Inspire-se: O ano mais incrível da vida de Ana Laura

A estudante erechinense Ana Laura Montini Giaretta, de 18 anos, acaba de retornar de um período de 12 meses de intercâmbio na Europa – experiência que classifica como a ‘mais incrível’ de sua vida. Cheia de energia, Ana Laura, porém, é mais do que uma jovem destemida de sorriso fácil. Ela pode (e deve) servir, também, de inspiração para outros adolescentes (e até mesmo adultos) que sonham em conhecer outras culturas – e, quiçá, conhecerem melhor a si mesmos, algo que viajar propicia em cada esquina.

Em entrevista ao BV, Ana Laura – que está concluindo o ensino médio na URI e pretende cursar Direito (em local indefinido) – explica como fez para realizar seus objetivos, destacando a importância do Rotary Clube Erechim Paiol Grande e também do Distrito 4700 do Rotary neste processo. Detalhe: este é o segundo intercâmbio dela, que, aos 16 anos, já havia passado dois meses na mesma Áustria, que serviu de ponto de referência em sua mais recente passagem pelo Velho Continente.

Como se deu o processo de escolha do país e da família que te receberia? Qual foi a participação do Rotary nisso?

Meu caso foi um tanto peculiar. Na maioria das vezes, o estudante aplica para o intercâmbio através de um documento enviado ao Rotary de sua cidade e, em seguida, a escolha do país e famílias é feita em uma parceria com o clube hospedeiro. Eu, no entanto, já havia passado dois meses na Áustria graças ao Rotary Club Erechim Paiol Grande, pelo programa de intercâmbio de curta duração. Por já ter contato com a família no país, o segundo intercâmbio foi conseguido de maneira mais pessoal como uma espécie de favor, mesmo – o clube austríaco aceitou me receber de volta mesmo sem ter alguém que quisesse vir ao Brasil. O Rotary Club Erechim Paiol Grande e o Distrito 4700 foram, também, grandes parceiros nesse processo todo. Foi assim que consegui passar 1 ano vivendo a experiência mais incrível da minha vida.

Foi sua 1ª experiência internacional? Caso não tenha sido, como se deu a primeira – e, daquele momento até esta sua segunda viagem, quais mudanças mais te chamaram a atenção, em você e também em relação ao contexto da prática do intercâmbio?

Minha primeira viagem internacional foi aos 15 anos, para os Estados Unidos. Gosto de brincar que foi quando aprendi o real valor do dinheiro e, para entender o porquê, basta imaginar alguém que recebeu um cartão de crédito pela primeira vez ao viajar sozinha para bem longe. Aprendi bastante com a experiência e, aos 16 anos, passei dois meses na Áustria pelo intercâmbio de curta duração do Rotary. Até então, apesar de sempre ter sido muito curiosa, tinha um leve receio de avançar a lugares totalmente desconhecidos, o que foi superado em pouco tempo e comprovado no segundo intercâmbio. As vivências ajudam a perder esse medo. No fim, terminei o ano na Áustria saindo de casa com uma mochila de fim de semana nas costas, sem rumo certo e sem saber exatamente quando voltaria. Percebi que, como gosto de dizer, “você nunca está perdido, o mundo é a sua casa”.

Quantos meses você ficou fora? Além da Áustria, quais outros países visitou?

Nessa última experiência, morei exatamente um ano por lá. Tive a fantástica oportunidade de conhecer, além da Áustria, mais 8 países: Itália, Croácia, Eslovênia, República Tcheca, Alemanha, França, Mônaco e o Vaticano. As viagens foram feitas sozinha, com a host family (a família na casa de quem eu vivia) e com os intercambistas do Rotary que também estavam na Áustria.

Qual foi o principal aprendizado, marca ou lembrança que esta viagem te legou?

Com certeza foi a de que o mundo todo é a nossa casa. Com isso quero dizer que somos detentores de um hercúleo poder de adaptabilidade, do qual muitas vezes sequer nos damos conta. Ter a oportunidade de usufruir dele é extraordinário, e sou eternamente grata à minha família e ao Rotary por isso.

Como você percebeu a imagem do Brasil, hoje, perante o europeu?

A ideia que o europeu, em geral, tem do brasileiro é, infelizmente, triste, porém parcialmente justificável. Enquanto estive na Áustria, tudo o que vi sobre nosso país se resumiu a dois fatos: crise política e violência. É difícil ter uma opinião boa sobre um país de onde as notícias vêm dessa forma. Apesar disso, eles ainda nos veem como um povo muito alegre e otimista, além de sempre reconhecerem nossas belezas naturais. Em suma: um povo simpático em um país maravilhoso, porém mal administrado. Não posso negar a veracidade, por mais que a visão deles seja deturpada devido ao exagero. Como embaixadora do Brasil pelo Rotary, sempre tentei trazer o lado bom do país em todos os diálogos que tive, mas nunca mascarei realidades que de fato temos.

Se tivesse que escolher um dos países que você visitou para fixar residência, qual seria?

Pode parecer um pouco clichê, eu sei, mas me apaixonei pela Áustria e voltaria a viver lá tranquilamente – já está nos planos, inclusive. Em nenhum outro país que visitei encontrei tamanha organização e respeito às regras como ali. No entanto, a vivacidade do povo italiano, que, por sinal, falta aos austríacos, e o charme do país fazem com que eu considere a Itália também uma ótima candidata.

Que dica você dá para outros jovens que queiram fazer intercâmbio, ou, então, uma viagem internacional e não o fazem por medo, insegurança e até mesmo acomodação?

Honestamente? Vá! Fazer intercâmbio foi a melhor decisão que já tomei. Desde os nove anos, esse sempre foi meu grande sonho e a sensação de tê-lo realizado é impagável. Mas não é assim para todo mundo. Nesse ano, conheci as situações mais improváveis possíveis de como os intercambistas pararam ali – escutei cada história maluca! No fim das contas, porém, a conclusão é sempre a mesma: esse ano foi o melhor da vida de todos. Crescemos e amadurecemos muito, o que é notável dentro do próprio grupo, assim como o sentimento de gratidão de cada um. Viramos viajantes independentes, fluentes em um novo idioma e, acima de tudo, seres humanos mais tolerantes, com muitas vivências nas costas e histórias inusitadas para contar. Medo de situações novas é algo normal, além de que problemas existem tanto aqui quanto lá fora, então por que não tentar? A recompensa pode ser maior do que você imagina!

Por Salus Loch 

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