Infraestrutura operacional é obstáculo para voos entre Passo Fundo e Porto Alegre

Azul não tem previsão de data para retomada do trecho; LATAM e VOEPASS avaliam possibilidades

em avião e sem trem, para ir de Passo Fundo a Porto Alegre resta o ônibus. Ou uma aventura de carro que, dependendo das condições da estrada, barreiras e acidentes demanda de três e meia a quatro horas e meia. Em um confortável turboélice a viagem duraria apenas 40 minutos. A ligação aérea com a capital existia desde o final dos anos 1930. Da Varig à Azul, já voaram no trecho os modelos Junkers, DC-3, Curtiss, Avro, Bandeirante, Brasília, Caravan, Let-410 e ATR-72. Mas, afinal, por que não temos mais voos para a capital? A resposta passa pela infraestrutura operacional, prejudicada pelos nevoeiros e vento de través, além de fatores de adequação da malha das empresas. A Azul pretende retomar o serviço, enquanto outras estudam a possibilidade. Porém, ainda sem uma definição, continuamos na estrada.

 

O velho nevoeiro

O gerente de malha da Azul Linhas Aéreas, Vitor Cordeiro Silva, deixa claro o interesse da empresa em voar entre Passo Fundo e Porto Alegre. “Sim, temos estudos em relação a isso. É uma rota em que o perfil do cliente exige qualidade especialmente em relação aos horários”. Mesmo com boa ocupação e diante de um excelente potencial econômico, a empresa cancelou o trecho que era coberto pelo turboélice ART-72, que leva 70 passageiros. “Naquela época havia restrições para operações noturnas (javalis e outros animais na pista). Mas os nevoeiros foram responsáveis por provocar o cancelamento de Porto Alegre e, assim, ficamos apenas com os voos para São Paulo”. Esses fatores atrapalhavam a ida e a volta a Passo Fundo nos horários ideais, atendendo os interesses dos usuários, especialmente para aqueles que necessitam fazer o bate-volta.

 

Possível retorno

Em videoconferência com O Nacional e a assessoria de imprensa da Azul, Vitor citou como exemplo Joinville, onde após a instalação do ILS (sistema de pouso por instrumentos) a empresa aumentou as conexões. Sobre Passo Fundo, disse que “é necessário melhorar a operacionalidade. A largura da pista também influi, melhorou de 23 para 30 metros, mas o ideal seria 45 metros”. O gerente de malha não falou em datas, mas várias vezes enalteceu o mercado de Passo Fundo e região. Elogiou as melhorias, novo terminal de passageiros e pátio de aeronaves. E deixou escapar que a retomada para Porto Alegre “será com o ATR, inicialmente”. Só não disse quando!

 

Voos cancelados

Voos cancelados ou alternados acabam encarecendo as tarifas para Passo Fundo. “Um cancelamento tem três vezes o custo do voo. Além dos que vão para outra cidade (Chapecó, Porto Alegre…) têm as pessoas que não embarcaram e ainda a realocação de todos. O avião volta vazio para a origem e há mudanças na programação da malha. Esse custo vai para a cesta de Passo Fundo e resulta no aumento do preço das passagens. Os custos são repassados. Em locais com menos cancelamentos os preços são menores”, detalhou. Além disso, diante de a possibilidade de cancelar ou alternar, “o cliente já sabe e fica desconfiado que pode não dar certo (conexões, horários)”.

 


Vitor Cordeiro Silva: “melhorar a operacionalidade” -Foto: Arquivo Pessoal

Goiânia e Cuiabá

Passo Fundo brilha forte no radar da Azul. “Estamos atentos, pois oferece potencialidades”. Vitor informou que para melhor aproveitamento do potencial a empresa vislumbra voos noturnos para o Centro-Oeste. “Voos uma ou duas vezes por semana para Goiânia e Cuiabá”. Ressaltou que o aumento da concorrência em Passo Fundo é salutar e existe uma boa demanda. “Mais voos, aviões maiores é bom para todo mundo, em especial para a sociedade”.

 

Troca de avião

No próximo dia 02 de julho, começa a ligação Passo Fundo-Florianópolis. Estava prevista a utilização do novo Embraer E-2. Mas, por questões técnicas, a rota será cumprida pelo E-1 (195). “A operação em pistas menores ainda exige novos treinamentos”, explicou. A aeronave substitui gradativamente o modelo anterior. “É um avião longo, com 41,5 metros), muito silencioso e com mais entretenimento a bordo. Com capacidade para 136 passageiros atende as exigências do mercado de Passo Fundo. Com melhoras na infraestrutura operacional, certamente haverá mais voos”, concluiu.

 

Avaliações e indefinições

LATAM – “O foco da LATAM neste momento é realizar um crescimento sustentável de suas operações no Brasil. No último mês de março, a companhia inaugurou sua rota entre São Paulo/Guarulhos e Passo Fundo, e irá acompanhar de perto a demanda local. Com base nisto, avaliará futuramente a necessidade de outras rotas para o município”.

VOEPASS – “A VOEPASS informa que está avaliando várias oportunidades de expansão da malha regional, inclusive em Passo Fundo/RS, mas ainda não tem nenhuma definição ou confirmação de novos voos”.

GOL – Até o fechamento da matéria não conseguimos contato com o plantão de atendimento a jornalistas da Gol.

 

Por O Nacional

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