Foi montada, na quarta-feira (5/6), a primeira casa emergencial para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Com a ajuda do Exército Brasileiro e da Agência das Nações Unidades para Refugiados (Acnur), a unidade foi instalada em Canoas, na Região Metropolitana, no local onde funcionará um dos Centros Humanitários de Acolhimento (CHAs) projetados pelo governo do Estado.
As unidades vão proporcionar melhor acolhida e mais privacidade às famílias que ficaram desabrigadas em razão do desastre de maio, servindo como uma solução transitória entre os abrigos emergenciais e as moradias definitivas.
A iniciativa integra o Plano Rio Grande, programa de reconstrução, adaptação e resiliência climática do Estado que visa planejar, coordenar e executar ações para enfrentar as consequências sociais, econômicas e ambientais da enchente histórica.
Coordenador do gabinete de crise e à frente do projeto dos CHAs, o vice-governador Gabriel Souza destaca que a parceria da Acnur se soma aos esforços do Estado para viabilizar os espaços, e que as unidades habitacionais serão fundamentais nesse processo. “Recebemos, nos primeiros dias após o início da calamidade, o contato da Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados e, desde então, temos trabalhado de forma colaborativa para que possamos instalar os Centros com a maior agilidade possível”, ressaltou.
A primeira casa modular foi erguida durante treinamento realizado pela Acnur com um grupo de dez militares para explicar como deve ser feita a montagem. Durante a capacitação, a equipe instalou a moradia do zero, desde a abertura das caixas utilizadas para o transporte de seus componentes até a colocação de bases, teto, paredes, janelas e porta.
Nesse primeiro exercício, a montagem levou seis horas, com instruções passo a passo. Contudo, à medida que as equipes ganharem experiência, o trabalho se tornará cada vez mais ágil. Segundo Patrícia, um grupo de seis pessoas conseguirá montar a casa em até quatro horas. A ideia é que um grande número de militares possa instalar várias unidades ao mesmo tempo.
A Acnur doou, no total, 208 casas modulares ao Rio Grande do Sul. Dessas, 108 já se encontram no território gaúcho, e as outras 100 estão em trânsito. Das 208, oito vieram de Boa Vista, capital de Roraima, e as demais são provenientes da Acnur na Colômbia. De lá, os materiais vêm de avião pela rota Bogotá–Santiago–Guarulhos e depois seguem por via terrestre até Porto Alegre.
Os componentes para montar cada unidade são transportados em duas caixas, que pesam 80kg cada uma.
Adaptável a vários contextos de emergência humanitária, o projeto foi feito de forma colaborativa entre Acnur, a empresa social Better Shelter e a IKEA Foundation. Atualmente, há unidades sendo utilizadas na América do Sul, Europa, África e no Oriente Médio.
No Brasil, o modelo é empregado já há alguns anos para receber imigrantes venezuelanos em Roraima, onde serve como moradia e também escola, posto de saúde, clínica e outras estruturas de apoio. Nas Américas, unidades desse tipo também foram muito utilizadas no período da pandemia de Covid-19 para montar hospitais de campanha.