Nasci e cresci ouvindo da minha avó e dos meus pais que, Marcelino Ramos era uma cidade que, no mês de setembro era local mais sagrado e de fé do Sul do País, pela realização da Romaria de Nossa Senhora da Salette. Me recordo como se fosse hoje, todos os preparativos em torno da Romaria com programação religiosa e celebrações que envolvem missas e procissões.
Há mais de 80 anos, sempre na véspera das Romarias era possível ver milhares de pessoas vindas dos mais diversos lugares. Eram caravanas que partiam de Erechim e região além de outros municípios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. E para chegar até o altar da santa, os fiéis usavam trem, carro, ônibus, bicicletas e alguns chegavam a percorrem quilômetros a pé, numa longa e exaustiva caminhada até Marcelino Ramos.
A romaria também movimenta o comércio. Mas o que preocupa é que o público nos últimos anos tem diminuído significativamente em Marcelino Ramos e vem ocupando espaços que antes eram só dos religiosos. São muitos vendedores ambulantes que comercializam imagens, terços entre outros itens, que vão desde eletrônicos até frutas. Marcelino Ramos está deixando de ser a capital da fé e das romarias do Sul do Brasil, e se tornando um grande festival brasileiro de vendedores ambulantes. É necessário uma comunhão de esforços entre autoridades e população e que não se perca a fé.
Por Egidio Lazzarotto