A solenidade de abertura contou com a presença do Prefeito de Ipiranga do Sul, Mário Luiz Ceron; do presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Sidnei Beledeli; do presidente da ACCIAS, João Carlos Oleksinski de Andrades; do representante da Associação dos Engenheiros Agrônomos da Regional Getúlio Vargas; do gerente regional da Emater Ascar-RS, Gilberto Tonello; do Coordenador do Curso de Agronomia da Faculdade Ideau, Professor Mestre Ronaldo Meireles; e do diretor de agronegócio da ACCIAS, Luiz Carlos Silva.
O evento também contou com a presença do diretor financeiro da Farsul, Jorge Rodrigues; do vice-presidente da Sicredi Estação, Ademir Simioni; e representantes das empresas patrocinadoras: Stoller (Patrocinador Ouro), Sicredi, Pioneer, Adubos Coxilha, Roundup, Bayer, Cotrijal e Faculdades Ideau.
A primeira palestra foi com o tema “Lucratividade atrelada à escolha da cultivar”, com a engenheira agrônoma Kassiana Kehl, Mestre em Ciência e Tecnologia de Sementes pela Universidade Federal de Pelotas, gerente da unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes de Passo Fundo. Ao falar sobre os fatores que interferem na lucratividade do produtor, a palestrante citou o clima, o solo, o manejo e a cultivar. Segundo ela, existem mais de 1.500 sementes legalizadas, sendo importante levar em conta, na hora da aquisição, o rendimento, o ciclo, o nível tecnológico e os sementeiros. Ela defendeu que as melhores cultivares sempre darão maior liquidez na lucratividade. Kassiana apresentou estudos sobre as cultivares mais produtivas na região e o desempenho das cultivares de soja indicadas para o Estado.
FERRUGEM MENOS SENSÍVEL AOS FUNGICIDAS
A segunda palestra foi com o engenheiro agrônomo Dr. Carlos Alberto Forcelini, Doutor em Fitopatologia pela Universidade da Flórida e Professor da UPF, que falou sobre “Manejo de doenças foliares em soja sob a ameaça crescente da resistência aos fungicidas”. Segundo ele, as doenças que afetam a cultura não mudam, mas sim a intensidade com que elas atacam em cada ciclo. Ele apresentou resultados de estudos de lavouras tratadas com fungicidas e sem fungicidas e as diferenças associadas ao controle das enfermidades. Apresentou um comparativo da ocorrência da ferrugem, de 2010 a 2016. Conforme sua avaliação, como este ano não houve um inverno tão frio, a primavera foi mais quente e o verão deverá ser mais quente, provavelmente a ferrugem poderá ser mais intensa nesta próxima safra. Forcelini também abordou as mudanças na eficiência dos fungicidas e aconselhou quatro aplicações de fungicidas para atacar as doenças.
Ao finalizar, Forcelini apresentou os desafios da próxima safra. Segundo ele, a ferrugem seguirá forte e perigosa. Alguns fungicidas com resistência e novos fungicidas somente estão previstos para 2015. Portanto, o controle da ferrugem depende dos fungicidas atuais. Para ele, a solução é integrar mais estratégias e produtos.
Segundo Forcelini, as principais estratégias de manejo para atacar as doenças da soja são utilização de reforços com outros fungicidas, ajustes no posicionamento das aplicações, redução da ferrugem na entressafra, utilizar cultivares com resistência e cultivares precoçe, semeadura antecipada e tecnologia de aplicação.
CONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO SOLO
Antes do intervalo para o almoço, o palestrante foi o Doutor em Ciências do Solo e Professor Titular da UFSM, Telmo Jorge Carneiro Amado, que abordou as “Inovações no manejo do solo para elevadas produtividades”. Segundo ele, os materiais genéticos estão dissociados das condições de solo. Embora o ciclo da cultura tenha diminuído, a demanda por nutrientes não. Por isso, na sua avaliação, o desafio é trabalhar com níveis de fertilidades mais altos. Ele apresentou o que o vencedor de produtividade de soja (CESB – Comitê Estratégico Soja Brasil) utilizou em sua lavoura para chegar à produtividade de 149,08 sacas por hectare. Mostrou o sistema de produção adotado e os fatores chave para o sucesso que, segundo ele, tudo começa com a construção da fertilidade do solo.
No retorno do almoço, quem usou a palavra foi o representante da Stoller, patrocinador ouro do IV Fórum Norte Gaúcho da Soja, Marlon Almeida. A Stoller é líder mundial em fisiologia e nutrição vegetal, que desenvolve soluções que visam o aumento de produtividade, contando com representantes em mais de 50 países. Marlon apresentou um trabalho que comprova o aumento da produtividade na região e conta com excelentes resultados junto às conquistas dos prêmios de produtividade, estando presente com seus produtos entre os 10 melhores.
CONCURSO DE PRODUTIVIDADE FÓRUM NORTE GAÚCHO
Uma novidade foi apresentada nesta edição do IV Fórum da Soja: o lançamento do Prêmio Produtividade Fórum Norte Gaúcho. A proposta é premiar os sojicultores da área de abrangência do Sindicato Rural de Getúlio Vargas que obtiverem os melhores índices de produtividade. A comissão julgadora será formada por representantes das entidades que organizam o Fórum Norte Gaúcho com a chancela da Emater Ascar-RS e os vencedores serão anunciados na próxima edição do Fórum, no ano que vem. A novidade foi apresentada pelo assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar de Erechim, Nilton Cipriano Dutra de Souza e por Luiz Carlos Silva.
