Com 43 crianças acolhidas atualmente, a Associação Beneficente Lar da Criança Edir Bisognin Goelzer, é referência regional em acolhimento institucional. A instituição, que passou a se chamar oficialmente desta forma a partir de dezembro de 2021 por decisão em assembleia, teve à frente do cumprimento da sua missão, por 33 anos, de forma voluntária, a cidadã erechinense Edir Bisognin Goelzer, que faleceu nesta terça-feira (29), aos 90 anos. Essa homenagem em vida faz jus ao trabalho prestado por Dona Edir à instituição, levando carinho, amor e esperança as crianças e adolescentes sob os seus cuidados, muitas das quais puderam, a partir dali, e apesar das dificuldades, trilhar novos caminhos.
Embora a prioridade de atendimento seja para o município de Erechim, a instituição recebe crianças e adolescentes de toda a Comarca local e também de Getúlio Vargas. “Atendemos a comarca de Getúlio Vargas e toda a comarca de Erechim. Embora o maior número de protegidos seja do município de Erechim, a gente não atende só Erechim. Se temos vaga e o juiz autoriza, acolhemos também de outras cidades”, explica a coordenadora do Lar, Adriana Regina Secchi.
Atualmente, há crianças acolhidas oriundas de Estação, Getúlio Vargas, Barão de Cotegipe, Campos Borges e Constantina. Todas chegam ao lar por determinação judicial, após situações de vulnerabilidade social ou risco comprovado. “As crianças vêm pra cá por ordem do juiz, e aqui recebem tudo que uma família deve oferecer: cuidado, acolhimento, saúde, educação e apoio emocional”, destaca Adriana.
A estrutura do Lar da Criança é composta por uma equipe multiprofissional: assistentes sociais, dois psicólogos, psiquiatra, pediatra, pedagoga, além de colaboradores voluntários como neurologista e dentista. “Toda equipe é contratada e paga pelo Lar. Temos também mães sociais, cozinheira, lavadeira, secretária e assistente administrativa. É uma estrutura pensada para garantir a dignidade e o desenvolvimento de cada criança”, afirma a coordenadora.
A cada novo acolhimento, a equipe técnica inicia imediatamente um estudo da situação familiar e elabora um plano de atendimento que é apresentado ao juiz. A partir desse plano, a Justiça decide se a criança permanece acolhida, retorna à família de origem ou é encaminhada para adoção. “Trabalhamos para encontrar a melhor solução possível para cada um. Quando conseguimos reintegrar à família ou garantir a adoção, a sensação é de dever cumprido”, diz Adriana. No entanto, ela também relata situações delicadas: “Às vezes a criança é adotada e devolvida. As pessoas romantizam a adoção sem entender sua responsabilidade. É importante refletir se realmente se quer ser pai ou mãe, ou apenas cumprir um papel social.”
O processo de adoção segue os trâmites legais, com rigor e sem exceções. Os interessados devem se habilitar no Fórum e passam por uma triagem conduzida pela assistente social do Judiciário. “Quanto mais fechado o perfil escolhido, mais longa é a espera. Já tivemos casos de famílias esperando 10 ou 11 anos”, conta Adriana.
A rotina no Lar começa cedo. Todas as crianças estão matriculadas em escolas do município, desde a educação infantil até o ensino médio, além de participarem de projetos como escolinha de futebol e o programa Jovem Aprendiz. “Hoje temos adolescentes trabalhando no Fórum, no Master e na Fuzipar, por exemplo. É ilusão achar que todos vão ser adotados. Por isso, desde cedo, trabalhamos a autonomia e a independência financeira. Cada um tem uma conta que só pode ser acessada aos 18 anos, quando saem daqui”, explica Adriana.
O Lar da Criança atua como uma Organização da Sociedade Civil (OSC), em parceria com a Prefeitura de Erechim. Segundo a coordenadora da instituição, a prefeitura mantém um contrato para o acolhimento de crianças e adolescentes do município e desenvolve uma relação próxima com a entidade. “Temos uma parceria muito positiva. Sempre que precisamos, contamos com o apoio da Prefeitura, com quem mantemos um relacionamento muito bom e colaborativo”, afirma.
O prefeito de Erechim, Paulo Polis, reforça a importância do trabalho realizado pela instituição. “O Lar da Criança é mais do que um abrigo — é um espaço de acolhimento, reconstrução de vínculos e novas oportunidades. A parceria da Prefeitura com o Lar demonstra o compromisso com a proteção integral da infância e da adolescência. Seguiremos trabalhando para garantir que cada criança tenha a chance de um futuro melhor.”
Por Comunicação PME