Sicredi promove palestra sobre “Cenário do Agronegócio” no Dia de Campo da Olfar

Especialistas apresentaram tendências de mercado, formação de preço, produção mundial, projeção de taxa de câmbio e de preço de safras futuras

O Dia de Campo da Olfar, evento tradicional voltado para produtores rurais, contou com a participação ativa do Sicredi, que não apenas ofereceu um espaço de atendimento para apresentar soluções financeiras, mas, também, promoveu uma palestra estratégica sobre o cenário do agronegócio. O objetivo foi levar conhecimento técnico e insights de mercado para que os participantes possam tomar decisões mais assertivas em suas propriedades.

 

A palestra foi ministrada pelos assessores de agronegócio do Sicredi, Samara Luísa Madaloss e Dionatan Marcos Bertolini, que apresentaram uma visão detalhada sobre os desafios e oportunidades do setor, considerando aspectos como insumos, fertilizantes, tendências climáticas e projeções de preços para culturas da soja, milho e trigo.

SOJA: FATORES QUE DETERMINAM O PREÇO

O mercado da soja foi um dos principais temas abordados pelos especialistas. Segundo os palestrantes, três fatores essenciais determinam a cotação do grão: a Bolsa de Chicago, o prêmio de exportação e o câmbio. Samara destacou que “a soja é uma commodity globalmente negociada e sua precificação sofre influência direta dos estoques finais no mundo, da sazonalidade de oferta do grão e da variação cambial”.

Brasil, Estados Unidos e Argentina seguem como os maiores produtores do grão, sendo o Brasil responsável por 40% da produção mundial. O cenário atual indica uma leve tendência de queda nos preços da soja, impulsionada pelo período de colheita no Brasil, aumento dos estoques globais e condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento da cultura nas principais regiões produtoras. “Se olharmos para os estoques finais específicos da safra 2024/2025, vemos um volume recorde, o que naturalmente pressiona o preço para baixo”, explicou Samara.

No entanto quando olhamos para o sul do país, o cenário de estiagem que atinge o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso do Sul preocupa os produtores, pois deve afetar a produtividade. “Temos regiões que ficaram até 40 dias sem chuva, o que já nos dá sinais de que teremos impacto na colheita”, ressaltou a especialista em agronegócio do Sicredi.

Outro fator que pesa sobre a precificação da soja no Brasil é a capacidade limitada de armazenamento. Quando olhamos para a produção de grãos em sua totalidade, o Brasil possui um déficit estimado em 123 milhões de toneladas para a safra 24/25. Esse fator estimula a oferta do grão no momento da colheita, influenciando negativamente os prêmios de exportação brasileiros.

TRIGO: EXPECTATIVAS POSITIVAS PARA A CULTURA

A cultura do trigo foi apresentada como uma alternativa rentável para os produtores, principalmente diante da valorização da moeda estrangeira. O Brasil importa grande parte do trigo da Argentina, e a desvalorização do real torna o produto mais caro no mercado interno, elevando as cotações. “Com a frustração da última safra e paridade de exportação, temos uma visão de alta para os preços do trigo. Outro ponto positivo é a melhoria nas condições climáticas, que favorecem o desenvolvimento da lavoura e podem resultar em uma safra de maior produtividade”, avaliou Samara.

Segundo os especialistas, o trigo não só complementa a renda do produtor, como também melhora o perfil do solo e contribui para a diversificação da propriedade, reduzindo riscos e ampliando oportunidades.

MILHO: DEMANDA CRESCENTE E DESAFIOS NA SAFRA

O mercado do milho apresentou um cenário mais positivo em comparação à soja. Segundo Bertolini, a demanda pelo cereal está aquecida, impulsionada pelo crescimento da produção de etanol no Brasil. “As usinas de etanol estão se multiplicando, e a demanda por milho para esse fim é cada vez maior”, afirmou.

Entretanto, o plantio da safrinha apresentou o maior atraso da história, principalmente no Mato Grosso, o que pode impactar a produtividade e gerar oscilações de preços. “O milho é um produto essencial para o setor de proteína animal e a produção brasileira tem sido fundamental para atender essa necessidade crescente”, acrescentou Samara.

Os estoques globais de milho estão apertados, o que pode favorecer a valorização da commodity no decorrer do ano. “Se tivermos quebras significativas de safra, os preços podem subir ainda mais”, destacou Bertolini.

CENÁRIO DE INSUMOS

Além das projeções para os grãos, os especialistas abordaram o mercado de insumos, que também desempenha um papel fundamental na rentabilidade das atividades. O preço dos fertilizantes, que disparou durante a pandemia, apresentou quedas significativas e deve seguir estável ou tendência de baixa. “Os preços dos insumos estão diretamente ligados às commodities agrícolas, aos custos logísticos e ao câmbio. No momento, temos um cenário de maior equilíbrio, o que pode ser vantajoso para os produtores”, explicou Bertolini.

DECISÃO ESTRATÉGICA DE COMERCIALIZAÇÃO

Para finalizar a palestra, os especialistas reforçaram a importância de um planejamento estratégico na comercialização dos grãos. “O momento de vender é tão importante quanto o momento de plantar. Uma decisão errada pode comprometer toda a rentabilidade da safra”, alertou Bertolini.

O especialista encerrou afirmando que o Sicredi segue à disposição dos produtores rurais para orientações e soluções financeiras personalizadas. “Estamos aqui para apoiar nossos associados, oferecendo conhecimento, crédito e suporte para que eles possam crescer e prosperar no campo”, concluiu Bertolini.

O Dia de Campo da Olfar se consolidou como um espaço de troca de experiências e aprendizado e o Sicredi, mais uma vez, reforçou seu compromisso com o desenvolvimento do agronegócio e do produtor rural. A participação no evento aconteceu através de uma parceria entre as cooperativas Sicredi UniEstados e Sicredi Sul Minas.

Texto e foto: Ascom Sicredi