Mais de 250 pessoas, entre produtores rurais, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, extensionistas da Emater/RS-Ascar, professores, acadêmicos e lideranças, participaram, na sexta-feira, 28 de abril, do X Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho realizado no Centro Comunitário Centenário, em Getúlio Vargas. Perspectivas mundiais de mercado, de produção e de consumo voltadas para o trigo e o milho, análises climáticas e econômicas, desafios para o agro, manejo de insetos e pragas e de doenças nas culturas do milho e do trigo marcaram o painel e as palestras técnicas do evento.
Além deste público, prestigiaram o X Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho os prefeitos de Erebango, Floriano Peixoto e Ipiranga do Sul, Valmor José Tomelero, Orlei Giaretta e Marco Antonio Sana, secretários municipais, vereadores, lideranças comunitárias e imprensa.
ABERTURA OFICIAL
O presidente do Sindicato Rural de Getúlio Vargas, Luiz Carlos da Silva, falou em nome das entidades organizadoras – Prefeitura de Getúlio Vargas, ACCIAS, Sindicato Rural, Associação dos Engenheiros Agrônomos dos Municípios do Alto Uruguai, Unideau e Emater/RS-Ascar. Ele agradeceu a participação de todos os parceiros, participantes, patrocinadores e comissão organizadora. Falou da comemoração dos 10 anos de Fórum Norte Gaúcho, lembrando que desde o início, a preocupação sempre foi levar para os produtores rurais palestras, informações com pessoas com profundo conhecimento e com isso promover aumento de rendimento nas lavoras e renda líquida das propriedades. Ao mencionar o slogan do Fórum que é a ‘A informação que gera renda’, salientou que “é isso que nos move”. Luiz Silva agradeceu a todas as pessoas que acompanham, ao longo destes 10 anos, o Fórum Norte Gaúcho, aos palestrantes, aos patrocinadores, apoiadores financeiros e institucionais, prefeituras envolvidas – de Getúlio Vargas e Ipiranga do Sul -, aos produtores e à comissão organizadora, assim como a imprensa.
O prefeito de Getúlio Vargas, Mauricio Soligo, enalteceu a importância de comemorar os 10 anos de Fórum Norte Gaúcho. “Fico emocionado ao lembrar de toda a história e quanto foi importante a presença do Paulo Silva, que foi um dos idealizadores do evento”, pontuou. Lembrou da organização do primeiro Fórum Norte Gaúcho do Milho. “Não sabíamos como seria, se as pessoas iriam aceitar, mas nós tínhamos convicção que era necessário fazer algo diferente para que a nossa região pudesse se destacar e, principalmente, pudesse agregar renda a todas as famílias de produtores da nossa região, assim como geração de emprego”. Soligo afirmou que os fóruns do Trigo, Milho e Soja estão contribuindo muito para a melhora da qualidade de vida das pessoas e no desenvolvimento de toda a região.
O prefeito ressaltou ser importante destacar que nossa região tem inúmeras potencialidades: “temos um comércio fantástico, indústrias de ponta, instituições financeiras que nos disponibilizam crédito, temos um sindicato atuante e preocupado com as questões que envolvem o agronegócio e a produção agrícola, temos um povo trabalhador, preocupado com a sua família, sua renda e com o sustento desse país. Nós como agricultores, sabemos que a cada dia que passa precisamos investir mais e produzir mais. E para isso é importante a busca da informação”, destacou, valorizando a realização dos fóruns para gerar renda e resultados.
Também participaram da solenidade de abertura, na sexta-feira, 28, o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Getúlio Vargas, Jairo Klein, o gerente do Escritório Regional da Emater/RS-Ascar de Erechim, Gilberto Tonello, o presidente da Associação dos Engenheiros dos Municípios do Alto Uruguai, Ronaldo Meirelles, e o representante do Centro Universitário Ideau, coordenador do curso de Agronomia Maurício Scariot.
HOMENAGENS
Com o objetivo de reconhecer as pessoas e instituições parceiras que estiveram e estão presentes desde a primeira edição do Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho, foram entregues placas de homenagens aos palestrantes Carlos Alberto Forcelini e Antonio da Luz e aos patrocinadores desde a primeira edição: Sicredi, Pioneer Sementes e Bayer. Segundo os organizadores, não se conseguiria alcançar sucesso se faltasse a colaboração, empenho e dedicação de todos que acreditaram no projeto. “Obrigado por fazerem parte desta história de desenvolvimento de nossa região”.
PAINEL ECONOMIA, MERCADOS E DESAFIOS PARA O AGRO
O X Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho iniciou com o painel Economia, Mercados e Desafios para o Agro, com o presidente da Farsul e vice-presidente da CNA, Gedeão Pereira, o Economista chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, e o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Folador.
Em sua manifestação, o presidente da Farsul lembrou que o Brasil pisou no mercado externo em 1997 e em 26 anos o nosso país continental saiu de importador de alimentos para o maior exportador líquido de alimentos do mundo. “Somos hoje a terceira maior agricultura do mundo e, em 2035, seremos a maior agricultura do mundo”, afirmou.
