A abertura oficial da discussão da união do chamado “centro democrático”, retirando a pré-candidatura própria ao governo do Estado para apoiar Eduardo Leite (PSDB), pode configurar um momento inédito para o MDB gaúcho após a redemocratização. O partido nunca deixou de ter cabeça de chapa na corrida pelo Palácio Piratini em dez eleições até aqui. Da dezena de pleitos em que teve protagonismo, a sigla elegeu o governador quatro vezes, tendo chegado ao segundo turno em outras três oportunidades.
Embora a decisão final deva ser tomada somente na convenção partidária, prevista para o próximo dia 31, mesma data do encontro dos tucanos, a dobradinha, que já ocorreu nos pleitos de 1994 e 2002, porém com a inversão dos cargos na chapa, já que nas duas ocasiões foi o MDB que elegeu o governador, ficando o PSDB com o vice, é tratada como uma tendência. Caso isso ocorra, o União Brasil, que já declarou apoio ao ex-governador e recebeu a prioridade para definir o postulante à vice, abriria mão do posto. Internamente, isso não é visto como um impeditivo para a composição com os emedebistas.
Fundado em 1980, o MDB disputou o governo do Estado pela primeira vez em 1982. Na ocasião, Pedro Simon foi o candidato, sendo derrotado por Jair Soares, do PDS (atual PP). Simon voltaria à disputa quatro anos depois, em 1986, dessa vez conquistando pela primeira vez para seu partido o posto de governador do RS. Em 1990, José Fogaça não conseguiu manter a sigla no cargo, ficando atrás de Alceu Collares (PDT), que seria eleito, e de Nelson Marchezan (PDS), que ficou em segundo.
Em 1994, o jornalista Antônio Brito, que foi porta-voz de Tancredo Neves, foi o escolhido do partido. Ele foi eleito no segundo turno, derrotando Olívio Dutra (PT), na primeira vez em que o MDB formou chapa com o PSDB, partido do vice Vicente Bogo. Quatro anos depois, em 1998, Britto buscava a reeleição, mas dessa vez Olívio é quem levou a melhor no segundo turno, sendo eleito. A segunda chapa MDB-PSDB chegaria ao governo novamente em 2002. Considerado “azarão” naquelas eleições, Germano Rigotto chegou ao Piratini com o na época tucano Antônio Hohlfeldt como vice.
No pleito seguinte, o de 2006, os tucanos tiveram candidata própria e elegeram Yeda Crusius, primeira e única mulher a ocupar a cadeira. Rigotto, que tentava a reeleição, não figurou nem mesmo no segundo turno, que teve Olívio como adversário de Yeda. Em 2010, Tarso Genro (PT) foi eleito no primeiro turno, não dando chance para MDB e PSDB que ficaram respectivamente em segundo e terceiro na corrida com Fogaça e Yeda. Os emedebistas chegariam pela última vez ao poder em 2014 com José Ivo Sartori, batendo Tarso em uma eleição na qual os tucanos apoiaram Ana Amélia Lemos, então no PP, não figurando nas principais posições da chapa.
Nas últimas eleições, a única vez em que os dois partidos se enfrentaram em um segundo turno de forma direta. Sartori foi derrotado por Leite, que agora pode receber o apoio do MDB, na corrida eleitoral. Embora o partido tenha sido base do seu governo, o clima da última campanha acirrou os ânimos entre as legendas, o que ainda é apontado como um entrave para que figuras importantes da sigla corroborem o desejo da nacional e de uma parte dos seus núcleos.
Fonte: Correio do Povo