Medidas para baratear comida demoram e não beneficiariam Lula neste mandato, diz economista

Preços dos alimentos vão continuar em alta em 2025, prevê o economista André Braz, coordenador de Índices de Preços na Fundação Getúlio Vargas. Segundo ele, o governo está correto em querer agir para mudar esse quadro, mas políticas efetivas só vão gerar frutos no médio a longo prazo.

O governo Lula deve agir para conter a alta dos preços dos alimentos, mas se tomar as medidas que precisam de fato ser tomadas, não deve colher os frutos disso ainda neste mandato, já que são políticas com impacto de médio a longo prazo.

Essa é a avaliação de André Braz, coordenador de Índices de Preços na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e um dos principais especialistas em inflação do país.

“O assunto é urgente, mas o aumento do preço dos alimentos não aconteceu de ontem para hoje”, observa Braz, lembrando que a inflação de alimentos acumulada desde 2020 é de 55%, comparado a uma inflação geral de 35% neste mesmo período — uma diferença significativa.

“Estamos correndo o risco de ter mais um ano — 2025 — com a inflação de alimentos acima da inflação média, sendo o Brasil um dos maiores produtores de alimentos no mundo”, afirma.

“Então, dizer que uma solução fácil vai resolver esse problema, não vai. Taxar exportações ou criar uma política diferente para o vale-refeição não vai resolver o problema da alimentação”, diz o economista, citando algumas das medidas que vêm sendo debatidas nas últimas semanas, em meio à preocupação crescente do governo Lula com o preço da comida na mesa dos brasileiros.

A inflação de alimentos fechou 2024 em alta de 7,69%, bem acima do avanço de 4,83% da inflação geral, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Itens essenciais como café (que ficou 39,6% mais caro no ano passado), óleo de soja (29,2%), carne (20,8%) e leite longa vida (18,8%) puxaram a alta de preços, apontada por analistas como um dos principais fatores na recente perda de popularidade de Lula.

Por: Por Thais Carrança BBC News