Gedeão Pereira fez uma contextualização do momento atual da agricultura, o programa duas safras, questão das invasões de terras, questão indígena, plano safra, dependência da produção para o mercado chinês, mercado comum europeu, logística, situação dos portos. “Estamos chegando nas gôndolas dos principais países do mundo”, falou, afirmando que isso é graças à qualidade dos nossos produtos.
RS É O 3º MAIOR PRODUTOR DE FRANGO
O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Luis Folador, explanou sobre o atual cenário e perspectivas da suinocultura e informações, números e cenários da avicultura do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Segundo Folador, o setor avícola do RS é responsável pela geração de atividades relevantes para o desenvolvimento socioeconômico do RS: 7.500 famílias de produtores integrados de frango de corte em plena atividade; 35 mil empregos diretos; 595 mil atividades indiretas, geração de empregos, serviços e produtos em outras áreas; 21 frigoríficos com Inspeção Federal –SIF, Inspeção Estadual – SIE e Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal – SISBI; 24 estabelecimentos produtores de ovos; 2 indústrias de processamento de ovos (líquido, em pó e derivados); 5 incubatórios, genética e recria; 7 fornecedores para avicultura; 40 fábricas de rações; 350 granjas de matrizes. A atividade avícola está presente em 260 municípios do RS, contribuindo com a permanência no campo e geração de renda para população e divisas para municípios.
O RS é o terceiro maior produtor de frango, seguido de Santa Catarina e Paraná. O RS representa 65% do total da carne de frango produzida no país.
Folador ainda colocou sobre a indústria e produção de ovos no Rio Grande do Sul, segundo ele, o aumento do consumo de ovos é resultado das frequentes ações promocionais de incentivo ao consumo, realizadas por Programa Ovos RS da Asgav. O RS produz aproximadamente 3.9 bilhões de ovos por ano; 2.755 toneladas de ovos exportadas em 2022; com consumo per capta acima da média brasileira. Em 2014, o consumes no RS era de 227 ovos per capta. Em 2022, 265 ovos per capta, aumento de 16,74%.
RS É O 2º MAIOR PRODUTOR E O 2º MAIOR
EXPORTADOR DE CARNE SUÍNA
Ao falar sobre a situação da suinocultura no Rio Grande do Sul, Valdecir Folador revelou que o número de suinocultores no Rio Grande do Sul é em torno de 8 mil, distribuídos em pequenas e médias propriedades rurais. Em 2022, foram produzidos o total de 11.150.849 suínos para abate. Em 2022, Getúlio Vargas produziu para abate, 18.704 cabeças, aparedendo em 157º lugar no ranking, onde constam 315 municípios.
Os principais destinos de exportação da carne suína brasileira no ano de 2022, conforme informações disponibilizadas pela ABPA, foram China, 62%; Hong Kong, 8%; Cingapura, 5%; Vietnã, 5%; Tailandia, 3%; e outros 18,2%.
O Rio Grande do Sul é o segundo estado maior exportador de carne suína – 26,72%, perdendo para-Santa Catarina – 51,63%. É o segundo maior produtor de carne suína do Brasil. Em 2022, a produção total de carne suína (equivalência carcaça) foi de 942 mil toneladas. O peso médio da carcaça foi de 94 Kg.
Com relação aos insumos, conforme comentou Folador, a CONAB publicou, no dia 13 de abril, o sétimo levantamento da safra 2022/23 sem alterações significativas nas projeções de colheita recorde de milho e confirmando a supersafra de soja em fase final de colheita. Milho e soja apresentam as cotações mais baixas dos últimos dois anos, sendo que a segunda safra brasileira de milho ainda se encontra em fase de desenvolvimento.
O Rio Grande do Sul tem em torno de 8 mil criadores de suínos distribuídos em pequenas e médias propriedades rurais, situados em cerca de 300 municípios gaúchos. A suinocultura gera cerca de 195 mil empregos diretos, indiretos e efeito renda.
Folador ainda fez uma radiografia da agropecuária gaúcha, o crescimento dos abates suínos no Brasil, estimative da demanda de milho para suinocultura em 2022, milho exportação e importação, consumo de carnes per capita, consumo mercado interno x mercado externo e a importância do trabalho da ABCS junto ao varejo consumidor correlacionado ao crescimento do consumo.
BRASIL: MAIOR EXPORTADOR DE MILHO DO MUNDO
O economista chefe da Farsul, Antonio da Luz, iniciou sua fala explanando sobre a situação atual do soja, fazendo uma reflexão sobre o tema. Afirmou que não imaginava o que está acontecendo com uma queda tão grande no preço. “Não esperava. Me surpreendeu”, argumentou. Segundo ele, o mercado mundial da soja está muito bem. Estamos nos encaminhando para mais um ano de crescimento forte de consumo. “A safra de 2023 será mais uma vez uma relação produção e consumo bem apertada. E deveremos terminar os estoques abaixo de 100 milhões de toneladas, ou seja, os fundamentos do mercado de soja estão bons. E quando vemos essa queda nos preços, constatamos que é reflexo de oferta e procura. O Brasil colheu 25 milhões de toneladas a mais do que o ano passado e está vendendo esta quantidade, com a mesma estrutura de armazenagem, de transporte, vendendo para as mesmas cooperativas, mesmas trades e transportando nos mesmos portos”, argumentou. Ele destacou ainda que a Argentina vai colher pouco, que os Estados Unidos colheram seis milhões de toneladas a menos e que a China voltará a comprar. Além disso, o estoque mundial está baixo.
