Encerrando o ciclo de entrevistas com os três últimos ex-prefeitos de Erechim, além do bate-papo com o atual mandatário municipal, Luiz Schmidt (PSDB) (publicado em 13 de outubro), a coluna reproduz nesta edição trechos da participação de Paulo Polis (PMDB) no programa Estúdio Boa Vista, da Rádio Cultura, na manhã desta 4ª-feira, 8.
Sabatinado pelos colegas Egídio e Fábio Lazzarotto, Polis mostrou uma maturidade que só o tempo (e talvez os dois mandatos à frente do executivo local), pode emprestar.
Cotado para concorrer a deputado federal em 2018 pelo seu novo partido, o PMDB, Polis sabe que só chegará lá (em Brasília) caso saiba construir pontes. Pregando a união, e um entendimento que vai além dos simples interesses político-partidários, o ex-prefeito defende o estabelecimento de um consenso mínimo em torno de uma candidatura regional – que não passa necessariamente pelo seu nome.
Ao que tudo indica, Polis, que retomou a carreira na Caixa Federal e ocupa cargo de gerência na unidade das Três Vendas, continua querendo acelerar, mas reconhece que não deve atropelar etapas ou pessoas para alcançar mais rápido o seu objetivo.
Retomada na CEF
‘Conclui o mandato na prefeitura de Erechim, em 31 de dezembro de 2016, e retornei às atividades na Caixa Econômica Federal, onde sou servidor de carreira. Passei pelos vários estágios e capacitações previstas e, hoje, depois de atuar durante cerca de 8 meses no atendimento-geral, desempenho minhas funções na gerência geral da agência Três Vendas. Estou confortável e feliz fazendo o que gosto’.
Então por que voltar à política?
‘Me realizo trabalhando com pessoas. Promover melhorias àqueles que mais precisam, querem ou merecem uma oportunidade é algo que me motiva e renova. Ao mesmo tempo, e vendo que a política é um dos caminhos para fazermos o bem aos outros, não consigo nem quero me afastar dela’.
Nesta lógica, o Sr. é candidato a deputado federal, em 2018?
‘Não serei candidato de mim mesmo, até por que temos diversos outros bons nomes que podem concorrer, como a ex-vice-prefeita Ana Oliveira, os ex-prefeitos Zanella e Dexheimer, o atual prefeito Schmidt, e outros tantos, como os já pré-declarados Rafael Ayub e Vanei Mafessoni, aos quais respeito. Entendo, porém, que esta é uma discussão que deve ter amplitude regional, alcançando não apenas Erechim. É hora do Alto Uruguai, depois de 20 anos, decidir se quer e precisa de um representante em Brasília, para defender os interesses locais e nos representar na mudança que se faz necessária. Não serei empecilho para a construção de um nome que possa unir e representar a todos”.
Viabilidade eleitoral, emendas e prioridades
‘A construção do nome deve passar, também, pela análise do cenário e da viabilidade eleitoral dos candidatos. Haverá renovação em Brasília, e o cavalo está passando encilhado para o Alto Uruguai. Acredito que com 60 mil votos conseguiremos eleger um representante local, que deverá tratar como prioridade aquilo que é fundamental para nós. Ou, vocês acreditam que alguém de fora da região vá colocar como prioridade número 1 do mandato a Transbrasiliana ou as melhorias que o Hospital Santa Terezinha precisa? Além disso, devemos ter mais de R$ 70 milhões em emendas que podem ser direcionadas direto para cá, e hoje não o são. É hora de sairmos da 2ª divisão da distribuição dos recursos públicos para a 1ª divisão’.
Saída do PT
‘Fui muito feliz e sou grato ao PT pela oportunidade que tivemos de implantar um novo jeito de governar Erechim, durante 2009 a 2016. Praticamos e implementamos, na essência, os princípios que nortearam a fundação do Partido dos Trabalhadores, com o olhar social voltado, de verdade, à ponta. Cito as centenas de vagas em creche criadas, a Universidade Federal gratuita, a duplicação do Instituto Federal, os projetos Minha Casa Minha Vida, a atenção à Agricultura Familiar, o Orçamento Participativo, que levou obras e ações, em parceria com a comunidade, a todos os bairros e interior. Enfim, penso que este legado construído em Erechim, com a ajuda de muitos, pode ser replicado e ampliado para todo o Alto Uruguai, independente de sigla partidária. É uma questão de querermos’.
Avaliação do governo Schmidt
‘É preciso respeitar a vontade das urnas. Por uma margem mínima, é verdade, a população escolheu um projeto, representado pelo prefeito Luiz Schmidt. Penso que devemos dar tempo para que ele imprima suas ações, e que de fato elas aconteçam o mais breve possível. Certamente, porém, nosso perfil de governar era diferente. Torço para que o prefeito mais acerte do que erre’.
Por Salus Loch