Lembranças de como era o PT em seu nascedouro

 

Por Guilherme Barp (Professor e advogado)

 

 

Bem me lembro como eram as atitudes e o modo de agir dos filiados ao PT na década de oitenta. Casualmente  eu era ainda professor no então renomado Colégio Estadual Professor Mantovani, desde15/3/1958 e fora eleito Vereador pelo PDT de Leonel de Moura Brizola, considerado, na época, por incrível que pareça, comunista, por alguns mal-informados da verdade histórica desse homem público, que tanta falta faz hoje em nosso meio. Imaginem os defensores dessa ideologia brizolista, como eram considerados pelos novos petistas, cheios de ideal, crentes que iriam salvar o país e o mundo, igualando todos como trabalhadores, à semelhança do paraíso de Cuba. Sim, porque Cuba era o modelo que todos deveriam copiar para estabelecer uma igualdade social sem par na comunidade onde cada um se inseria. Posso afirmar como testemunha ocular dessa época, porque, como Vereador, via adentrarem no plenário da Câmara de Vereadores de Erexim, pessoas filiadas ao PT, vindas do interior, com cabelos desgrenhados, chinelos de dedo, sujos e com roupa até rasgada, querendo demonstrar que tudo deveria mudar, que era imprescindível transformar a sociedade e empurrá-la, para que todos se sentissem bem nesse novo modelo de convivência social. Mas eu, apesar de ter sido convidado a ingressar nesse novo partido, pensava e analisava comigo mesmo: Isso não pode dar certo. Todos trabalhadores? Como assim? Mas para me certificar participei, como Vereador, das caminhadas que alguns sacerdotes católicos promoviam no dia 7 de setembro e vi que tudo estava impregnado de PT. Participei também, para ver quem estaria na frente da Romaria da Terra em Tenente Portela e lá constatei, igualmente, que havia no ar uma onda a favor do PT. Depois disso, nunca mais participei, apesar de sentir vontade de ir e conhecer lugares novos, mas a sombra do PT no horizonte, me impediu   E os filósofos desse partido vibravam, ao ver que a juventude se sentia bem nesse jeito de aparecer. Até pareciam os novos hippies de idos tempos. Via carros com adesivos dizendo: “Eu optei, sendo as letras “p” e “t”  vermelhas, e você”? Era uma verdadeira avalanche nos meios de comunicação e, sobretudo, nos meios estudantis, através de professores simpatizantes desse novo partido, os quais sinalizavam que agora, sim, tinham chegado ao patamar em que a ética e a moralidade na administração pública no país seriam restabelecidas, caso o PT chegasse ao poder. Nessa fase de crescimento, o PT era uma oposição demolidora, destruidora. Nada do que existia servia para ele.

Os professores, então,  empolgados com essa nova filosofia de vida, não tiveram dúvidas, trocaram o nome de “Confederação Nacional dos Professores do Brasil” para, “Confederação Nacional dos Trabalhadores de Educação do Brasil”, mesmo sem amparo na Constituição Federal.  A crença nessa propaganda era tanta, que até padres católicos, religiosos e religiosas, sobretudo, se engajaram nele, afinal esse partido nasceu da batina de Dom Paulo Evaristo Arns, de saudosa memória.

Os partidários de outras agremiações políticas eram considerados párias ou de segunda classe, como dizia Paulo Brossard de Souza Pinto. Eu era olhado de soslaio e até vaiado em público por alguns “trabalhadores em educação” acompanhados por alguns cupinchas filiados do PT, como o sou hoje deixado ao largo, pela classe conservadora, mal-informada da atualização da grafia das palavras e dos topônimos e alguns obtusos e covardes intelectuais de todos os setores da atividade humana, sobretudo os professores da Língua Portuguesa e o clero, em geral, porque defendo a cultura e a correta escrita do belo topônimo Erexim.

E, assim sustentado, esse partido foi engrossando suas fileiras, elegendo vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores, até chegar a eleger o Presidente da República e, ao chegar ao pote, se lambuzaram. Aqui em Erexim, até um padre católico acreditou tanto na ideologia desse partido que aceitou ser candidato a vice-prefeito pelo PT, na chapa de Waldomiro Fioravante. Não sei o que pensa hoje esse padre ao constatar os desmandos administrativos praticados por esse partido quando no poder, porque, ao lá chegar, montou todo um esquema de poder e não de salvação do país. Não quero dizer, com isso, que agora está tudo bem. Não, porque, simplesmente, parece que trocaram meia dúzia por seis. Mas que estancou a sangria dos roubos parece que sim, e que o país está voltando a  crescer, isso ninguém duvida. Porém não pensem que o PT está morto. Coadjuvado pelo novo P-“MDB”, ele apenas se refugiou, como cupim, em todos os setores da atividade humana, mormente em sindicatos.  Trabalha no âmago dos subterrâneos da sociedade, dos sindicatos e no meio estudantil, como formiga mineira, aguardando o momento de aparecer forte, para se apossar novamente do poder e, aí , sim,  salve-se quem puder, porque para eles, exemplo de governo está no modelo de Cuba, da Venezuela, do Equador e  da Bolívia, o resto é o capitalismo selvagem. Parece que querem matar a vaca e, assim mesmo, tirar o leite.

 

Nota: Erexim escrito pelo autor com“x”, baseado no Decreto-Lei Federal nº 5.168, de 13/1/1943 e a recente decisão da Academia Brasileira de Letras, Órgão Oficial que determina, em última instância, a correta escrita das palavras e dos topônimos.