Memórias da Aldeia – Sonhando

Por Enori Chiaparini

 

Dezembro é o momento mais sensível para os nossos corações. As lembranças voltam vivas e incandescentes. A Terra Natal tem uma força telúrica indomável. Quando chego em Gaurama, sinto que alguma coisa acontece em meu coração…

Lá passei minha infância e juventude. Em cada esquina de cada rua, mil recordações… Amigos, colegas, festas, bailes, aniversários, noivados, casamentos, muito violão com a galera. Lembrei-me agora do Conjunto gauramense Jazz Alvorada, tocando em junho de 1972 no pátio do Ginásio Libano Alves de Oliveira. Na apresentação o guitarrista e vocalista “Casebre”, assim se manifestou:

– Nós pedimos escusas se a nossa música não for do agrado de todos, e saiu cantando: Angela-lá -lá, há mais ninguém eu hei de amar…

Todos extasiados apreciando o Scoton, na bateria, Elmar, no orgão eletrônico, Helfestein no piston. Vivíamos um sonho bom que parecia nunca ter fim. O Lonir, Bica e eu, ficávamos apreciando os conjuntos musicais no Gauramense, Paroquial e Aliança.

Um dia de 1969 o conjunto musical de Pato Branco, Los Cometas, tocaram no Aliança. O cantor interpretou a música do Agnaldo Timóteo, Os verdes campos de minha terra… As meninas tiveram um surto de lágrimas e estragaram a maquiagem. Pureza, encantamento, romantismo, brotos apaixonados, juventude, vida, paixão, intensidade, sentido, Corro demais só pra te ver meu bem…

AGE(Associação Gauramense de Estudantes) e os bailes com os Ipanemas e The Crazy Boys…são restos de um poema que eu não soube concluir. Viajar e sonhar por Gaurama é uma volta grande que a gente faz, são retalhos vivos de sonhos intensos…Falei tudo isso…Podia ter dito em apenas uma palavra, saudades