O Estado do Rio Grande do Sul, possui hoje sessenta e quatro Municípios sem ligação asfáltica. Onze deles estão na região do Associação dos Municípios do Alto Uruguai “AMAU”. Os Estados de Santa Catarina e Paraná possuem ligações asfálticas em todos seus Municípios. Percebam a diferença.
Não fosse somente isto de o RS estar em desvantagem em relação a SC e PR, a região do Alto Uruguai com seus 11 municípios (Carlos Gomes; Centenário; Mariano Moro; Barra do Rio Azul; Itatiba do Sul; Benjamin Constant do Sul; Faxinalzinho; Entre Rios do Sul; Cruzaltense; Ponte Preta e; até mesmo Erebango) sem ligação asfáltica influencia, significativamente, para o não desenvolvimento da nossa região. Não temos asfalto, também, entre Aratiba/RS à Itá/SC e, Marcelino Ramos à Maximiliano de Almeida que representariam, simplesmente, o avanço no desenvolvimento local/regional. Em termos políticos os governos estaduais sempre se alternaram, o que significa dizer que todos os partidos não deram a devida atenção para nós.
Argumentar de que não existem recursos e de que o estado está endividado, neste caso, não resolve. O governante tem a obrigação de apresentar soluções efetivas e eficientes. No momento, o Governo Sartori diz estar “colocando o RS nos trilhos”. Me parece não ser bem assim. A renegociação das dívidas, amplamente divulgada e, pelo governo, aguardada, apenas e, simplesmente adia o pior, isto é, daqui a três ou, no máximo, seis anos, estaremos no mesmo patamar de hoje, acrescido dos valores deixados de pagar. Isto não é renegociar, isto se chama “protelar”. O tempo dirá.
No mais, Governo Estadual que não contempla uma região com, sequer, uma ligação asfáltica em um dos municípios acima indicados, nos seus quatro anos, tenho como governo que não deu a mínima atenção para nós. Gostaria que a sociedade da região do Alto Uruguai refletisse sobre isto e, especialmente, os cidadãos que pertencem aos municípios excluídos do desenvolvimento. Um governo tem de dizer a que veio. Alguns, repetidamente, dizem que isto representa a falta de representação política. Até pode ser, mas antes, é necessário que um governo administre com equidade para todos, independentemente de suas forças políticas, sob condição de uma região igual a nossa, com baixa densidade eleitoral, estar sempre fora do mapa do desenvolvimento, como a muito tempo vem ocorrendo.
O Governador esteve poucas vezes na nossa região, em seus três anos e quatro meses de governo. Lembro de sua estada em Erechim quando da passagem simbólica dos frigoríficos para seu novo proprietário que os adquiriu em leilão judicial. Convidam o governador para eventos, apenas simbólicos, pois até as pedras sabiam que as atividades dos frigoríficos continuariam independentemente das suas aquisições ou, não. Devem os lideres empresarias, mas, especialmente os líderes políticos da região convidar e procurar trazer o nobre governador, para pedirmos asfalto, não para festejos.
Nos dias e momentos atuais vejo como inimaginável um empreendedor se estabelecer em município que não possui ao menos uma ligação asfáltica. Então como pensar um líder político (prefeito) desses municípios poder atrair investimentos. Praticamente impossível. Esta é a razão de que devemos envidar esforços -lideranças de todos os segmentos da sociedade- para pedirmos as ligações asfálticas que se apresentam tão importantes como saúde e educação. Desenvolvimento, como regra, significa melhora na qualidade de vida dos seus, já que a região gerará mais riqueza.
As eleições se aproximam e, certamente, os políticos aparecerão pedindo por votos, o que é fato normal, legal e, acima de tudo constitucional e do nosso sistema democrático. Porém, não devemos esquecer de indagá-los sobre: “o que mesmo fizeram nos últimos quatro anos para pleitear asfalto para nossa região”? Certamente muitos serão reprovados. E, com a reprovação deles, ressurge esperança de que haverá renovação significativa, isto é, não votar em quem já é, especialmente por não termos sido contemplados com, sequer, uma ligação asfáltica em quatro anos. O reflexo disto tudo atende por um nome “má gestão governamental”. Não é crível, nem razoável que não tenhamos sido contemplados com ao menos uma ligação asfáltica, na região do Alto Uruguai.
E, no que tange a denominada má gestão, tenho que em algumas secretarias estaduais ela prevaleceu, mais por equívoco de quem nomeou do que a pessoa do nomeado. Colocar na Secretaria Estadual dos Transportes um médico (Deputado Estadual Dr. Pedro Westphalen) e não alguém da área representa, ao meu ver, retrocesso, em termos de gestão. Seria o mesmo que eu ser o chefe de um centro cirúrgico, não daria certo, já que minha especialidade é a área tributária.
Não menos diferente ocorreu na Fazenda Estadual onde seu titular (Deputado Federal Senhor Giovani Feltes) sequer possui um curso superior completo. “Assim não dá”. Uma Secretaria Estadual, como a da Fazenda, tão sensível e complexa, em todos os sentidos, seria prudente por parte do governo, ter colocado pessoa que, efetivamente, entenda do tema.
Nisto tudo não há nenhum demérito nas pessoas, considerando suas idoneidades, suas representações políticas e, certamente vontade de acertar, mas somente vontade, não basta, necessário conhecer.
São por estas e outras atitudes que as administrações públicas carecem de eficiência. Pessoas erradas nos lugares errados. É que, geralmente, os agentes políticos pensam que resolvem tudo, com a política e, esquecem da necessidade de aliar com os conhecimentos técnicos, especialmente, em locais que a especialidade se faz necessário, como nos casos citados.
Num raciocínio óbvio, se a cada quatro anos seríamos contemplados com uma ligação asfáltica, mesmo assim demoraríamos quarenta e quatro anos para termos os onze municípios integrados no desenvolvimento regional. Muito tempo. Desta forma, reitero, não posso concordar com um governo que nem mesmo realizou uma ligação asfáltica. Não vejo justificativa plausível para o não atendimento de imprescindíveis obras. Penso que os eleitores, especialmente daqueles municípios excluídos do desenvolvimento, darão as devidas respostas, nas eleições de outubro.
Por Valdecir Moschetta