Inadimplência em contas de luz, água e telefonia atinge o maior patamar em cinco anos no RS

Além de comprometer a renda das famílias e o corte de gastos, esse movimento também afeta o comércio de bens duráveis

Renda em baixa, custo de vida em alta e atividade econômica tímida prejudicam o pagamento das contas básicas das famílias. O percentual de dívidas com luz, água, gás e serviços de telefonia e internet atingiu o maior patamar para um mês de agosto no Rio Grande do Sul nos últimos cinco anos, levando em conta a série histórica, desde 2019.

Em agosto, esse grupo ocupava 26,40% do total de débitos pendentes, segundo levantamento da Serasa. O dado preocupa porque mostra o estrangulamento do orçamento das famílias com itens do dia a dia, o que dificulta o controle e corte de despesas, segundo especialistas.

Além disso, afeta o comércio, com menos pessoas com renda disponível para bens duráveis diante do comprometimento maior com o essencial. Esse é o segundo segmento com maior parte do bolo de dívidas inadimplentes, perdendo apenas para bancos e cartão de crédito (veja gráfico abaixo).

O dado considera inadimplente a conta em atraso que já entrou nos bureaus de crédito. Entram no levantamento os segmentos de utilities — contas como energia elétrica, água e gás — e telecom — que abrange telefonia e internet. Em agosto de 2022, a parcela desse grupo dentro da inadimplência do Estado estava em 25,05% – 1,35 ponto percentual abaixo do nível observado neste ano. A série histórica da Serasa mostra uma escalada ante 2019. Em relação a julho de 2023 (26,92%), o dado de agosto mostra certa estabilidade.

Patrícia Camillo, gerente da Serasa, afirma que esse movimento ocorre diante de um ambiente econômico com renda prejudicada, que não é suficiente para honrar os custos básicos do dia a dia. Isso preocupa, porque mostra a dificuldade enfrentada pelas famílias na hora de manter o bem-estar e planejar o orçamento.

— Começa a ficar muito mais difícil o corte de gastos. Uma coisa é cortar o supérfluo. Outra coisa é fazer isso no básico, que influencia no bem-estar da família no dia a dia. É preocupante nesse sentido. Começa a ter menos margem de corte dentro do orçamento — explica Patrícia.

A especialista cita o ciclo composto por inflação alta, que corrói a renda das pessoas, e juro alto, que dificulta o acesso a linhas de crédito, como alguns dos fatores que ajudam a explicar esse cenário de inadimplência que também sufoca o gasto com serviços básicos.

Fonte: GZH

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