, pois amigo é aquela pessoa na qual temos compromisso, respeitamos e acolhemos; em nossa cidade, quem acolhemos?
Faço essas perguntas para que ajudem vocês a pensarem (e a mim também), porque a história não é uma linha reta, tampouco ela muda sozinha. Nós, homens e mulheres, mudamos a história. Ganhamos muitas coisas porque fomos nós quem construímos, fomos atrás enquanto comunidade de reivindicar a nossa cidade.
A Pedagogia da Pergunta, posta por Paulo Freire, nos coloca não para julgar, mas para pensar! Pensar como podemos melhorar a nossa cidade, onde vivemos e habitamos em coletivo, todos e todas devem se sentir incluídos, a cidade deve atender as necessidades e anseios das pessoas que moram aqui, e não um ou outro, mas TODOS e TODAS que fazem parte dessa história: homens, mulheres, pessoas da comunidade LGBT, de todas as classes sociais, de todos os gêneros, de todas as cores, de todas as nacionalidades, etnias, culturas, religiões, TODOS FAZEM PARTE DA NOSSA HISTÓRIA.
Os direitos e a cidadania de todas essas pessoas devem ser cumpridos: o SUS deve funcionar para TODOS(AS), a educação de qualidade é para TODOS(AS), a comida na mesa também, entre tantos outros.
Vamos fazer essa cidade acontecer? Vamos ir atrás de mais conquistas? A responsabilidade também é sua, é de todos nós. Viva Erechim, 107 anos!
Entre Aspas
A 26ª Feira do Livro está acontecendo como um presente: dia 30 de abril foi aniversário do município e já no dia 01 de maio tivemos a abertura excelentíssima da nossa feira, tão marcante para a cidade. Visite a Feira do Livro, que acontece na Praça Jayme Lago, agora chamada de Praça do Livro! O dizer a sua palavra também irá lançar seu mais novo livro: (Vi)ver e Dizer a sua palavra, dia 04 de maio a partir das 16h30, venha compartilhar esse momento conosco e registrar mais um marco na história de Erechim.
Kaylani Dal Medico.
Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFFS Erechim.
Bolsista do Projeto de Extensão “Dizer a sua palavra”: democratização da cultura popular e da comunicação
kaylanidalmedico@hotmail.com
[1] Ver: https://www.pmerechim.rs.gov.br/noticia/17428/16-melhor-educao-do-pas–uniforme-escolar-e-sistema-de-ensino-com-apostilas-e-plataforma-educacional-so-os-grandes-investimentos-do-ano