Às vezes ter uma carreira no Brasil e um nome com credibilidade pode ser o suficiente para sossegar na vida. Mas para o jornalista João Stock e a esposa, Joice Conte, isto não foi o bastante.
Há dois anos, João e Joice decidiram largar tudo: carreira, estabilidade, família e amigos, para arriscar uma nova vida na Europa.
Deixaram Erechim para trás e escolheram a República da Irlanda a fim de começar do zero. Venderam tudo o que tinham, juntaram as economias e partiram.
Dois anos depois de muita ralação, João diz entender que, finalmente, ‘chegou a sua vez’. Ele garantiu emprego na Accenture, a maior empresa de consultoria e serviços do mundo e prestará serviço para uma grande empresa global de redes sociais – que, por exigência de contrato, deve ter seu nome mantido em sigilo.
A seguir, a coluna reproduz a vida de João, contada pelo próprio.
“Desde nossa chegada aqui, foram diversos os empregos. Fui ajudante de cozinha, trabalhador de chão de fábrica em uma lavanderia industrial, faxineiro e supervisor de faxineiro. Foram inúmeros os dias andando dezenas de quilômetros de bicicleta na chuva e na noite fria de temperaturas negativas, aguentando horas em pé de trabalho, sentindo dores no corpo, ou turnos intermináveis em atividades braçais para conseguir juntar dinheiro.
Havia sábados que o trabalho começava às 16 horas e terminava às 2h. Seria mentira dizer que foi fácil para mim e minha esposa. Houve muito tempo em que não sabíamos o que fazer para mudar de vida e pensamos em desistir. Em dois anos não viajamos, nem nos divertimos de verdade. Foram muitas às vezes que contamos as moedas para fechar as contas. A qualidade de vida no início, de certa forma, foi menor do que no Brasil.
Porém, agora, olhando tudo o que passamos, valeu muito a pena. Minha esposa está prestes a fazer cursos dentro da área dela, de Design, os quais a gente nem imaginava no Brasil. Logo ela deverá conseguir algo de grande importância na carreira também, já que o Design aqui tem muito valor.
Sobre minha carreira, a Accenture dá plena liberdade para colocar minhas ideias em prática, desenvolvendo novos produtos, melhorando a comunicação com os usuários e trabalhando com o português e o inglês. As oportunidades para crescer são diversas e o valor que o currículo ganha abre infinitas portas.
A companhia dá inúmeros benefícios, como plano de saúde, auxílios para estudar, dias pagos para viajar – sem descontar das férias –, alimentação completa com todas as refeições em um restaurante exclusivo para funcionários com três buffets diferentes, oferecendo uma infinidade de opções, além de lanches variados, cafés, sucos, bebidas, tudo à vontade, entre tantas outras vantagens.
Existem sofás ou salas para relaxar e também trabalhar, se assim preferir. A qualidade de vida e de trabalho são prioridades – nunca tive isso em nenhum trabalho anterior.
Como colegas, tenho pessoas de nacionalidades de todos os continentes, com diferentes experiências de vida e cultura. Ouço todos os dias histórias do mundo inteiro, não sei explicar o quanto isso me alterou como pessoa.
Se soubesse teria vindo bem antes dos meus 30 anos. Graças à minha esposa, que me ajudou muito, em todos os momentos difíceis, isso tudo virou realidade. Em um dia eu trabalhava como faxineiro, em outro recebi um telefonema, de que fui bem sucedido na entrevista e passei a fazer parte de uma grande empresa, em algo que no Brasil eu não pensava. Não há como explicar a sensação de ter finalmente conseguido.
Sempre encorajo todos aqueles que estão insatisfeitos com sua vida ou profissão ou que simplesmente desejam algo a mais, a arriscar, a tentar mudar de vida. Mesmo aqueles que não possuem descendência europeia, existem muitas oportunidades no bloco, para quem domina inglês e português. Montem um bom currículo, aprendam a língua, invistam no LinkedIn, que esse é um bom caminho. A vida é uma só, é preciso querer mais do que podemos enxergar”.
João Stock sonhou, enxergou e fez.
Sonhar, realmente, vale a pena.
Por Salus Loch