O LIVRO QUE ENFRENTA OS MEDOS DA MATEMÁTICA E DA VIDA

“Se um dia fosse chamado pra tocar no céu eu ia

Ia lisonjeado, cê pode apostar que eu ia

Leve como uma pluma, melhor, uma melodia”

(Emicida, São Pixinguinha, 2021)

 

“Entre Estrofes, Versos e Números” é o mais novo livro organizado pela Professora Doutora em Educação Matemática, Adriana Richit, Docente na Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim e ilustrado por Kaylani Dal Medico. O livro, em especial, tem por objetivo dar voz às estudantes graduandas de Pedagogia (e em seu simbolismo, a todos e todas os/as estudantes) que poetizam em versos sobre a matemática, seus sonhos e temores em relação ao Ensino Superior. O livro foi publicado pela editora Pedro & João[1] e está disponível gratuitamente a quem quiser acessar e se encantar com as poesias que versam sobre vidas que foram atravessadas pela matemática e o Ensino Superior.

Era a Professora Adriana quem ministrava aulas na matéria de Ensino de Matemática I no Curso de Licenciatura em Pedagogia (turma que ingressou na Universidade em 2022) quando, após a realização da atividade “A Arte da Matemática: Matemática e Arte” que desafiava as estudantes a escreverem poesias sobre a Matemática e o Ensino Superior na Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim. Após ler as produções, a professora idealizou a proposta de um livro que dá voz às estudantes, e o projeto saiu da caixa!

Tirar um projeto do papel, ter uma ideia… Muito diferente de ter a possibilidade! Gênios como nós, a todo momento, temos teias e deslumbres de tantas esperanças e invenções, “Temos um livro com nosso nome, que incrível, obrigada prof por nos proporcionar essa conquista”, diz uma das autoras de poesias do livro.

Pois é, nem sempre gênios, poetas, artistas, pesquisadores tornam-se gênios, poetas, artistas, pesquisadores: no nosso país, não adianta ter uma ideia, precisa ter oportunidades, precisamos de professores e professoras que invistam nos sonhos das pessoas e acreditem que as alunas e alunos são capazes, têm ideias; só precisam das oportunidades, precisam “ser chamados para tocar no céu”, como diria Emicida.

Debate esse que chega em nosso município, afinal, Erechim é uma cidade de forte formação de professores(as): Curso Normal, Licenciaturas tanto da rede pública, quanto da privada, sejam presencial e/ou EAD.

O processo de tornar-se professor e professora, independente da área do conhecimento, requer um enfrentamento da própria existência: além de professor(a), é gente, e por ser gente é professor(a), ou seja, sente medo e alegria, tem sonhos e princípios, posicionamentos políticos e história própria.

Nesse sentido, é próprio que antes de professor(a), foi estudante: foi “melhor” ou “pior” em alguma matéria da escola, como a Professora Adriana Richit menciona, “experiências negativas, muitas vezes traumáticas e perturbadoras, as quais frequentemente têm impactado na aprendizagem de ideias e conceitos matemáticos, na formação para a docência e, posteriormente, na prática de sala de aula no ensino da Matemática” (Richit, 2025, s/p)[2].

Assim, a escrita sobre seus sentimentos, dá a possibilidade de reflexão sobre esses sentimentos positivos e negativos relativos à Matemática (neste caso) e como isso repercute na trajetória escolar e profissional das pessoas.

Como no Projeto Dizer a Sua Palavra trabalhamos com a Pedagogia da Pergunta, fica a provocação aos leitores e leitoras: Como é a formação dos nossos professores e professoras da região? Ela humaniza a pessoa que vem antes e depois de ser professor(a) ou apenas forma mão de obra?

Entre Aspas

Em matéria, o Correio Braziliense[3] coloca que a matéria mais odiada pelos brasileiros e brasileiras é a matemática, isso baseado na Pesquisa do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). A pesquisa mostra que entre 10 estudantes, apenas 3 conseguem interpretar (aos 15 anos) um problema matemático e resolvê-lo.  Nesta matéria realizada pelo Correio, os professores apontam que o problema começa na formação dos professores e na falta de significado da matemática escolar com o contexto dos alunos.

Kaylani Dal Medico.

Discente do Curso de Licenciatura em Pedagogia da UFFS Erechim.

Bolsista do Projeto de Extensão “Dizer a sua palavra”: democratização da cultura popular e da comunicação

kaylanidalmedico@hotmail.com

[1] Ver: https://pedroejoaoeditores.com.br/

[2] RICHIT, Adriana (org). Entre estrofes, versos e números. São Paulo: Pedro e João, 2025.

[3] Ver: https://www.correiobraziliense.com.br/euestudante/educacao-basica/2022/05/5006013-brasil-nao-atinge-media-em-uma-das-disciplinas-mais-temidas-pelos-estudantes.html