Índios acampados em Erechim querem apoio para retirar milícia de reserva

Índios acampados em Erechim querem apoio para retirar milícia de reserva

Um grupo de aproximadamente 50 indígenas montou acampamento ao lado do Ministério Público Federal em Erechim e espera receber apoio das autoridades para fazer a retirada de uma milícia que está provocando pânico na Reserva do Votouro, entre Benjamin Constant do Sul e Faxinalzinho.

Os índios chegaram a Erechim no início da noite de ontem e hoje pela manhã relataram um pouco da situação em que se encontra a reserva. “Chegamos aqui por volta das 19h, dormimos ao relento, mas hoje foi a primeira noite em meses que conseguimos dormir bem, sem medo de morrer”, contam.

Segundo eles um grupo na reserva estaria fortemente armado e “andando dia e noite com as armas em punho. Atiram a esmo contra pessoas e casas. Invadem as casas, dizem o que a gente pode ou não pode fazer, mandam ficar só dentro de casa e qualquer coisa, atiram, não importa se for em crianças. Parece aquelas favelas do Rio de Janeiro, que a gente vê pela televisão”. Eles alegam que já buscaram o apoio da Funai, porém nada foi solucionado.

Os acampados também querem justiça pela morte do indígena Vitor Hugo dos Santos Refey, de 22 anos, morto a tiros durante confronto ocorrido no interior da reserva, no último dia 08 de março. Na data, outros oito indígenas ficaram feridos.

“Fazem 60 dias que ocorreu a morte, a Polícia Federal já concluiu o inquérito, mas a gente quer que os culpados sejam presos, retirados da reserva e até agora nada aconteceu”.

 

Fuga

Um dos líderes do acampamento conta que para se deslocarem a Erechim, precisaram fugir da reserva. “Eles (milícia) guardam todas as saídas da reserva. Ontem (07) estavam dando muitos tiros, para o alto, contra as casas, então decidimos fugir, para proteger as mulheres e crianças, e buscar ajuda. Precisamos sair pelo meio da mata e ir deste jeito até São Valentim, onde conseguimos pegar um ônibus. Eles devem ter nos visto, mas ainda bem, nos deixaram sair”.

Outro apelo dos acampados é para que as pessoas façam as doações de alimentos para as crianças. “Temos miojo e outras coisas, mas aqui não temos onde fazer fogo. Então, se puderem nos dar sopas ou coisas assim, prontas, agradecemos”.

 

Por Alan Dias / Jornal Boa Vista

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