MERCADO ATUAL E FUTURO DA SOJA
O economista da Farsul, Ruy Augusto da Silveira Neto, fez uma análise do mercado da soja no Brasil e no mundo, em 2017, e apresentou projeções para 2018, analisando a longo, médio e curto prazo o comportamento da commodity, pois é uma mercadoria de importância mundial, que tem seu preço determinado pela oferta e pela procura internacional. Segundo ele, conforme projeção do consumo mundial de soja em grão, em 2026, haverá uma demanda de 78 milhões de toneladas de soja. O aumento da demanda da Ásia, entre 2016-2026 será de 64%, ou seja, 49,51 milhões de toneladas de soja; na África, 2,5 milhões de toneladas, ou seja, 3%; nas Américas, 24,3 milhões de toneladas, 31%; e na Europa, 1,54 milhão de toneladas, ou 2%.
Analisando o mercado da soja no mundo, a curto prazo, apesar do aumento esperado para a área plantada, a produção deve reduzir 1% em 2018. O economista falou que em 2017, os EUA deve apresentar uma safra recorde de 117 milhões de toneladas. O Brasil, segundo ele, deve atingir produção de três dígitos. As quedas projetadas para 2018 devem ser resultantes de produtividade menor.
Para ele, do lado da demanda, o mercado de soja deve seguir aquecido com aumento esperado de 4%, em 2018. A China deve seguir liderando o aumento do consumo. Na sua análise, o crescimento de 7% estimado para a China segue sendo um percentual elevado, representa 6 milhões de toneladas. Conforme comentou, em 2017, a oferta superou de maneira significativa o consumo, porém, em 2018, a oferta e a demanda devem se igualar.
Entretanto, Ruy afirmou que mesmo com o desaquecimento esperado para a produção, as exportações devem continuar crescendo. Sua projeção é de 2017 a 2018, mais 3,5%. De acordo com o especialista, em 2017, o Brasil e os Estados Unidos devem apresentar grandes aumentos da quantidade exportada, uma vez que ambos os países devem ter safras maiores. Conforme sua projeção, em 2018, o Brasil deve seguir no posto de maior exportador mundial, apesar da queda estimada para a produção.
Com relação à importação, em 2018, a China deve aumentar sua importação em 3%, se comparado com 2017. Percentual abaixo da média observada nos últimos cinco anos, que foi de 9% ao ano, mas, mesmo assim, representa 3 milhões de toneladas.
Ruy afirmou que, em 2017, os estoques de soja devem crescer, estimulados pelas safras recorde nos EUA e Brasil, principalmente, crescendo, de 2017 a 2018, mais 1,6%. Os EUA devem dobrar seus estoques em 2017. Apesar do aumento das exportações brasileiras, esperado para 2017, se estima um aumento de 37% dos estoques finais. Em 2018, a queda da produção no Brasil deve fazer com que os estoques se reduzam a fim de atender as exportações.
Falando sobre preço, o economista revelou que a expectativa de estoque é 23% maior, sendo principalmente estimulado pelo mercado nos EUA, o preço do Bushel se encontra em patamar 3% inferior que o mesmo período. A projeção de estoques maiores em 2018 já apresentou alteração na tendência dos preços.
No Brasil, a curto prazo, a projeção é que o aumento da área plantada e da produtividade devem possibilitar uma safra recorde, ultrapassando 100 milhões de toneladas. Em 2018, apesar do aumento de 2% esperado para a área plantada, a produção deve reduzir. Com a expectativa de melhora da economia, o consumo da soja deve crescer 3,9%, afirmou o palestrante. Segundo ele, em 2018, o consumo deve seguir sua trajetória de aumento. Com relação a produção e consumo interno, ele garantiu que neste ano, o excedente de produção deve ser maior. Em 2018, deve reduzir, mas ainda permanecendo em patamares elevados.
Analisando a exportação, o Brasil deve prosseguir na posição de maior exportador. O aumento de 15% deve ser possível graças à expectativa de safra recorde. Em 2018, apesar da projeção de menor produção, as exportações devem seguir se expandindo, com expectativa de mais 2%. Os estoques finais devem ser 37% maiores neste ano, mesmo com as exportações crescendo. Em 2018, com a projeção de produção menor e exportações crescentes, o estoque deve reduzir em quase 10% para suprir a demanda externa. Conforme relatou o economista Ruy Augusto da Silveira Neto, o preço da saca no mercado internacional caiu 6%, comparando o mês de agosto de 2017 com o mesmo mês no ano passado. No Rio Grande do Sul, os preços tiveram queda de 14% no mesmo período.
PROTEÇÃO DE PREÇOS DE SOJA
Encerrando o Fórum, o trader de Mercado Físico e Futuro de Commodities, Miguel Biegai Júnior, falou sobre “Estratégias de comercialização da Safra 2017/2018”. Ele iniciou apresentando os fatores que afetam a rentabilidade do produtor: custo de produção, produtividade, impostos e juros. Ao falar sobre as estratégias de comercialização comparou o método tradicional com a utilização de ferramentas de gerenciamento de riscos de venda.
Abordou o mercado de opções, como participar de uma alta de preços da soja, mesmo já tendo vendido o produto e como proteger preços de venda da soja, sem necessariamente comprometer a entrega do produto. Falou sobre opção de seguro negociado em bolsas de futuros, que garantem preço de venda mínimo e uma participação de alta. Isso, negociando na Bolsa de Chicago. Falou como funciona e como o produtor pode fazer para se assegurar do preço da soja, em caso de queda e garantir em caso de alta.