Sobre o milho, Antonio da Luz afirmou que daqui a 45 dias entrará no mercado a maior safra de milho da história do Brasil, que vai precisar ser estocada na mesma estrutura do ano passado, assim como de transporte e que vai ser exportada – hoje o Brasil é o maios exportador de milho do mundo.
Sobre o trigo, segundo Da Luz, mudou o mercado e o trigo que passou a valer é de exportação. “Não devemos ser produtores de ocasião, temos que permanecer na produção para nos mantermos nos mercados internacionais, mesmo que não pareça tão sedutor o preço neste momento. Viramos um país exportador de trigo. Conquistamos o mercado lá fora, o preço exportação é um bom preço, só que passada a janela de exportação, virão os preços do mercado interno”, sentenciou.
MANEJO DE DOENÇAS
O professor Dr. Carlos Alberto Forcelini falou sobre “Manejo de doenças e posicionamento de fungicidas em trigo”. Abordou as principais doenças fúngicas como Ferrugem, Mancha-amarela, Oídio, Giberela e Brusone, fungos presentes nas sementes e no solo, tratamento de sementes com fungicida e inseticida, benefício dos fungicidas, virose do nanismo amarelo. Para ele, é determinante da produtividade começar bem e chegar bem. Falou sobre as aplicações de fungicidas, quando iniciar e em quais condições climáticas, resultados de ensaios e momentos para aplicação dos fungicidas sobre cada doença. Forcelini ainda apresentou programas de manejo.
Resumindo sua palestra, Forcelini argumentou que boa semente e bom tratamento resultam em planta bem estabelecida. Aplicação no perfilhamento é importante; reforço para oídio ou mancha nas primeiras aplicações; fungicidas mais concentrados trazem mais segurança, intervalos de aplicação: 15 a 17 dias e para a Giberela: aplicar na floração, antes da chuva; sequencial ou com reforço.
EL NIÑO EM DESENVOLVIMENTO
O meteorologista Flávio Varone palestrou sobre “Aplicações de tempo e clima como ferramenta de suporte ao setor agropecuário”. Segundo ele, o monitoramento e controle das condições climáticas iniciam no preparo do solo, passam pela semeadura, fases da cultura, colheita e pelo transporte.
Apresentou o Simagro – Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos -, que visa o monitoramento climático no Rio Grande do Sul, com a elaboração de produtos e informações para viabilizar o planejamento e atuar como suporte para medidas de curto, médio e longo prazo no setor agropecuário do Rio Grande do Sul. São 20 novas estações meteorológicas automáticas instaladas para adensamento da rede de sensores existente no Estado, utilizadas no monitoramento climático e no uso correto de produtos fitossanitários. O Simagro-RS também conta com modelos de tempo e clima, onde são gerados produtos agrometeorológicos para todos os 497 municípios do Rio Grande do Sul.
O Simagro-RS disponibiliza os produtos gerados por dois modelos meteorológicos, com resolução de 25 km e 3 km, respectivamente. O modelo regional, com resolução de 3 km e previsão de índices agroclimáticos para um horizonte para cinco dias. O modelo global, com resolução de 25 km, proporciona previsões para um cenário de até 15 dias. Todas essas informações são gratuitas.
Sobre o clima, Flávio Varone anunciou condição de neutralidade no Pacífico Equatorial: restante do outono com mais umidade e temperaturas baixas; períodos mais chuvosos em maio. Evento El Niño em desenvolvimento: aumento da precipitação – decorrer do inverno e primavera; com tendência de inverno normal, com períodos mais quente (veranicos); e previsão de primavera com chuva entre normal a acima da média.
MANEJO DE INSETOS E PRAGAS
Finalizando o debate sobre trigo e milho, o evento encerrou com a palestra do engenheiro agrônomo, Dr. em Agronomia, Mauricio Pasini, que falou sobre “Manejo de Insetos-praga na Cultura do Milho”. Apresentou resultados de pesquisas, fotos de lavouras infestadas e como realizar o manejo destes insetos e pragas, além de como monitorar a chegada destes insetos.
O representante do patrocinador Diamante do X Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho, Renan Fochesatto, também ganhou um espaço para falar sobre a empresa, a Bayer, que patrocina o Fórum desde a primeira edição. Após sua rápida explanação foram apresentados vídeos institucionais curtos resumindo a atuação da Bayer no agronegócio.
O X Fórum Norte Gaúcho do Trigo e do Milho encerrou com um almoço no local do evento.
Por Assessoria de Comunicação