O município de Caraá, no Litoral Norte, enfrenta novamente problemas em função da passagem de um ciclone extratropical. A Defesa Civil informou, nesta sexta-feira (14), que mais de 80% da cidade está sem energia elétrica e água.
— Temos apenas 15 desalojados que estão temporariamente fora de casa por riscos de deslizamentos — explica o coordenador da Defesa Civil do município, Antônio Augusto Borges.
— Este segundo ciclone não chegou a afetar tanto o município — acrescenta.
A cidade ainda se recupera dos estragos causados pelo evento climático anterior, que atingiu o Rio Grande do Sul na segunda quinzena de junho e deixou cinco mortos na localidade.
— Durante a madrugada, os rios Caraá e dos Sinos transbordaram, mas já voltaram ao seus níveis normais — esclarece o coordenador.
Nesta sexta, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinela dos Sinos, localizado no centro da cidade, estava praticamente vazio. Porém, muitos donativos de alimentos e material de limpeza e higiene ocupam o espaço.
A calçadista Madalena Silveira de Anflor Silva, 38 anos, esteve no local às 9h para buscar donativos.
— Foi a primeira vez que vi Caraá toda destruída, mas, graças a Deus, não sofremos perdas — relata a moradora do Rio do Meio em relação ao ciclone do mês passado.
A prefeitura também montou um ponto de apoio na Igreja Adventista da comunidade do Rio dos Sinos, para abrigar pessoas que estavam em zonas com riscos de inundação e deslizamentos. Neste local, estão os 15 desabrigados temporários.
“Perdi toda minha casa no primeiro ciclone”
A aposentada Evanir da Silva, 68, também buscava mantimentos no CTG na manhã desta sexta-feira.
— Perdi toda minha casa no primeiro ciclone — lamenta a moradora da localidade de Rio do Meio.
A casa dela ficava às margens do próprio Rio do Meio.
— Estou com essa idade e nunca vi uma coisa assim em Caraá. Foi apavorante — revela, dizendo que a residência foi reconstruída, mas que não tem coragem de voltar para dormir no local.
O vendaval causado pelo novo ciclone, nesta semana, destelhou algumas moradias e deixou diversos pontos sem energia elétrica. Mais uma vez, algumas comunidades estão isoladas, como a da Pedra Branca e Alta Pedra Branca. O motivo é que há cinco pontes nessas localidades, sendo que três estão destruídas.
A Barragem do Fofonka teve problemas, e a travessia do local está interrompida. A ponte do Arroio do Carvalho, situada na RS-030 e que delimita os municípios de Caraá e Santo Antônio da Patrulha, teve rompimento no recente acesso feito pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Não é possível passar pelo trecho.
Quem sai de Santo Antônio da Patrulha em direção a Caraá possui duas opções: o acesso ao Arroio do Carvalho pela ponte Senhor Darci Jacob, em direção ao pórtico do município, ou a passagem do Arroio do Passo da Forquilha, no sentido ao Morro da Laje. Os acessos estão com trechos enlameados.
As aulas municipais estão suspensas até a situação ficar sob controle. A Defesa Civil do município e o Corpo de Bombeiros auxiliam os desabrigados e distribuem lonas.
Saiba mais
A prefeitura de Caraá aguarda por recursos estaduais e federais para reconstruir o município. Em 17 de junho, o governador Eduardo Leite e os ministros Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) sobrevoaram o município, quando puderam ver o rastro de destruição causado pelo ciclone extratropical anterior.
Na ocasião, até um carro parou em cima de sepulturas no cemitério Pedro Freiberger. As imagens correram o país inteiro.
Por GZH